Para o livro lançado por Ciro Gomes – “Projeto de Desenvolvimento: o dever da esperança” (editora LeYa, 2020) –, o Estado será o indutor do desenvolvimento, no qual a iniciativa privada será parceira, e a equação empresário-trabalhador, estará imersa nomeio acadêmico sob a égide da ciência e do conhecimento tecnológico.
Preparar-se para o desaparecimento de muitos empregos, sem se esquecer de que o trabalhador não desaparecerá com eles, devendo capacitá-los para outras e novas funções na sociedade, ou mesmo estruturando o ócio, com garantia de renda capaz de movimentar o comércio, que movimenta a produção, que não emagrecerá mais e mais a receita da previdência social. No exame crítico-histórico está o registro do Brasil com sua capacidade de criação e trabalho, responsável pelo crescimento de 1930 a 1980, a razão de 3,5% ao ano. Entretanto, a armadilha da divida externa e seus juros aumentados unilateralmente, desarrumou a economia e a desindustrialização iniciou-se, sob o olhar de tantos e todos governos que se sucederam. Por quê?
A crise de 1929 só foi superada pela política de investimentos públicos, do Estado como indutor, assim como na crise financeira de 2008, com o Estado salvando instituições bancárias nos Estados Unidos.
Quanto à estruturação do Estado, é não ao Estado monopolizador, mas sim ao Estado indutor, o coordenador de políticas públicas, sendo que o aparecimento do covid-19 abalou a organização social do mundo, desmoralizou a política neoliberal, que celebra o chamado Estado mínimo contra o Estado de bem-estar consagrado na Constituição de 1988.
A fé repetida pelo Projeto de Desenvolvimento Nacional tem como raiz a riqueza de nossa diversidade cultural, sol, água, floresta, sem terremotos, uma língua única, num território de experiências inovadoras, já em curso, a criatividade de nosso povo, desorganizada, já emergente.
E, politicamente o livro recupera a contribuição do projeto trabalhista que fundou o Estado moderno brasileiro com Getúlio Vergas, e historicamente seguido por Jango, Brizola, Darcy Ribeiro. No entanto, na redemocratização referiam-se com desprezo ao projeto trabalhista, que fizera o crescimento continuado do país. O fato de não terem assumido esse pensamento e a ação política própria, como continuidade atualizada do pensamento anterior, surge como ruptura que, inadvertidamente, serviu aos pregadores do livre-mercado, ou seja, mercado totalmente desregulamentado, tal como o produtor da crise cíclica de 2018.
Debater o Brasil, iniciando-se ou não esse debate com o livro de Ciro Gomes, é uma necessidade de patriotas. O livro pode ser lido e comentado a qualquer momento da discussão. Mas é imprescindível. E sem compromisso de voto, se ele for candidato.