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Dárcy Vera é internada em hospital

A ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido) foi transferida nesta quinta-feira, 6 de setembro, da Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé, para um hospi­tal particular em Taubaté, no Vale do Paraíba. A ex-chefe do Executivo ribeirão-preta­no está com infecção urinária. Ela tem problemas renais e já foi internada pelo menos duas vezes quando estava à frente do Palácio Rio Branco.

A defesa, representada pela advogada Maria Cláudia Seixas, alega que o tratamento não tem surtido efeito e pede que Dárcy Vera ela seja tratada em casa. Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (SAP) informa que ex-prefeita foi atendida por uma médica nefrologista e encaminhada para interna­ção hospitalar. Escoltada pela Polícia Militar, ela deixou a peni­tenciária às 16h30 e seguiu para o Hospital Policlin por convênio particular. A instituição não in­formou o estado de saúde da ex-chefe do Executivo.

A internação ocorre um dia depois de Dárcy Vera ter sido condenada a 18 anos, nove me­ses e dez dias de prisão em regi­me fechado por corrupção pas­siva, organização criminosa e peculato – crime em que o agen­te público se beneficia do cargo que exerce – na ação penal dos honorários advocatícios, uma das três frentes da Operação Sevandija. A defesa alega que o quadro clínico da ex-prefeita – internada em estado grave no ano de 2013, quando participava de um evento em Brasília e ficou onze dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) – tem apresentado piora e que há risco de morte. Quer que ela seja tra­tada em casa.

Dárcy Vera escreveu uma carta à defesa solicitando ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público Estadual (MPE) que forma a força-tarefa da Sevan­dija com a Polícia Federal, trata­mento hospitalar para controlar a grave infecção de urina. O juiz Lúcio Alberto Eneas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, onde tramitam as ações penais da operação, determinou na última segunda-feira (3) que Dárcy Vera prefeita seja submetida, com urgência, à avaliação de um médico da SAP.

O laudo vai apontar a gra­vidade da doença. Segundo o magistrado, o documento deve determinar “se a permanência no cárcere pode impedir ou di­ficultar o tratamento necessário para combater a referida doen­ça”. A defesa afirma que Dárcy Vera corre risco de morte. O juiz Silva Ferreira condenou a ex -prefeita a 18 anos, nove meses e dez dias de prisão em regime fechado por supostos crimes denunciados pelo Gaeco no âmbito da Operação Sevandi­ja. A sentença tem 271 páginas onde o magistrado expõe as provas e os motivos da conde­nação. O Ministério Público Estadual (MPE) vai recorrer porque quer pena máxima para ela e os demais réus.

Ele também determinou que a ex-prefeita fique presa até o julgamento em segunda ins­tância, no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). A sentença foi emitida no final da manhã de quarta-feira, 5 de setembro, dois anos depois de a operação ter sido deflagrada – em 1º de setembro de 2016. A ex-prefeita também não poderá concorrer a cargo ou função pública, eletivo ou de nomeação, pelo prazo de cinco anos. Silva Ferreira tam­bém determinou o bloqueio e o futuro leilão de bens de todos os réus nesta ação penal dos honorários advocatícios, um processo de reposição de perdas inflacionárias da década de 1990 (Plano Collor, ação dos 28.35%) que envolve mais de quatro mil servidores públicos e herdeiros.

O grupo supostamente chefia­do pela ex-prefeita teria desvia­do R$ 45 milhões ilegalmente, inclusive com a fraude de uma ata de assembleia da categoria – o valor que seria destinado ao esquema seria de R$ 69,9 mi­lhões, segundo os promotores. O esquema ainda teria gerado um prejuízo de R$ 120 milhões aos servidores, que foram pri­vados de receber os 6% de juros de mora referentes ao acordo inicial. Dárcy Vera responde por corrupção passiva, organização criminosa e peculato, crime em que o agente público se beneficia do cargo que exerce.

Outros cinco réus também foram condenados, entre eles o presidente destituído do Sindi­cato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto (SSM/RP), Wagner Rodrigues, que fechou acordo de delação premiada com o Gaeco e vai cumprir onze anos em prisão domiciliar, além de pagar 50 dias-multa. O ex-sindicalista disse em depoi­mento que Dárcy Vera recebeu propina de R$ 7 milhões da ex -advogada do SSM/RP, Maria Zuely Alves Librandi, para ace­lerar o pagamento dos honorá­rios. Além dos três, também são réus nesta ação o ex-secretário da Administração, Marco Antonio dos Santos, e os também advoga­dos Sandro Rovani e André Soa­res Hentz – ele e Rodrigues são os únicos que estão em liberdade.

Hentz vai aguardar o julga­mento no Tribunal de Justiça em liberdade – o Gaeco vai pedir a prisão dele. Todos respondem por corrupção ativa ou passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e, no caso de San­tos, por peculato. Hentz, Maria Zuely e Rovani foram conde­nados a 14 anos e oito meses de reclusão, além de 66 dias-multa cada. Marco Antônio dos Santos pegou a mesma pena de Dárcy Vera, de 18 anos, nove meses e dez dias de prisão em regime fechado, além de 88 dias-multa. Afora Rodrigues, todos negam a prática de crimes.

A condenação de quarta-fei­ra é a segunda que a ex-prefeita Dárcy Vera sofre em menos de cinco meses. No dia 24 de abril, o juiz Eduardo José da Fonse­ca Costa, da 7ª Vara Federal de Ribeirão Preto, condenou a ex-chefe do Executivo a cinco anos de prisão em regime semiaberto pelo desvio de R$ 2,2 milhões provenientes do Ministério do Turismo (MTur) para realiza­ção de uma das etapas da Stock Car, em 2010, primeiro ano da competição na cidade e que le­vou cerca de 45 mil pessoas à Zona Sul. O magistrado ainda determinou o ressarcimento do montante aos cofres públicos. A ex-prefeita discorda e recorreu.

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