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Cuidado e proteção contra sol e calor intensos

ALFREDO RISK

A pele é o maior órgão do corpo humano e tem como principal função fazer a intera­ção do organismo com o am­biente externo. Por esse moti­vo, é ela quem sofre mais com os efeitos das altas temperatu­ras. A onda de calor que atinge Ribeirão Preto tem registrado nos termômetros temperatu­ras em torno de 40ºC e baixa umidade do ar. As altas tem­peraturas e o alerta de grande perigo emitido pelo Institu­to Nacional de Metereologia (Inmet) nesta semana provo­caram preocupação entre os moradores. O clima da cidade já é comparado ao deserto do Atacama, no Chile, o mais seco do mundo, onde a umidade do ar está entre 10% a 15%. Se­gundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o nível ideal de umidade do ar para o orga­nismo humano é entre 40% e 70%. O calor intenso exige cui­dados especiais para reduzir os efeitos do sol.

O Consenso Brasileiro de Fotoproteção da Sociedade Brasileira de Dermatologia, primeiro documento oficial sobre fotoproteção desenvol­vido no país, recomenda o uso de filtro solar com fator de pro­teção acima de 30.

“Quanto mais intensa for a exposição, maior será o fa­tor de proteção do filtro solar. Hoje temos protetores com fator de 70, 80 e até 99, mas é preciso saber qual e como usar”, explica o médico Weber Coelho, der­matologista pela SBD-Socieda­de Brasileira de Dermatologia e mestre em Dermatologia pela Faculdade de Medicina de Ri­beirão Preto-USP.

Como usar o filtro
Além da aplicação do pro­tetor solar adequado, é impor­tante a reaplicação periódica para garantir a proteção. “A re­aplicação deve ser feita a cada duas horas ou após imersão na água. Esse tempo depende­rá muito do grau e horário da exposição solar”, ressalta o mé­dico. É importante a orientação médica porque há peles com características específicas, mais ou menos sensíveis, histórico de câncer de pele na família, além de outras particularida­des como, por exemplo, o caso comum de peles sensíveis.

Weber Coelho, dermatologista pela SBD-Sociedade Brasileira de Dermatologia: A reaplicação deve ser feita a cada duas horas ou após imersão na água. Esse tempo dependerá muito do grau e horário da exposição solar

O dermatologista lembra do filtro solar labial, já que a exposição excessiva ao sol aumenta o risco de desenvol­vimento do câncer de lábios. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2020, fo­ram registados 15.190 novos casos, sendo 11.180 homens e 4.010 mulheres. É mais comum em homens acima dos 40 anos, sendo o quarto tumor mais fre­quente no sexo masculino na região Sudeste. A maioria dos casos é diagnosticada em está­gios avançados.

Em ambientes internos, a orientação é filtro solar com fator de proteção um pouco menor, por volta de 30. “Se a pessoa está no trabalho, em sala fechada com ar-condicio­nado e exposta a iluminação artificial, o fator de proteção pode ser mais baixo, mas, ain­da assim, não se pode deixar de usar filtro em ambientes fechados, já que fontes arti­ficiais também são emissoras de radiação ultravioleta”. Den­tre as fontes artificiais estão as lâmpadas e os equipamentos eletrônicos, como televisores, computadores e celulares.

Há outras medidas de proteção que devem ser asso­ciadas com o protetor solar, como roupas e acessórios. “Já existem roupas com fator de proteção que ajudam atletas ou pessoas que atuam com frequência sob o sol. Também é importante usar roupas de tecidos mais leves, que per­mitem a transpiração, além de chapéus, bonés”, detalha o mé­dico. Ele explica que roupas de cores claras são preferíveis, já que as cores escuras absorvem o calor e as claras o refletem, o que ajuda a aliviar a sensação térmica. Luvas também auxi­liam nesse cenário.

