Sob clima tenso do lado de fora do CT da Barra Funda, o técnico Cuca foi apresentado na tarde desta segunda-feira pelo São Paulo. Enquanto a torcida pedia as saídas de membros da diretoria, incluindo o ídolo Raí, e de vários jogadores, dentro do local de treinamentos o novo comandante respondia sobre o fato de assumir a equipe em momento tão conturbado.
“Mesmo num momento complicado, venho muito energizado, queria muito estar amanhã no campo, mas infelizmente não posso. Tenho um final de tratamento que começou em 5 de dezembro e vai de quatro a seis meses para que eu esteja 100% apto. Mas, honestamente, acho que não vou esperar até o final desse tratamento, vou dar uma antecipadinha, porque sinto que estou bem bom”, disse.
Cuca só poderá trabalhar quando receber liberação médica, já que passou por cirurgia cardíaca no fim do ano passado. O presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, havia cravado o dia 15 de abril como o início oficial de trabalho de Cuca, que volta ao clube para sua segunda passagem. Em 2004, chegou até a semifinal da Copa Libertadores e ajudou a montar o elenco multicampeão na temporada seguinte – faturou o Campeonato Paulista, a própria Libertadores e o Mundial.
“Estou muito animado porque sinto que ainda posso contribuir para o São Paulo dentro da minha profissão. Sempre gostei de montar times dentro do orçamento que me é passado. Aqui não se trata disso, não estamos em dezembro, mas de melhora que vamos ter tanto dentro quanto fora de campo. Hoje estou fora, mas continuo atento ao mercado”, explicou o comandante.
Enquanto Cuca estiver fora, a equipe será dirigida por Vagner Mancini, coordenador de futebol do São Paulo, a exemplo do ocorrido no clássico do último domingo, contra o Corinthians.
Cuca ainda fez um pedido à torcida do São Paulo. “Pediria à torcida do São Paulo que tenha confiança em mim, da mesma forma que tenho no Raí, no presidente, no Mancini, que a gente vai fazer um trabalho bom”.
Torcida pede saída
Conforme havia prometido, a Torcida Independente, principal organizada do clube, foi para a porta do CT, na avenida Marquês de São Vicente, zona oeste de São Paulo, para se manifestar. Os alvos principais das críticas eram o presidente Leco, o diretor de futebol Raí e jogadores como Diego Souza e Nenê. “Raí, pede pra sair!”, gritaram, em determinado momento do protesto. Seguranças particulares e agentes da Polícia Militar ficaram em frente ao local, fazendo um cordão de isolamento.
No último domingo, parte da torcida do São Paulo entrou em confronto com a Polícia Militar em frente ao CT. Para conter os manifestantes, duas bombas de efeito moral e gás de pimenta foram lançadas contra os torcedores.