Cúpula sobre Inteligência Artificial (*) – O primeiro-ministro britânico Rishi Sunak anunciou que a Inglaterra sediará a primeira Cúpula Internacional sobre Inteligência Artificial no mês de novembro. A iniciativa tem o apoio do Presidente Joe Biden, dos Estados Unidos e do Secretário Geral das Nações Unidas António Guterres. “Para aproveitar plenamente as extraordinárias oportunidades da IA, devemos perceber e enfrentar os riscos para garantir que ela se desenvolva com segurança nos próximos anos”, disse o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak. A Inglaterra tem se posicionado para assumir o papel de liderança na criação de mecanismos internacionais para a regulamentação do uso da Inteligência Artificial, principalmente nos planos militar e estratégico.
O governo britânico pretende discutir o desenvolvimento e a utilização com segurança da IA, analisando os riscos e discutindo o modo como estes podem ser mitigados por meio de uma ação coordenada internacionalmente. “Os modelos avançados de IA têm um enorme potencial para impulsionar o crescimento econômico, impulsionar o progresso científico e proporcionar benefícios públicos mais amplos, ao mesmo tempo em que representam potenciais riscos de segurança se não forem desenvolvidos de forma responsável”, diz o comunicado do Ministério da Ciência, Inovação e Tecnologia da Inglaterra. O país é sede de diversas empresas líderes no desenvolvimento de IA em áreas diversas como saúde, produção de alimentos, logística e militar. Esta última é a grande preocupação das potências mundiais.
Em junho, num debate provocado pela Inglaterra na ONU, o Secretário Geral apelou para a necessidade da criação de um sistema multinacional de controle e restrição do uso de armas letais autônomas (com poder decisório de engajamento e tiro sem intervenção humana), nos moldes em que já existem a Agência Internacional da Energia Atômica (AIEA) e o Grupo de Especialistas da ONU sobre o Clima (GIEC).
Pois é. Nessa hora é preciso muita canja de galinha e prudência, coisas que nunca fazem mal a ninguém.
(*) Com trechos de artigo publicado no Diário de Pernambuco em 24 de agosto de 2023, autoria de Isabel Alvarez.
Acordo forçado – A Microsoft tem mostrado um apetite pantagruélico na transição para a economia dos tempos de Inteligência Artificial. O investimento feito por ela na OpenAI e o desenvolvimento do ChatGPT fez com que a empresa tomasse a ponta na disponibilização de serviços de inteligência artificial generativa para usuários do mundo todo. Tem agido da mesma forma com seus serviços de nuvem, disponibilizando soluções administrativas e analíticas inovadoras baseadas em IA para grandes e médias empresas, saindo na frente das concorrentes. Fechou um acordo com a Meta para o desenvolvimento de um conjunto de ferramentas como o “Mesh para Teams”, um meta universo de colaboração coletiva empresarial que poderá ser acessado pelo Threads, da Meta, concorrente do antigo Twitter (hoje “X”) e também para o uso dos aplicativos do Office 365 na internet em produtos como Facebook e Instagram.
Tudo isso porque a companhia estadunidense, que é dona do Windows, antevê a redução do acesso e do uso da inteligência artificial em PCs e notebooks. A tendência mundial é que as pessoas e as empresas utilizem cada vez mais smartphones e tablets para trabalho e lazer. Aplicativos que já são líderes em suas áreas, que agora podem “rodar” nas nuvens, permitem que sejam editados vídeos e fotos num smartphone apenas razoável, por exemplo. O mesmo acontece com aplicativos empresariais, de reunião e administrativos. É uma nova realidade, que traz uma vantagem econômica gigantesca: as empresas e as pessoas não estão mais adquirindo um software, agora fazem uma assinatura de uso. Isso reduz o valor de entrada para novos usuários e multiplica o ganho gerado com o aplicativo para quem o criou, já que a assinatura é renovada a um dado período de tempo, normalmente anual. E de quebra, reduzirá a quase zero a pirataria que assola o setor desde sempre.
Mas, na última semana, a Microsoft sofreu um revés nesse avanço sobre tudo o que vê pela frente. A empresa foi obrigada a propor um acordo com o órgão antitruste do Reino Unido, para poder realizar a compra da Activision Blizzard, empresa produtora e distribuidora de jogos por streaming e detentora de títulos como “Candy Crush”, “Call of Duty”, “World of Warcraft” e “Overwatch”, todos com milhões de jogadores no mundo todo. O serviço de jogos por streaming é um nicho bilionário no mercado da Internet e a tendência é de crescimento exponencial com a substituição dos PCs e notebooks pelos smartphones e tablets. A Microsoft tinha fechado a compra da Activision por 69 bilhões de dólares, mas o organismo antitruste britânico vetou o negócio. Depois de muita discussão, inclusive em tribunais estadunidenses e europeus, a empresa decidiu fazer uma nova proposta que permite à Ubisoft, uma distribuidora de games francesa, comercializar as assinaturas dos games da Activison Blizzard fora do mercado da União Europeia, ou seja, no resto do mundo. Com a aceitação da nova proposta a venda poderá ser concluída, com a aprovação do Reino Unido.
Semana que vem falarei do conceito de armamento em “enxame” que é a bola da vez na arte de matar. Até lá.