Os terrores da 2ª Guerra impactaram a maioria das mulheres do mundo, tanto em casa quanto nas frentes de batalha. Uma nova exposição inaugurada na sexta-feira, 25, no Museu Internacional da 2ª Guerra, em Natick, no Estado americano de Massachusetts, destaca exatamente isso – os papéis importantes e, por vezes, não convencionais assumidos pelas mulheres durante a guerra.
“É sobre a história humana”, explica o fundador do museu, Kenneth Rendell. “Estamos entusiasmados pela oportunidade de mostrar e honrar o serviço das mulheres ao esforço de guerra.” A exposição “Mulheres na 2ª Guerra: Nas Frentes Domésticas e nas Frentes de Batalha” é composta por mais de 100 artefatos de EUA, União Soviética, Alemanha, Japão, França e Grã-Bretanha e fica em cartaz até 7 de outubro.
Para muitas mulheres, o tempo de guerra era mais do que o racionamento de alimentos para suas famílias. Na União Soviética, 400 mil mulheres recrutadas como “Garotas do Exército Vermelho” ocuparam diversos cargos, como médicas ou até franco-atiradoras. Uma fotografia mostra enfermeiras pulando de um avião em uma zona de guerra para salvar soldados feridos, com suprimentos médicos amarrados em seus corpos.
Kathryn Bernheim foi uma das 27 mulheres americanas escolhidas pela Força Aérea, em 1942, para transportar aviões pelo programa de Serviço Auxiliar Feminino de Balsas. Apesar de ser civil, por mais de 1.000 horas ela pilotou aeronaves como o P-47 Thunderbolt, permitindo que os homens fizessem apenas os voos de combate até o fim do programa, em 1944. A exposição mostra sua jaqueta de voo, seu uniforme e uma foto, na qual ela sorri enquanto olha para um mapa.
Nem todas as mulheres tiveram papéis tão distintos como o de Kathryn, mas milhões de americanas em todos os EUA serviram como funcionárias dos correios, coletoras de lixo e mão de obra nas indústrias, postos anteriormente ocupados por homens. Uma fotografia de 1945 mostra Fern Corbett, de 24 anos, lavando janelas a dez andares de altura em uma rua de Minneapolis – algo muito longe de seu trabalho regular, de estenógrafa.
Algumas mulheres não podiam arriscar serem tão visíveis em suas novas e desafiadoras funções. Membros do sexo feminino da resistência francesa carregaram rádios e armas proibidas dentro de compartimentos secretos em carrinhos de bebês. Elas arriscavam suas vidas enquanto caminhavam entre nazistas e um exemplar de um destes carrinhos faz parte da exibição.
Também faz parte da coleção de objetos um uniforme verde claro chamado “Lebensborn”. A vestimenta era usada por mulheres associadas ao grupo nazista que tinha a tarefa de aumentar a taxa de natalidade de crianças arianas. Elas trabalhavam em centros que ofereciam cuidados de saúde gratuitos a mães solteiras, frequentemente grávidas de homens da SS. Muitas dessas crianças foram adotadas por outros membros da SS e suas respectivas famílias.
A filosofia das mulheres que dedicavam seus corpos e mentes para o Terceiro Reich fica ainda mais aparente através das cruzes com brasões de suástica que recebiam. As mulheres que tiveram quatro a cinco filhos ganhavam uma cruz de bronze. As que tinham entre seis a sete crianças recebiam a cruz era de prata. Aquelas que deram à luz oito ou mais filhos ganhavam uma cruz de ouro de Adolf Hitler.
“Os nazistas queriam que as mulheres fossem esposas e mães. Você vê fotos de mulheres fazendo atividades ao ar livre em ótima forma física – isso não era apenas para que pudessem lutar, mas para que pudessem ter filhos”, diz a diretora de educação do museu, Sue Wilkins.
Do outro lado do Canal da Mancha, mais de 640 mil mulheres serviam em postos auxiliares, realizando trabalhos não relacionados ao combate, como o gerenciamento de enormes holofotes para encontrar as aeronaves inimigas que tentavam bombardear cidades britânicas. Fotos de mulheres comuns trabalhando no Serviço Naval Real contrastam com uma foto da então princesa Elizabeth usando o uniforme do Serviço Territorial Auxiliar e trabalhando sob o capô de um carro.