Por Luiz Carlos Merten
Madonna é uma grande performer no palco mas, como atriz, sua carreira tem tido altos e baixos. Recebeu duas vezes a Framboesa de Ouro como pior atriz, por Surpresa de Shanghai, ao lado do então marido, Sean Penn, e por Destino Insólito, o remake da comédia dramática da italiana Lina Wertmüller pelo segundo marido, Guy Ritchie. Entre os dois, foi indicada para melhor atriz no Saturn Award pela criação como Breathless Mahoney, na adaptação, por Warren Beatty, dos comics de Chester Gould, em Dick Tracy.Cinéfilos de carteirinha lembram-se dela cantando o tema do filme, Sooner or Later, no Oscar. Ela levou a estatueta. Venceu o Globo de Ouro de comédia ou musical por Evita em outra adaptação do musical de Andrew Lloyd Webber. Filmou com Penny Marshall (Uma Equipe Muito Especial) e Woody Allen (Neblina e Sombras) e ganhou nova indicação para a Framboesa de Ouro pelo documentário Na Cama com Madonna, de Alek Keshishian.
Foi uma garota de telegrama cantado em Sem Fôlego, de Paul Auster e Wayne Wang, fez participação especial em Girl 6, de Spike Lee, e outra como Verity, em Um Novo Dia para Morrer, de Lee Tamahori – no qual cantou o tema daquela aventura de 007, Die Another Day. Na verdade, toda essa carreira de altos e baixos no cinema tem seus momentos de brilho e, além de Evita, Madonna é ótima como a jovem Susan Thomas de Procura-se Susan Desesperadamente, de Susan Seidelman, em 1985. E agora vem a parte polêmica, com a qual muitos poderão não concordar. Quem já viu um show nas turnês de Madonna sabe que os telões não estão lá apenas para aproximar sua imagem do público, mas para interagir com a performance. É tudo muito cinematográfico.
E se a crítica da revista Time, Stephanie Zacharek, até certo ponto tem razão quando diz que Madonna parece antinatural como atriz, há que reconhecer que tudo o que ela fez diante das câmeras pode ter sido preparativo para sua atividade atrás delas – como diretora. Pois Madonna é ótima diretora, em Sujeira e Sabedoria e, principalmente, em W.E. – O Romance do Século, sua recriação do affair entre o Rei Eduardo VII e a plebeia Wally Simpson, que o levou a renunciar ao trono da Inglaterra. Com toques metalinguísticos à Godard, o filme tem uma cena digna de antologia, a preparação do chá. Madonna, afinal, é um bicho de cinema.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.