No Brasil, as famílias são as principais responsáveis por cuidar de indivíduos com distintos níveis de dependência, como crianças, idosos e pessoas com deficiência. Essa característica faz com que o setor de cuidados tenha grande potencial para se transformar em frente de expansão de emprego, já que a demanda por trabalhadores da área de assistência e cuidadoras vem crescendo.
A Fundação Seade realizou pesquisa sobre cuidados em domicílio, e constatou que o trabalho de cuidados na família é majoritariamente feminino e parental. A maior participação das mulheres no mercado de trabalho, associada às mudanças demográficas recentes, apesar de alterar os arranjos familiares, não mudou substancialmente o fato de que o trabalho de cuidados ainda é relacionado ao papel das mulheres na sociedade. O estudo teve como objetivo investigar tanto a qualidade (e precariedade) de vida das famílias quanto o potencial do segmento para incorporar mão de obra.
Além do perfil das pessoas responsáveis pelo cuidado em domicílio, dentre a amostra pesquisada, o estudo da Fundação Seade apontou que pessoas com deficiências estão entre as mais dependentes de cuidados, e que os cuidados com crianças pequenas ficou restrito aos domicílios durante a pandemia de covid-19.
No Estado de São Paulo, à ocasião do estudo, concluído em 2022, 1,5 milhão de famílias tinham crianças com até cinco anos completos, sendo que 84% destas famílias tinham uma criança nesta faixa etária, 14% possuíam duas crianças e 2% tinham pelo menos três crianças. Em média, há 4,3 pessoas nas famílias com crianças até cinco anos completos. Com a paralisação das creches e escolas na pandemia, estas crianças passaram a maior parte do tempo exclusivamente sob os cuidados de suas famílias, em especial dos pais, com menor contato com outras crianças ou adultos. E voltaram a frequentar a escola no final de 2021, ainda com certas restrições.
Mesmo antes da pandemia, a economia do cuidado já vinha ganhando importância com número expressivo de trabalhadores mobilizados: 381 milhões no mundo, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Sejam idosos, pessoas com deficiência ou crianças, as pessoas que precisam de cuidados representam um contingente crescente, sobretudo frente ao envelhecimento da população no Brasil.