Somente na primeira quinzena de março, o volume de receitas do setor de turismo brasileiro caiu 16,7% em relação ao mesmo período do ano passado, o que representa uma perda equivalente a R$ 2,2 bilhões.
A estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada nesta semana, no Rio de Janeiro, projeta ainda que os prejuízos já sofridos pelo setor têm potencial de reduzir até 115,6 mil empregos formais.
Segundo a CNC, as restrições impostas pelo protocolo de ação em nível global para frear o ritmo de expansão do novo coronavírus, covid-19, e o fechamento das fronteiras a estrangeiros em diversos países atingiram em cheio o deslocamento de passageiros no Brasil e no mundo. Apesar das medidas econômicas emergenciais adotadas no mundo, a queda no fluxo de passageiros tende a impor severas perdas ao turismo.
Hotéis
A indústria de hotelaria é um dos setores mais afetados pela pandemia. Segundo Patrick Mendes, CEO da Accor na América do Sul, uma rede multinacional de hotéis, o setor já calcula uma queda de 90% nos negócios.
“Nós estamos com hotéis fechando todo o dia. Só hoje (quarta-feira) fecharam mais de 130 hotéis no Brasil. Na semana que vem, vai ter mais ou menos 300 hotéis que vão fechar no Brasil”, disse Mendes.
Em Ribeirão Preto o problema já pode ser notado. O Stream Palace encerrou momentaneamente suas atividades até 30 de abril. A rede está com atendimento em situações emergenciais no Hotel Black Stream (categoria econômica e com uma quantidade menor de apartamentos).
O presidente do Brasil Convention & Visitors Bureau, Márcio Santiago, tem uma previsão nada otimista para os próximos dias. “Os hotéis vão fechar ou por cautela ou por falta de ocupação. A situação é complexa, mas é em todas as cidades do Brasil”, diz.
Com relação a Ribeirão Preto, Santiago cita o cancelamento de eventos, como a Agrishow com impactantes para cidade. “Reservas foram feitas lá atrás e foram pagas. Com o adiamento vão querer o dinheiro de volta e isso será um problema. As empresas já pagaram impostos e tributos. Investiu o dinheiro”, explica.
Segundo ele o Convention está protocolando vários requerimentos em âmbitos federal, estadual e municipal solicitando a redução de impostos como ISS e IPTU. “Despesas virão, mas os hospedes não”, diz. “Todos os setores terão e passam por dificuldades, transporte terrestre, hotéis, companhias aéreas. Muda o endereço, mas o problema é igual para todos. Teremos desemprego, infelizmente esse é o caso”, completa. “Os setores que vão crescer são de serviços de entregas, supermercados e funerárias, pois muita gente vai morrer”, finaliza.
Governos lançam pacotes de ajuda
Governos da Europa e de outras regiões estão considerando liberar pacotes financeiros de apoio às suas companhias aéreas.
A imprensa italiana informou que o governo da Itália está considerando nacionalizar a companhia aérea Alitalia, que passa por dificuldades.
No Reino Unido, o governo revelou planos para a discussão de pacotes de ajuda a empresas aéreas e aeroportos.
Por sua vez, Moscou se comprometeu a permitir que as companhias aéreas adiem o pagamento de impostos.
Outras nações, como a Alemanha, também estão analisando medidas para aliviar o prejuízo sofrido pelas empresas de aviação.
Agências lançam campanha ‘Não Cancele, Remarque’
Agências de viagens brasileiras estão tentando reverter a crise no Turismo com a campanha “Não Cancele, Remarque”. Uma tentativa de fazer o turista que tinha viagens programas para esse primeiro semestre de realizá-la num futuro próximo.
Segundo a agente de viagens Michele Daibert, da agência KM Tour, não há como estimar o impacto que haverá no setor. Segundo ela, a procura agora é para resolver situações de viagens que estavam marcadas.
A agente Roberta Castilho diz que a grande maioria das pessoas está aderindo à campanha de remarcação de viagens. “Posso dizer que 99% dos casos entendem os problemas e buscam a remarcação. Há quem tem problema de não poder ir a uma nova data ou problema pessoal, mas a maioria está remarcando”.
Segundo Castilho, o problema está nas companhias aéreas. “Elas estão sobrecarregadas e conseguem atender por embarques próximos. Não conseguem resolver um voo, por exemplo, para maio. Os hotéis estão mais tranquilos em remarcação ou mesmo devolução de dinheiro”.
A agente diz que diariamente é procurado por pessoas que adquiriram viagens pela internet e não conseguem resolver o problema. “É uma verdadeira enxurrada de problemas. Estamos assessorando, mas não podemos fazer muita coisa, porque as viagens não foram adquiridas via agência”, finaliza.