O advogado Daniel de Souza Caetano foi um dos fundadores do Partido Novo em Ribeirão Preto. Nacionalmente a legenda foi fundada em 12 de fevereiro de 2011 por 181 cidadãos de dez estados brasileiros contrários ao total de impostos pagos no país e revoltados com o que classificam, como baixa qualidade dos serviços públicos recebidos.
Nenhum dos fundadores nunca haviam se candidatado a cargo eletivo, mas concluíram que um partido político seria a ferramenta adequada para realizar as mudanças desejadas e necessárias. Atualmente o Novo possui 25 integrantes eleitos em todo o país, para cargos de governador (em Minas Geais), vereador e deputado, sejam estadual ou federal.
Em entrevista ao Tribuna, Caetano, responsável pelo partido em Ribeirão Preto, afirma que é a única agremiação política que não nasceu da dissidência de outros partidos, agremiações religiosas. Atualmente a legenda está realizando um processo seletivo para escolher seus candidatos a prefeito em várias cidades. Entre elas, Ribeirão Preto, onde oito pessoas já se inscreveram.
Tribuna Ribeirão – Por que o Partido Novo optou por fazer um processo de seleção para definir os seus candidatos a prefeitos nas próximas eleições municipais?
Daniel Caetano – Entre os objetivos enumerados no Estatuto e por nossos valores e princípios, o Novo quer buscar a eficiência e qualidade na gestão pública e arregimentar filiados com identidade de objetivos. Os processos seletivos buscam escolher os melhores candidatos disponíveis na sociedade com estas qualidades. Sejam previamente filiados ou que venham a se filiar durante o processo. Associe-se a estes objetivos o valor da meritocracia, um dos principais valores do Novo e ficará fácil de perceber que a escolha não poderia ser por apadrinhamento ou qualquer outra prática da velha política. A escolha precisa ser orientada pela qualidade das habilidades do candidato e não por sua rede de amizades. O processo seletivo atende a todos estes princípios.
Tribuna Ribeirão – O que um candidato ao cargo precisa ter?
Daniel Caetano – O Novo busca para a disputa a prefeito, pessoas comprometidas com os valores e ideais do partido e dispostas a atuarem na área pública e que tenham capacidade e experiência para fazer uma gestão de excelência. O candidato deve atender às regras previstas na Lei Ficha Limpa e experiência mínima de oito anos em posições relevantes em gestão no setor público ou privado. Ter reputação reconhecida na sociedade e na comunidade empresarial e perfil de gestor. As competências mais valorizadas são as de liderança, capacidade de comunicação, espírito empreendedor, aptidão para trabalhar em equipe e raciocínio analítico e estratégico. O segundo edital disponibilizado no site www.querosercandidato.novo. org.br é detalhado sobre isso
Tribuna Ribeirão – Para definir os candidatos a vereador também será feito um processo de seleção semelhante ao de prefeito?
Daniel Caetano – Sim, teremos processo seletivo para a escolha dos candidatos a vereadores. Haverá algumas diferenças processuais, pois o perfil que se procura para um candidato ao Legislativo é diferente do que se espera de um candidato ao Executivo. O processo seletivo é resultado do esforço do Novo em sua gestão interna e para implantar seus valores e o próprio partido. O processo seletivo é uma inovação nas instituições políticas. Seja para candidatos a eleições, seja para membros das executivas dos diretórios do partido, seja para assessores de políticos eleitos, seja para secretários de governo o partido tem instalado processos seletivos em todas as situações.
Tribuna Ribeirão – Ideologicamente o que o Partido Novo tem de diferente das outras legendas?
Daniel Caetano – Alguns utilizam a palavra ideologia para se referir a um sistema fechado de certezas que tornam o ser humano intolerante às opiniões diferentes das suas. Não possuímos este sistema fechado, temos um conjunto aberto composto de valores e princípios, pois tolerância e diálogo são defendidos como valores básicos para a prática política. Destacamos os valores liberdade com responsabilidade, o individuo como agente de mudanças e a certeza de que são as pessoas que criam riquezas, livre mercado, visão de longo prazo, todos são iguais perante a lei. Estes valores demonstram que o Novo está em sintonia com a ética do capitalismo de livre mercado e pensamentos liberais, respeitando e incentivando a inovação empreendedora. Estes fundamentos tornam o partido diferente das demais legendas partidárias brasileiras. Queremos romper com o domínio político de ideias anticapitalistas, social-democráticas ou de capitalismo que dominaram o cenário político do Brasil nas últimas décadas.
