A democracia configura-se, na atualidade, como uma área de estudo bastante significativa por apresentar-se contemporaneamente como o regime mais defendido por quase todas as correntes de pensamento. Diante da atual crise na saúde, na economia e na política pela qual o mundo atravessa, muitas pessoas têm se posicionado sobre os assuntos que preocupam como sociedade. Este cenário revela certa abundância e divergência de opiniões, o que é natural e desejável em uma democracia. Mas, ainda que sejam distintas as expectativas e as dinâmicas dessas opiniões, há uma disposição para dialogar e construir soluções conjuntamente?
É assertivo e inquestionável dizer que a sociedade se encontra em uma polarização significativa. As pessoas não estão se ouvindo ou cumprindo a escuta ativa – estão pensando no próximo argumento, ao invés disso. Em todas as conversas emitidas, o ouvinte espera saber qual a posição de quem fala. Espera-se, em geral, que a pessoa seja, taxativamente, contra ou a favor nos temas abordados. Se for contra, a discussão certamente ficará acalorada. Pautas e discussões são vistas a partir da perspectiva da “esquerda e direita” e do “nós contra eles”.
Esse modo de compreender a realidade silenciosamente invade e engole tantas vidas, derrubando a imagem de que o brasileiro é, historicamente, um povo generoso, tolerante e pacífico. A face agressiva, polarizada e aguerrida é percebida dentro das casas, nos círculos de amizades mais próximos. O indivíduo, esquecido de que o valor das diferentes perspectivas enriquece a compreensão da realidade, se recua em suas próprias convicções e deixa de ouvir outras ideias que podem ampliar e melhorar seu modo de pensar.
É dever de todos, enquanto cidadãos, minimizar as consequências deste comportamento na política, porque, no fundo, ele destrói a própria política. Ele desune e reforça um caminho no qual os errossão prontamente apontados e as construções de soluções sejam esquecidas. Como teremos uma sociedade melhor nos comportando desta maneira? Que cidade deixaremos para nossos filhos e netos?
A política é o contrário da guerra. Ela existe para que se permita resolver os problemas através do diálogo e têm o objetivo final de realizar o bem comum. Existe, erroneamente, a disputa em conquistar os eleitores localizados mais ao centro da escala, da elite, de modo que os candidatos caminhem nessa direção sutilmente em busca dos votos. No entanto, a erosão da representação política, como consequência da polarização, é um movimento que, ao longo prazo e gradualmente, pode matar a democracia. A cidadania política na sociedade industrial moderna ou contemporânea designa a participação do povo.
O bem comum é o bem de um todo naquilo que todos têm em comum. O cidadão de Ribeirão Preto é único e irrepetível. Mas, apesar de únicos e irrepetíveis, compartilham assuntos comuns pelo fato de viverem na mesma cidade. Dessa forma, ainda que na sua individualidade, precisam contribuir fornecendo sua opinião para que, somadas, alcancem esse fim.
É importante apresentarmos nossos posicionamentos e defendê-los, mas devemos fazê-lo, sempre, com o objetivo de contribuir e não pelo simples embate. Primeiro, pois, que as pessoas, manifestantes de suas ideias, merecem respeito, por decorrência lógica da civilidade, dignidade da pessoa humana e, até mesmo, da boa educação. Pensar uma construção coletiva remete a superar obstáculos. Sozinhos, não somos capazes de ver e de compreender os vários aspectos da realidade, que é complexa. Juntos, ampliamos nossos horizontes e caminhamos para chegar mais longe. Trata-se de fazer mais e melhor.
O bem comum, em nossa cidade, é responsabilidade de todos. É dever de cada um que assume um mandato político e também de cada cidadão. Assim, nos desenvolveremos, verdadeiramente, como pessoas. Assim, desenvolveremos nossa cidade. E, assim, fortaleceremos a democracia em nosso país.