O número de casos de dengue em três meses deste ano, em Ribeirão Preto, já é superior ao do mesmo período de 2022 e a cidade já teme nova epidemia. Nos primeiros 90 dias de 2023, o volume de chuva bateu recordes no município. Somado à falta de atenção e cuidado da população, propiciou o surgimento de criadouros e a proliferação do mosquito Aedes aegypti – vetor da doença, do zika vírus e das febres chikungunya e amarela na área urbana.
Ribeirão Preto registrou 2.215 casos de dengue entre 1º de janeiro e 31 de março deste ano, 946 a mais que os 1.269 de todo o primeiro trimestre de 2022, alta de 74,5%. Este número representa 49,4% do total de 2022. Ainda há 6.752 em investigação contando com cinco dias de abril. Em março já são 1.055 ocorrências, 32 a mais que as 1.023 do mesmo período do ano passado, aumento de 3,1%.
Na comparação com fevereiro, quando 767 pessoas ficaram doentes, o recuo no mês passado chega a 37,5%. São 288 a mais. Abril já soma dois casos, totalizando 2.217 ocorrências em 2023. O número de casos de dengue no ano passado, em Ribeirão Preto, é 20 vezes superior ao total de 2021 inteiro. Entre 1º de janeiro e 31 de dezembro, a cidade contabilizava 7.487 vítimas do mosquito Aedes aegypti – vetor da doença, do zika vírus e das febres chikungunya e amarela na área urbana –, contra 360 de 2021.
Morte
São 7.127 a mais em 2022 e alta de 1.980%. A média de infecções no ano passado foi de 20 pacientes por dia na cidade, quase um por hora. Os números mudam todo mês. Além disso, o município confirmou a primeira morte em decorrência da doença em 2022, segundo a Secretaria Municipal da Saúde. A vítima é uma senhora de 65 anos portadora de comorbidades. Em 2021 não houve óbitos na cidade.
Em 2020, ocorreram onze mortes, mas um caso era importado de São Simão. No total oficial, Ribeirão Preto fechou 2020 com dez ocorrências fatais, sete a mais do que os três falecimentos de 2019, alta de 233,3%. O número de dez mortos pelo Aedes aegypti é o maior em pelo menos seis anos (desde 2016). Antes de 2019, a cidade não registrava óbito em decorrência da infecção desde 2016, quando nove pacientes não resistiram aos vírus.
Por mês
O aumento de casos da doença acende o sinal de alerta na cidade, ainda mais neste verão, com volume de chuva bem acima da média para o período. Em 2021, o número de casos despencou em Ribeirão Preto, na comparação com o ano anterior.
Segundo dados do Boletim Epidemiológico, divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde, em 2020 foram registrados 17.606. Ou seja, a queda é de 98%, ou 17.246 a menos. Neste ano, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) investiga 6.752 pacientes que podem estar com a doença – aguarda exames. Até o final de 2022 eram 18.764.
Faixa etária
A última vez que Ribeirão Preto declarou epidemia de dengue foi há três anos, desde a primeira metade de 2020, a sexta em onze anos. Na época, a média diária de pessoas diagnosticadas com o vírus transmitido pelo Aedes aegypti em 365 dias foi de 48, duas por hora.
Em 2022, as pessoas com idade entre 20 e 39 anos foram as principais vítimas do mosquito com 2.895 ocorrências, seguidas por quem tem entre 40 e 59 anos (1.842), crianças e adolescentes de 10 a 19 anos (1.148), idosos de 60 anos ou mais (771), crianças de 5 a 9 anos (517), de 1 a 4 anos (261) e menos de um ano (53).
Neste ano, das 2.217 vítimas, 743 pessoas têm entre 20 e 39 anos, outras 631 estão na faixa dos 40 a 59 anos, 326 têm mais de 60 anos, 328 estão entre 10 e 19 anos, 125 são crianças de 5 a 9 anos, 54 têm entre 1 e 4 anos e dez são bebês com menos de 1 ano de idade. São 952 casos na Zona Leste, 421 na Oeste, 290 na Norte, 276 na Central e 242 na Sul, além de 236 sem identificação de distrito.
Em 14 anos, Ribeirão Preto já registrou 151.054 casos de dengue, mas este número pode ser quatro vezes superior – de 604.216. Em 2021, a cidade também teve dois casos de febre chikungunya importados da Praia Grande, no litoral sul de São Paulo, e Goiânia, capital do Estado de Goiás. Em 2022 foram cinco ocorrências, quatro importadas. Neste ano são seis casos, cinco importados.
Não há casos de zika vírus e febre amarela em 2021, 2022 e neste ano. Em 2019, a cidade registrou 79 casos de sarampo. Em 2020, mais quatro, totalizando 83 desde então. Não há ocorrências nos três últimos anos. Oitenta por cento dos focos de dengue estão dentro das casas do município. A prefeitura tem realizado vários mutirões para recolher criadouros do vetor, mas a população tem de colaborar.