Tribuna Ribeirão – O que o levou a coordenar a implantação do Novo em Ribeirão?
Daniel Caetano – Entendo que o ponto nevrálgico foi a ideia de que o Novo é a única plataforma que não nasceu de nenhuma dissidência de outros partidos, figurões conhecidos, agremiações religiosas ou sindicais, que é regra de outras legendas. O Novo é o único partido que nasceu de fato da sociedade civil cansada de pagar quase seis meses de impostos e não receber nada em troca. Me sinto na obrigação para com minha família de fazer algo pra contribuir. Assim, dando certo, este projeto político melhora o futuro do meu filho e das próximas gerações. Aliás, só pra não dar um condão muito a longo prazo, a velocidade disso depende de mais pessoas boas se filiarem ao Novo e ajudarem nesta mudança.
Tribuna Ribeirão – Em sua avaliação quais são os principais problemas de Ribeirão Preto?
Daniel Caetano – Ribeirão Preto possui vários problemas que são comuns a muitas cidades brasileiras. Um dos mais importantes é o desequilíbrio financeiro e o peso do sistema previdenciário para o governo municipal. Para tapar o rombo nas contas públicas, os governos acabam criando estratégias para recolher mais impostos do munícipe em vez de enxugar os gastos e tornar racional o uso do dinheiro dos impostos. Outro problema é a dificuldade em elaborar e executar um plano estratégico que coordene todas as secretarias e autarquias para que alcancem metas compartilhadas. Ao invés de implantar projetos para criar oportunidades para a população, perde-se tempo, esforço e dinheiro com ações pontuais que objetivam apagar o fogo imediato. É uma forma de administrar onde quem grita mais, ganha mais, mas a médio e longo prazo, todos perdem com a ineficiência do governo.
Tribuna Ribeirão – Como o senhor analisa a atual administração municipal?
Daniel Caetano – A atual administração recebeu a prefeitura em situação caótica devido a prisão da prefeita, de funcionários e de assessores importantes da administração anterior. Tem como ponto a seu favor ter reorganizado a administração municipal, mas não mudou efetivamente a cultura administrativa da Prefeitura de Ribeirão Preto. Não conseguiu, ou não tinha como meta, tornar a prefeitura mais eficiente, reduzindo atividades improdutivas e focando em metas alcançáveis e que mudariam a cidade. Nos últimos meses iniciou várias obras viárias na cidade, mas continua com dificuldades para cumprir seus compromissos fiscais. As próprias obras viárias buscam resolver problemas focais de forma transitória e com aporte financeiro público alto, que traz visibilidade social, mas não entrega para a população um projeto de uma cidade preparada para um futuro próximo.
Tribuna Ribeirão – E qual sua avaliação da atual Câmara?
Daniel Caetano – A atual legislatura da Câmara Municipal demonstrou independência em relação a última gestão e também em relação ao Executivo. Teve iniciativas louváveis para melhorar a transparência de suas contas e conseguiu diminuir os seus gastos, devolvendo recursos para o Estado. Muitos vereadores ainda transmitem a impressão que não possuem uma plataforma de propostas estruturada e consistente para a cidade. Por isso votam de forma contraditória, mudando de ideia com freqüência, deixando que pequenas pressões da mídia ou de grupos organizados os influenciem. Esta falta de princípios e valores permanentes por parte do vereador e de seu partido torna a Câmara pouco eficiente para proposição de mudanças e na fiscalização do Executivo. Não se produz discussões baseadas em projetos e visão de longo prazo, seja entre os vereadores, seja entre os vereadores e o poder Executivo, deixando toda a gestão política da cidade sem norte.
Tribuna Ribeirão – Quantos filiados o Novo possui em Ribeirão Preto?
Daniel Caetano – Cerca de 280 filiados. Muito pouco ainda pelo potencial da cidade. Por isso convido que venham pra cá. Ajude a construir o Novo. #ribeirãonãomudasemvocê.