Tribuna Ribeirão
Geral

Defesa dos dois acusados pede suspensão do processo

RENAN OLAZ/CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO

A defesa do ex-policial Militar Élcio Queiroz e do PM reformado Ronnie Lessa pe­diu a suspensão do processo em que são acusados do assas­sinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Segundo os advogados, novas informa­ções sobre falhas e fraudes na investigação levantadas pela então procuradora-geral da república, Raquel Dodge, no pedido de federalização do caso indicariam a necessidade de novos depoimentos.

“É preciso suspender o pro­cesso até que todas essas novas informações sejam apuradas”, afirmou o advogado de Lessa, Fernando Santana. No pedido ao juiz, a explicação para a sus­pensão é: “suspensão do curso do processo até decisão do STJ sobre federalização do caso; rea­bertura da instrução com oitiva de novas testemunhas; ofício ao STJ, Procuradoria Geral da Re­pública e Polícia Federal; e pedi­do de liberdade dos acusados.”

Com isso, o inquérito foi remetido de volta ao MPRJ. As supostas irregularidades come­tidas pela Polícia Civil do Rio na investigação do caso foram reve­ladas depois que a Polícia Fede­ral, a pedido da PGR, instaurou um inquérito para apurar obs­truções no processo. “É impe­riosa a federalização para unir, de vez, toda a atividade estatal de apuração do mandante dos as­sassinatos em tela, evitando que a manutenção do inquérito na Polícia Civil possa gerar o risco de novos desvios e simulações”, afirmou Dodge na época. O STJ deve analisar até dezembro o pe­dido da PGR para federalizar as investigações.

Os suspeitos de matar a ve­readora e seu motorista deram depoimento ao Ministério Pú­blico no qual negaram parti­cipação no crime. Eles afirma­ram que naquela noite de 14 de março de 2018 foram a um bar assistir a uma partida do Fla­mengo pela TV e que ficaram bebendo até por volta de quatro horas da madrugada. Naquela noite, a equipe rubro-negra en­frentou o Emelec, do Equador. Atualmente presos na peniten­ciária de segurança máxima de Porto Velho, eles falaram à Pro­motoria por videoconferência no dia 4 de outubro.

Queiroz confirmou que este­ve na casa de Lessa no condomí­nio Vivendas da Barra, mesmo local onde mora o presidente da República, Jair Bolsonaro. Quando questionado se conhe­cia outra pessoa no condomínio, além de Lessa, o ex-PM respon­deu que não. E acrescentou. “E o presidente da República, né?”. A Promotoria também quis saber por que Queiroz e Lessa procu­raram parlamentares do Rio na internet. Queiroz disse que havia feito várias buscas, mas não lem­brava os nomes.

Quanto ao deputado fede­ral Marcelo Freixo, do mesmo partido e padrinho político de Marielle, o ex-PM disse que “despertava interesse por ter sido candidato a prefeito”. Disse, ain­da, que concorda com “pautas da esquerda, como ser contra a reforma da Previdência”. Acu­sado pelo Ministério Público de mentir sobre quem permitiu a entrada de Élcio Queiroz no condomínio Vivendas da Barra no dia do assassinato de Marielle Franco, o porteiro do local pode ser convocado pelas promoto­ras a prestar novo depoimento. Em duas oportunidades, ele te­ria dito que, em 14 de março de 2018, Queiroz teve sua entrada no condomínio liberada pela casa 58, que pertence ao presi­dente Jair Bolsonaro.

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