A pandemia arrebentou financeiramente com todas as áreas da sociedade. O esporte não ficou de fora disso e o futebol muito menos. Grandes clubes estão em dificuldade. Equipes menores travam lutas árduas para sobreviver.
Os reflexos de uma crise inesperada – e que parece interminável no Brasil – são incalculáveis. Mas, não somente o futebol profissional está sofrendo. O departamento de formação, as conhecidas categorias de base, está passando por um momento de incerteza e paralisação.
Em Ribeirão Preto, nos clubes Botafogo e Comercial, a situação é bastante preocupante. Principalmente do lado Alvinegro. De acordo com o clube, neste momento, o Leão do Norte não tem trabalho de base sendo realizado.
Alguns jogadores do sub- 20 foram incorporados ao elenco profissional que disputou a Série A3, outros foram emprestados e o restante foi liberado. Nas demais categorias a situação é a mesma. Sem atividades, os atletas foram liberados.
Segundo José Lourenço, diretor de futebol do Comercial, as graves dificuldades de manter o futebol profissional se multiplicam na base. Para ele, é inviável pensar na base neste momento, já que a preocupação dos dirigentes é manter o clube vivo.
“A pandemia veio num momento muito adverso. O Comercial vive do seu torcedor e não podemos contar com ele, não temos arrecadação de bilheteria. Se no profissional a situação é complicada, imagina na base. Para disputar um campeonato sub-20, com todas as despesas, você gasta no mínimo R$ 370 mil. Eu diria que é praticamente impossível pensar na base neste momento”, disse Lourenço.
“Nós temos dimensão do que essa paralisação na base pode acarretar para o clube, mas acho que é impossível encontrar dificuldade maior do que a que estamos passando agora”, completou o dirigente.
O Comercial não tem previsão de voltar a movimentar suas categorias inferiores, já que nem mesmo as competições da FPF (Federação Paulista de Futebol) possuem datas e confirmação de que vão acontecer. Devido à pandemia, o futebol de base paulista ficou sem calendário.
Botafogo
Já no Pantera, a situação também é bastante complicada. Em nota enviada ao Tribuna, o clube informou que as atividades de base estão suspensas por conta da incerteza sobre a realização das competições promovidas pela FPF.
“As categorias de base do Botafogo estão com as atividades suspensas neste momento em razão da incerteza sobre a realização das competições promovidas pela FPF (Federação Paulista de Futebol). O clube está estruturando as categorias de base para o momento que tiver a sinalização para o retorno das competições. Já temos o organograma das categorias de base para colocar em prática assim que retornar as competições de base”.
“Os principais jogadores das categorias sub-17 e sub- 20 estão treinando com o elenco principal. Atualmente, são 14 jogadores revelados nas categorias de base inscritos na disputa do Campeonato Brasileiro da Série C, assim como ocorreu no Campeonato Paulista. Temos outros atletas mais novos que estão em casa em razão da pandemia e estamos honrando os compromissos de bolsas com estes jovens atletas”.
No segundo semestre, o Botafogo deve disputar a Copa Paulista com um time formado por garotos do time sub-20 e outros do sub-17. No ano passado o clube usou a mesma estratégia e pinçou para o time de cima talentos como Dudu Hatamoto e Marlon.
O clube também manteve em seu quadro funcionários o técnico Samuel Dias, que virou auxiliar técnico permanente do Pantera, e o preparador físico Lucas Faria, entre outros.
Além dos atletas que foram incorporados ao elenco principal, dois foram emprestados para clubes de Série A. Tortello, de 17 anos, foi emprestado para o Internacional até o final de 2022, enquanto o zagueiro Lucas Inácio, de 18 anos, está no São Paulo. Foi feita uma parceria nas negociações. Alguns outros jogadores foram emprestados para disputar a Série A3, Campeonato Mineiro e outros estaduais.