Óculos de sol deve ter lente com proteção à radiação ul­travioleta (UV). “A exposição direta ao sol prejudica a retina – camada fina de tecido loca­lizada no interior do olho, que converte raios de luz em ima­gem – e pode provocar a dege­neração macular, doença que ocorre em parte da retina cha­mada mácula, que leva à perda progressiva da visão central e dificulta principalmente a lei­tura”, explica Weber Coelho.

Complementam as medidas de proteção a hidratação da pele, com muita ingestão de água ou líquidos a base de sais minerais, dependendo de cada situação, e hidratantes mais leves e fluídos. “Não existe medida que, isola­damente, garanta uma proteção adequada, por isso é recomen­dada atenção a todas as formas possíveis de proteção para a pele”, salienta o especialista.

Calor e mosquitos, como proteger as crianças?
A chegada da primavera trouxe de volta o calor e, com ele, nuvens de pernilongos que têm atormentado os moradores de grandes cidades. Médico pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria, Paulo Telles conta que passou a receber diversas men­sagens dos pais, preocupados com a proteção das crianças.

“É muito importante lembrar que esses insetos podem ser veto­res de doenças sérias, como dengue, malária e febre amarela. Sem contar que podem causar reações alérgicas incômodas, como coceiras, feridas e bolhas que infectam, uma vez que a turminha coça bastante”, destaca.

O médico Paulo Telles destaca algumas formas de prevenção:
– Proteção mecânica: janelas fechadas, telas nas janelas, mos­quiteiro no berço. “Uso de ventiladores e ar-condicionado pode ajudar bastante também”, diz.

– Caça aos mosquitos: uso de raquetes elétricas ou panos antes de colocar o bebê no berço ou a criança na cama.

– Inseticida: é uma substância química ou orgânica, derivada de plantas, capaz de matar insetos. As características ideais de um repelente são repelir muitas espécies simultaneamente, ser eficaz por pelo menos oito horas, ser atóxico, ter pouco cheiro, ser resistente à abrasão e à água, cosmeticamente agradável e economicamente viável. Infelizmente, nem sempre estes requi­sitos podem ser cumpridos. “Os repelentes de insetos vêm em muitas formas, incluindo aerossóis, sprays, líquidos, cremes e bastões”, enumera o pediatra.

– Repelentes: podem ser feitos com produtos químicos ou in­gredientes naturais. “É importante alertar que pulseira embebi­da em inseticida; e ingestão de alho ou vitamina B1 oral não são medidas eficazes para repelir insetos, nem o uso de dispositivos ultrassônicos que emitem ondas sonoras”, conta Dr. Telles. Os melhores repelentes são à base de Deet ou de Icaridina.

“A Academia Americana de Pediatria recomenda que os repe­lentes não contenham mais do que 30% de Deet quando usados em crianças. E Icaridina em concentrações de 20%”, ensina.

Confira algumas dicas para usar repelentes com segurança:
– Leia o rótulo e siga todas as instruções e precauções.

– Aplique repelentes de insetos apenas na parte externa das roupas do seu filho e na pele exposta.

– Pulverize inseticidas em áreas abertas para evitar respirá-los.

– Use repelente apenas o suficiente para cobrir as roupas e a pele exposta do seu filho. Usar mais não torna o repelente mais eficaz. Evite reaplicar, a menos que seja necessário.

– Ajude a aplicar repelente de insetos em crianças pequenas. Supervisione crianças mais velhas ao usar esses produtos.

– Lave a pele de seus filhos com água e sabão para remover qualquer repelente quando eles voltarem para dentro de casa e lave suas roupas antes de usá-las novamente.

NUNCA!
– Nunca aplique repelente de insetos em crianças menores de 2 meses.

– Nunca borrife repelente ou inseticida diretamente no rosto. Em vez disso, borrife um pouco nas mãos e, depois, passe no rosto da criança, evitando os olhos e a boca.

– Não borrife repelente de insetos próximo da boca, feridas ou pele irritada.

– Não use produtos que combinem Deet com protetor solar. O Deet pode tornar o fator de proteção solar (FPS) menos eficaz. Esses produtos podem expor demais o seu filho ao Deet porque o protetor solar precisa ser reaplicado com frequência.

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