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Democracia sem as ruas da cidade

Renovar é a palavra mais evidente em toda eleição, temos hoje, até partido que registrou seu nome como “Novo”, uma palavra óbvia a qualquer pessoa, independe da classe social. O que ninguém comenta é a ausência das peças de propaganda para expor a imagem de um novo político no cotidiano das cidades brasileiras. A lei 9.504/97 que trata da propaganda eleitoral obrigatória, na sua formação original, no artigo 42, em que as peças de OOH – Out Of Home eram permitidas, sem dúvida foram as grandes responsáveis em promover a extensão do conceito “paz e amor querendo um País decente”.

O então temido candidato, já com o sorriso refeito, novo layout da barba, um belo terno Ricardo Almeida, com ótimo tratamento de photoshop e ao lado de um ícone político local em cada bairro do país, se fez vencedor. Portanto em 2002, o que era divulgado em rádio, TV – veículos de massa – já dentro da nova regra, onde parte do tempo era fragmentada em comerciais rotativos no intervalo dos programas, era também assimilado por extensão em cada cidade brasilei­ra pela mídia exterior, hoje denominada OOH. Estudos do IPA – Institute of Practitioners in Advertising afirma que a mídia OOH é o segundo meio que mais influencia a consolidação do valor da marca junto ao público consumidor, ficando apenas atrás da TV.

Em 2006, com a desculpa de que as campanhas ficariam mais em conta, uma vez que na TV e rádio existe a suposta “gratuidade”, eles, líderes políticos, restringiram tudo que poderia ser custeado pelas candidaturas individualmente. Aos olhos da sociedade era uma intenção purista, a ponto de todos acreditarem que somente a retirada da exposição orde­nada pelo artigo 42 e seus parágrafos, que impunha disciplina democrática nas ruas das cidades, todos custos das campa­nhas seriam reduzidos. As condenações e uso de caixa dois da Lava Jato atestam o contrário.

A intenção não era diminuir os custos, e sim a possibili­dade de adversários e novos políticos apoiados pelo prestigio individual, e com isso obter apoio econômico privado, tives­sem um arsenal de comunicação poderoso para consolidar a sua imagem em cada rincão do país. Após isso, aceleraram a cooptação de siglas, porque não há ideologia política e sim interesses pessoais financeiros, e com mais tempo em rádio e TV fazem uma campanha de “varejo político”, onde os mesmos que comandam suas siglas e as negociam na soma de tempo eleitoral continuassem se reelegendo.

Usando o tempo para atacar adversários, mentir, iludir, prometer muito com cenas impactantes no “slow motion”, e ainda se o candidato for sem graça era só colocar atores em diferentes gêneros e etnia que tudo se resolvia, e infelizmen­te ainda resolve. O destino é muito sábio, hoje fica evidente que o “ministério do marketing político” foi mais eficaz que ‘planos de governo’, e que a restrição imposta para mídia OOH, ausente desde 2006, hoje seria fundamental para que uma candidatura reserva, ou um poste plantonista conve­niente lançada fosse competitiva. Ao retirar a possibilidade da consolidação de novas candidaturas no passado, acabaram prejudicando também as suas próprias.

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