O Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) vai “caçar” os usuários que fazem ligações clandestinas de água, os chamados “gatos”. Para isso, prevê elaborar uma licitação para a contratação de empresa especializada em descobrir estas fraudes. O processo licitatório está previsto para este segundo semestre e o programa deve estar nas ruas no começo de 2019.
Estimativa do Daerp revela que, dos 315 mil metros cúbicos de água produzidos diariamente pelos 109 poços artesianos, 8% (ou 25.200 metros cúbicos) são roubados pelos chamados “gatos”. Parte das ligações clandestinas está localizada em núcleos invadidos e habitados de forma irregular, a popular “favela”. De acordo com levantamento da Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão Pública, a cidade possui 70 comunidades irregulares com população de quase 47 mil pessoas.
O “Programa Caça-Fraudes” também vai trabalhar para detectar as ligações clandestinas de difícil registro por estarem localizadas em áreas regularizadas. Neste caso, fará fiscalizações e realizará blitze a partir de denúncias.
Vazamentos na mira
O combate aos “gatos” é apenas uma da várias medidas que estão sendo implementadas pela atual superintendência do Daerp. Na mira estão ainda os vazamentos visíveis e invisí
Daerp (CEE dos Vazamentos) da Câmara de Vereadores, em 5 de julho, o diretor técnico da autarquia, Lineu Andrade de Almeida, anunciou um projeto – está em fase final de elaboração – que pretende reduzir as perdas e melhorar o sistema de abastecimento. A CEE é presidida por Bertinho Scandiuzzi (PSDB) e conta ainda com Marco Antônio Di Bonifácio, o “Boni” (Rede Sustentabilidade), e Marinho Sampaio (MDB).
Estimado em R$ 83 milhões, o projeto prevê ações como a substituição de oito poços, a perfuração de dois novos, a execução de 49 trechos de adutoras para interligar poços a reservatórios e a execução de 65 quilômetros de rede. Com este projeto, segundo Almeida, será possível acompanhar o problema da pressão do fornecimento na rede, o desabastecimento, e as possíveis perdas.
Só para exemplificar o tamanho da perda, somando-se os 40% da água captada que se perde com vazamentos aos 8% perdidos graças as ligações clandestinas, o Daerp “desperdiça” quase metade da água que produz – 48%. Segundo o vereador Bertinho Scandiuzzi, o objetivo da comissão é averiguar os reais problemas de abastecimento e perdas em Ribeirão Preto, já que, segundo ele, por muitos anos os dados foram mascarados.
“Somente com a identificação dos problemas é que encontraremos a solução e assim conseguiremos avançar com a modernização de nosso sistema de abastecimento e consequentemente haverá diminuição nos índices de perdas. Fiquei contente com o que ouvimos na última reunião da CEE, porque nos pareceu que o órgão já identificou o problema e a solução está a caminho”, completa.
Desperdício já chegou a 61,4%
Segundo levantamento anual, divulgado em abril pelo Instituto Trata Brasil (ITB), Ribeirão Preto galgou um degrau no “Ranking de Saneamento Básico das 100 Maiores Cidades 2018”. Passou do 22º lugar em 2015 para o 21º em 2016 – em 2014 era o oitavo. A nota total – com avaliação que abrange abastecimento de água e tratamento de esgoto, rede instalada, desperdício, arrecadação, investimento e outros tópicos relacionados ao tema e que pode ser de no máximo 10 – teve leve alta, de 7,97 para 7,99. Em 2014 era de 8,74.
O resultado de 2016 é o segundo pior desde 2013, quando Ribeirão Preto ocupava a 15ª colocação – foi 10ª em 2012, nona em 2011 e 13ª em 2010. O levantamento tem por base dados de 2016 do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS). O estudo indica ainda que houve mais perdas tanto na distribuição quanto no faturamento do Departamento de Água e Esgotos (Daerp). O Ministério Público Estadual (MPE) cobra da autarquia a redução do desperdício para cerca de 20%.
De acordo com o estudo, a perda de água na distribuição, causada principalmente por vazamentos nas tubulações, que havia saltado de 15,89% em 2014 para 23,06% no ano subsequente, diferença de 7,17 ponto percentual (pp), chegou a 61,48% no último ano da gestão Dárcy Vera (sem partido), intervalo de 38,42 pp.
Já as perdas no faturamento – resultado de ligações clandestinas e erros de medição –, que haviam crescido de 33,23% para 44,7% entre 2014 e 105, um hiato de 11,47 pp, agora está em 66,82%, ou 16,78 pp acima. A cidade tirou nota zero nos dois quesitos em uma pontuação máxima de 0,5.
A partir de março do ano que vem, Ribeirão Preto terá 100% de água tratada, 100% de esgoto coletado e 100% de esgoto tratado. Segundo ranking de acesso a saneamento básico, divulgado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) em 13 de junho, a cidade ocupa a 13ª posição entre aos municípios de grande porte e a 17ª no geral. Também está entre as dez melhores do estado de São Paulo.
No índice divulgado neste ano, apenas quatro municípios – São Caetano do Sul, Piracicaba, Santa Fé do Sul e Uchoa – atingem nota máxima no ranking. Ribeirão Preto aparece em 13º lugar na classificação geral após ter subido 17 posições, já que no ano passado ocupava o 30º lugar. Na classificação de 2017, Ribeirão Preto somou 470,83 pontos, e agora soma 497,40. A cidade saiu do patamar de “compromisso com a universalização” para “rumo à universalização”.
