Tribuna Ribeirão
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D. Amélia, nossa segunda imperatriz

Rui Flávio Chúfalo Guião *
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A pesquisadora brasileira Cláudia Thomé Witte, depois de vinte anos de exaustivas buscas em arquivos nacionais e internacionais, traz-nos uma biografia definitiva de D. Amélia de Leuchtenberg, a menos conhecidas das três imperatrizes que o Brasil teve, a  que, aos dezessete anos, se torna a segunda esposa de D. Pedro I e Imperatriz do Brasil.

Amélia é filha do Príncipe Eugênio de Beauharnais, filho da Imperatriz Josefina e adotado legalmente  por Napoleão Bonaparte. Em reconhecimento pela sua bravura como general do exército napoleônico, é feito Vice-Rei da Itália. De seu casamento com a Princesa Augusta, filha do Rei da Baviera, nasce, em Milão,  D. Amélia, que, assim, é neta de Napoleão, no dia 31 de julho de 1812.

Com a queda do grande Imperador francês, Eugênio e família se refugiam na corte do sogro e mudam-se para Munique, onde D. Amélia cresce.

Em 1826, morre a Imperatriz Leopoldina. Passado o período de luto, inicia-se a procura de uma nova esposa para o Imperador D. Pedro I.

A escolha da nova pretendente não é fácil, devido à distância do Brasil, ao seu exotismo e à fama que D.  Pedro I tinha de mulherengo e grosseiro. Finalmente, D. Amélia é escolhida e condiciona a aceitação ao restabelecimento dos títulos napoleônicos da família, anulados na derrota do Imperador.

Há grandes diferenças de hábito entre a refinada corte bávara e a brasileira, vencidas pela delicadeza de D. Amélia, que, entre outros encargos, assume a educação dos quatro filhos de D. Pedro. Estes, órfãos, muito crianças, considerariam D. Amélia como mãe a vida toda.

Entre as novidades bávaras, D. Amélia traz o hábito do cafezinho após as refeições, que se torna uma grande prática nacional.

Em 1826, com a morte do pai, D. Pedro I passa a ser rei de Portugal e para não abandonar o trono brasileiro, abdicaem favor de sua filha Maria da Glória, que se tornaria D. Maria II de Portugal. D. Miguel, irmão do imperador, não concorda com isto e usurpa o trono português para si.

A situação no Brasil também é tensa, D. Pedro já não tem o apoio da maioria da população, que o acusa de participar do grupo de portugueses que querem assumir o governo do Império, bem como deseja implantar um reinado absolutista. Para não perder em definitivo o trono, D. Pedro abdica em favor de seu filho Pedro, de cinco anos, em 7 de abril de 1831 e volta para Portugal, a fim de defender os direitos de sua filha D. Maria da Glória.

Com a abdicação, D. Amélia perde o título de Imperatriz um ano e meio depois de assumi-lo e refugia-se na Europa com o marido, que ali lidera uma grande revolução que recolocaria D. Maria II no trono português. Com a morte de D. Pedro, D. Amélia dedica seus dias a consagrar a memória do marido, herói de Portugal.  O casal tem uma única filha, D. Maria Amélia, prematuramente falecida.

Embora nunca mais voltasse ao Brasil, D. Amélia manteve intensa correspondência com os enteados, interferindo, a pedido deles, na escolha de seus cônjuges. Investiu sua fortuna na manutenção da família e cuidando dos pobres, nos vários institutos que criou e manteve. Faleceu em Lisboa, aos 61 anos, em 26 de janeiro de 1873 e foi trasladada para o Brasil em 1982, onde jaz na Cripta do Museu do Ipiranga.

Em profunda imersão documental, a autora detalha a vida da imperatriz, enquanto exilada na Europa. Vale a leitura.

* Advogado, empresário, presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e secretário-geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

 

 

 

 

 

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