O Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) afere, em média, 60 hidrômetros por dia na bancada instalada na rua Pernambuco, na unidade dos Campos Elíseos, na Zona Norte. As aferições são feitas atendendo processos de usuários que questionam o funcionamento dos equipamentos. Cerca de 80% dos aparelhos são reprovados – média diária de 48 e de 1.056 por mês, considerando apenas os dias úteis. A grande maioria apresenta problemas de submedição, ou seja, registram menos do que o consumo real. A autarquia tem mais de 194 mil clientes – ligações de água.
Na aferição, os hidrômetros passam por uma bancada que simula a rede de abastecimento. São feitas três aferições. Na primeira é simulada uma alta pressão na rede. Este teste dura, em média, cinco minutos. Em seguida é feita a simulação com média pressão, que dura em média 15 minutos. Já o terceiro teste é feito com baixa pressão, simulando um sistema de abastecimento por gravidade, com a rede recebendo a água de um reservatório. Esta última fase dura cerca de 40 minutos.
Os dados registrados nas três fases de medição são colocados em uma planilha de computador que faz o cálculo para verificar se as medições estão corretas e apontam se existe erro ou não no aparelho. “Mais de 95% dos hidrômetros reprovados apresentam problemas de submedição, ou seja, marcam menos do que o volume real de água que passa pelo aparelho”, afirma Ademir Torres, chefe da Seção de Micromedição do Daerp.
Nesta semana, técnicos do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) inspecionaram a bancada de aferição do Daerp. A fiscalização é feita anualmente e tem o objetivo de assegurar que o equipamento está dentro das normas estabelecidas para a medição dos aparelhos. Os trabalhadores começaram na terça-feira (9) e deveriam durar dois dias.
Segundo Michel Roque Fernandes, especialista em Metrologia e Qualidade do Inmetro, a inspeção envolve a calibração dos tanques usados para simular pressão e a verificação da bancada de aferição dos hidrômetros. Ele divide a tarefa com o técnico Dionizio Ribeiro França. Fernandes salienta a importância da fiscalização.
“A bancada que estiver dentro das normas do Inmetro é uma segurança para a concessionária e para o usuário na hora que for necessário fazer a aferição do hidrômetro”, afirmou o especialista do Inmetro. Ele destaca, ainda, que a concessionária que tem os equipamentos aprovados pelo Inmetro tem segurança jurídica para fazer as aferições.
De acordo com Ademir Torres, a bancada instalada pelo Daerp possui quatro tanques que simulam a pressão, sendo um com 500 litros, com 50 litros, com cinco litros e com dois litros, e a bancada tem capacidade de aferir até 14 hidrômetros com vazão de 0,75 m³/hora de cada vez. “Cada equipamento da bancada é checado pelos técnicos do Inmetro, que depois emitem o laudo de aprovação, se tudo estiver de acordo”, explica.
Segundo o diretor técnico do Daerp, Lineu Andrade de Almeida, quanto mais velho o parque de hidrômetros instalados maiores são os problemas de submedição. “O ideal é que o parque de hidrômetros tenha em média de três a quatro anos, acima desta idade o índice de submedição é muito alto”, explica Andrade. O Daerp adquiriu 135.220 hidrômetros por R$ 8,87 milhões, um valor 25,79% menor do que o valor estimado de R$ 11,83 milhões.
O objetivo da aquisição dos equipamentos é substituir cerca de 15 mil hidrômetros que estão parados ou embaçados, sem condições de leitura, e outros cerca de 110 mil hidrômetros que possuem mais de cinco anos de uso, além da reposição do estoque mantido pela autarquia. A troca do equipamento não terá custo para os usuários, mas a conta pode ter variação porque os atuais estão fora dos padrões.