Para chegar à pontuação, o levantamento considera o abastecimento de água, a coleta de esgoto, o tratamento de esgoto, a coleta de lixo e a destinação adequada de resíduos sólidos. O resultado é a soma dos pontos nos cinco quesitos. Ribeirão Preto tem 99,4 pontos em abastecimento de água, 98 pontos em coleta de esgoto e 100 nos demais serviços.
A autarquia já chegou a ser acusada, em gestões passadas, de fornecer informações incorretas aos organismos de controle dos serviços de saneamento. “Estamos recuperando a credibilidade do Daerp, com uma gestão estritamente técnica e voltada a cumprir todas as etapas para colocar o saneamento de Ribeirão Preto em destaque nacional, com ótimos índices de prestação de serviços, tanto de tratamento e abastecimento de água quanto coleta e tratamento de esgoto”, comenta o superintendente Afonso Reis Duarte. No levantamento do Trata Brasil, as gestões anteriores do Daerp foram acusadas de “maquiar” informações sobre desperdício de água.
‘O grande desafio do Daerp é gerar eficiência na prestação de serviços’
Daerp (CEE dos Vazamentos) da Câmara de Vereadores, em 5 de julho, o diretor técnico da autarquia, Lineu Andrade de Almeida, anunciou um projeto – está em fase final de elaboração – que pretende reduzir as perdas e melhorar o sistema de abastecimento. A CEE é presidida por Bertinho Scandiuzzi (PSDB) e conta ainda com Marco Antônio Di Bonifácio, o “Boni” (Rede Sustentabilidade), e Marinho Sampaio (MDB).
Estimado em R$ 83 milhões, o projeto prevê ações como a substituição de oito poços, a perfuração de dois novos, a execução de 49 trechos de adutoras para interligar poços a reservatórios e a execução de 65 quilômetros de rede. Com este projeto, segundo Almeida, será possível acompanhar o problema da pressão do fornecimento na rede, o desabastecimento, e as possíveis perdas.
Só para exemplificar o tamanho da perda, somando-se os 40% da água captada que se perde com vazamentos aos 8% perdidos graças as ligações clandestinas, o Daerp “desperdiça” quase metade da água que produz – 48%. Segundo o vereador Bertinho Scandiuzzi, o objetivo da comissão é averiguar os reais problemas de abastecimento e perdas em Ribeirão Preto, já que, segundo ele, por muitos anos os dados foram mascarados.
“Somente com a identificação dos problemas é que encontraremos a solução e assim conseguiremos avançar com a modernização de nosso sistema de abastecimento e consequentemente haverá diminuição nos índices de perdas. Fiquei contente com o que ouvimos na última reunião da CEE, porque nos pareceu que o órgão já identificou o problema e a solução está a caminho”, completa.
‘O grande desafio do Daerp é gerar eficiência na prestação de serviços’
“Até meados de 2019 Ribeirão Preto será 300% em saneamento: 100% de água tratada e universalizada, 100% de coleta e afastamento de esgoto e 100% de tratamento de esgoto. São índices invejáveis que colocarão a cidade em destaque no cenário nacional para municípios do mesmo porte. Por outro lado, a gestão nas áreas de recursos humanos, operacional, comercial e financeira ficou parada no tempo.
Este é o nosso grande desafio: dar eficiência, eficácia e efetividade na prestação de serviços, com rapidez, transparência e qualidade, reduzindo os índices alarmantes de perdas de água por vazamentos, reduzir a inadimplência, implantar softwares de gestão, de acompanhamento e controle, substituição de mais de 130 mil hidrômetros, combater as fraudes, substituir redes antigas, fazer a setorização de maneira a levar a água captada para os reservatórios, ao contrário da injeção direta na rede que aumenta a pressão e os vazamentos. Também estamos investindo mais de R$ 40 milhões nestas ações. Outros R$ 96 milhões foram solicitados ao Ministério das Cidades”.
Jornada de 12 por 36 horas
O acordo coletivo de trabalho assinado entre o Departamento de Água e Esgotos (Daerp) e o Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto (SSM/RP), que prevê jornada de 12 horas de trabalho por 36 de descanso para operadores do sistema de água, vai virar lei. Na semana passada, a Câmara de Vereadores aprovou o projeto de lei complementar do Executivo instituindo a jornada de trabalho diferenciada para 110 funcionários da autarquia.
O presidente do sindicato, Laerte Carlos Augusto, explica que a nova lei vai formalizar um procedimento que já estava sendo feito em caráter experimental, mas sem regras definidas e claras para os trabalhadores. “Com a anuência dos servidores negociamos com o Daerp e conseguimos um acordo bom para todos”, afirma. Ele destaca que a partir de agora os servidores terão regras bem definidas para as folgas, horas extras, entre outros itens.
Já para a autarquia a regulamentação deverá otimizar os consertos de vazamentos e gerar redução nos gastos com horas extras. Isso será possível por causa da rotatividade da jornada de trabalho. Em 2016, o Daerp pagou R$ 1,5 milhão em horas extras, mas graças a um plano de otimização e redução de custos esse valor caiu para R$ 1,1 milhão em 2017, corte de R$ 400 mil e economia de 26,66%.