Por Paulo Favero
20 de Abril de 2016. Vinicius Lanza fica a cinco centésimos de carimbar sua vaga olímpica na seleção brasileira de natação para disputar os Jogos do Rio-2016 nos 100 metros borboleta. A decepção foi tão grande que ele repensou sua carreira. “Foi bem difícil. Eu particularmente não consegui assistir à Olimpíada, ainda doía muito, foi por pouquinho mesmo que eu não fui para o Rio”, relembra o rapaz.
Logo depois daquela seletiva, ele se reuniu com seu treinador, Ray Looze, e a questão foi muito discutida. “Meu treinador me disse que acabou sendo uma coisa positiva (ficar fora dos Jogos) porque eu iria querer mais e não ficaria satisfeito. Ele não queria que eu só fosse para uma Olimpíada. Quero ir, mas não apenas para competir, quero buscar medalha, lutar para ganhar. Isso me deu mais gás e uma perspectiva real de que poderei chegar lá”, comenta.
O combustível da frustração tornou Lanza a sensação brasileira das piscinas. Ele vem conquistando vitórias, melhorando suas marcas e tendo uma incrível ascensão, fruto do trabalho que é desenvolvido com a equipe de elite na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos.
Lá, ele treina com atletas de ponta como Lilly King, recordista mundial nos 100m peito, Blake Pieroni, campeão olímpico, e Cody Miller, ouro no revezamento nos Jogos do Rio. “Esses caras treinam do meu lado e isso é um combustível a mais. Eles são campeões olímpicos e estão fazendo o mesmo programa que eu, me puxando. Eu me mostro competitivo com eles nos treinos e competições. Ao mesmo tempo isso é um incentivo que mostra que a gente pode chegar lá”, diz o menino nascido em Belo Horizonte.
Aos 21 anos, Lanza demorou para conseguir resultados. Ele mesmo brinca que foi ganhar sua primeira medalha na piscina somente aos 17. “Quando o atleta é mais novo, passa por uma fase difícil Alguns crescem mais cedo, e eu tive uma maturação mais tardia. Por isso não conseguia resultados. Mas nunca desisti e sempre treinei muito”, explica.
Lanza lembra que na hora de competir sempre parecia que algo estava errado, pois os resultados não apareciam. “Agora acho que estou chegando num patamar que sempre quis estar. Queria chegar à seleção e viajar o mundo nadando, então estou muito feliz de ter acontecido isso e chegado nesse patamar”, disse o atleta, que no Troféu José Finkel competiu pelo Minas Tênis, clube onde se desenvolveu e que defende até hoje.
O garoto começou a nadar aos 3 anos de idade porque o pai tinha uma preocupação com sua segurança. “Minha família tem tradição em pescaria. Os caras gostam de tomar uma na frente do rio e pescar. Então, meu pai, por segurança, me colocou na natação, porque muitas vezes ele está só comigo no barco, como uma forma de proteção mesmo. Tomei gosto pelo esporte, mostrei talento e fui levando. Já são 18 anos nadando e estou feliz agora de estar chegando onde sempre sonhei.”
“VAI, LANZA!” – O rapaz revela que em todas as competições sua família faz o possível para estar próxima. Se a mãe de Thiago Pereira ficou famosa por gritar “Vai, Thiago” antes do filho competir, é o pai de Lanza que repete um gesto parecido. “Meu pai e minha mãe estão em quase todas as competições, sempre que dá eles vão. Meu pai dá um assobio antes de eu nadar, ninguém tem igual. Aí já sei que ele está lá e isso me dá segurança”, conta, rindo. “Eles estão orgulhosos de mim. E eu estou feliz de estar colhendo os frutos do trabalho.”