A delação de Antônio Palocci, homem forte nos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, pode ganhar novos contornos a pouco mais de um mês do primeiro turno das eleições, que acontece em 7 de outubro. O acordo foi homologado em junho pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Firmado com a Polícia Federal, entrou em fase de produção de provas e documentação para que a Justiça possa determinar a pena e os benefícios do ex-petista.
Será agora, em setembro, que a defesa do ex-ministro terminará de entregar todo esse material para Gebran. A delação de Palocci, que participou das decisões mais importantes do Partido dos Trabalhadores nas últimas duas décadas, envolve delitos cometidos nos governos Lula e Dilma Rousseff, de quem foi ministro da Fazenda e da Casa Civil, respectivamente.
Os depoimentos de delação premiada do ex-ministro Antônio Palocci com a Polícia Federal estão em segredo de Justiça, e o conteúdo não foi divulgado. Palocci está preso desde setembro de 2016 em função das investigações da Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato. O ex-ministro fechou os termos da delação com delegados responsáveis pelas investigações da Operação Lava Jato após os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) rejeitarem o acordo.
Palocci foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 12 anos, dois meses e 20 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em um dos processos da Lava Jato. A decisão foi tomada após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que validou autorização legal para que delegados das polícias Civil e Federal possam negociar delações premiadas, conforme previsto na Lei de Organizações Criminosas (12.850/2013).
Além de incriminar o ex -presidente Lula, as revelações aumentam o número de empresas investigadas por corrupção nos governos do PT e avança sobre o setor financeiro, além de ajudar a decifrar velhos escândalos do governo, como o “Mensalão”. Na Omertà foi investigada a relação entre o ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda com o comando da principal empreiteira do país, a Odebrecht. Segundo a PF, Palocci atuou diretamente como intermediário do núcleo político do qual fazia parte perante o Grupo Odebrecht. Em ações da Lava Jato em curso, o petista já prestou depoimentos em que confessou crimes e revelou suposto “pacto de sangue” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o empreiteiro Emílio Odebrecht.
A Lava Jato apreendeu R$ 70 milhões em bens móveis e imóveis de Palocci. Investigadores informaram que ele vai sair com R$ 35 milhões, ou seja, a Justiça deverá manter o confisco de metade daquele montante, em troca de revelações do ex-ministro. Lula está preso na Lava Jato desde 7 de abril para cumprimento e condenado a 12 anos e um mês de reclusão no processo do triplex do Guarujá.
Parte do que o ex-ministro pode esmiuçar em sua delação ele já adiantou ao juiz Sérgio Moro, no interrogatório realizado no dia 6 de setembro de 2017, em uma das ações penais a que Lula responde por supostas propinas de R$ 12,5 milhões da Odebrecht. Na ocasião, Palocci confessou negociar valores ilícitos em 2010, quando teria sido acertado um acordo de R$ 300 milhões da Odebrecht para o PT.
Candidatura Lula
Na madrugada de sábado (1º), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, por seis votos a um, barrar o registro da candidatura Lula à Presidência da República. Nesta terça-feira (4), o ministro Luís Felipe Salomão suspendeu a divulgação de mais uma inserção televisiva da campanha do PT com o ex-presidente. A determinação marca a quinta derrota da propaganda petista desde que o plenário do TSE negou o registro de Lula.
A inserção televisiva – contestada pelo diretório nacional do partido Novo – mostra Lula dizendo: “Não adianta tentar evitar que eu ande por esse país. Porque tem milhões e milhões de Lula”. Depois aparecem populares exclamando: “Eu sou Lula!”. Por fim, surge o candidato a vice-presidente da coligação, Fernando Haddad, que afirma: “Não adianta impedir que Lula ande o país, por que somos milhões de Lula”. A inserção também mostra pessoas usando máscaras com a figura do ex-presidente.