O servidor público Francisco José Musse Júnior, funcionário concursado da Secretaria Municipal de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Saerp), se apresentou à Polícia Civil na tarde desta quinta-feira, 13 de junho, e foi preso por participação no assassinato do jovem Ruan César Godoi, de 22 anos, crime que chocou a cidade.
O rapaz foi baleado na cabeça por engano. Musse Júnior é o piloto da motocicleta que levou o comerciante Rafael Mazzucato, de 41 anos, ao estacionamento na avenida Jerônimo Gonçalves na madrugada de 2 de junho, após uma briga com funcionários do estabelecimento. .Juan Godoi levou um tiro na cabeça disparado por Rafael Mazzucato.
O rapaz morreu três dias depois no Hospital das Clínicas – Unidade de Emergência. Ele usava camiseta e boné pretos, vestuário semelhante ao do funcionário do estacionamento, alvo de Mazzucato e Musse Júnior, que teve a prisão preventiva decretada pela juíza Marta Rodrigues Maffeis, da 1ª Vara do Júri e das Execuções Criminais de Ribeirão Preto, no início desta semana.
A magistrada já havia decretado a prisão temporária de Rafael Mazzucato por 30 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 30. Já a preventiva é por tempo indeterminado. Os dois são investigados por homicídio doloso, ou seja, cometido com intenção de matar, e qualificado por motivo fútil e meio que impossibilitou defesa da vítima.
Rafael Mazzucato se apresentou à Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) na tarde do dia 6. “Uma testemunha, funcionário do estacionamento onde ocorreu o crime, prestou depoimento disse que o assassinato não ocorreu por causa do pagamento do tíquete de R$ 15, e sim por causa de mulher. Outro funcionário do estabelecimento estaria saindo com uma ex-namorada de Musse Junior.
A suspeita é que o servidor da Saerp tenha combinado o atentado com Mazzucato, caracterizando crime premeditado. Segundo a testemunha, o pagamento do tíquete teria sido apenas um pretexto. Ruan César Godoi estava no estacionamento após a briga que envolveu a dupla e funcionários do estabelecimento, na avenida Jerônimo Gonçalves, próximo a uma casa de shows na região da Baixada, no Centro de Ribeirão Preto.
Ruan Godoi, que durante o dia trabalhava como borracheiro e á noite fazia bico como ajudante de uma banda que havia se apresentado na casa de shows na noite de sábado (1º), aguardava o manobrista do estacionamento entregar o carro.
Rafael Mazzucato voltou ao estacionamento depois de se envolver em uma briga no local 20 minutos antes. Chegou na garupa da motocicleta Honda Biz pilotada por Musse Júnior e desceu armado, disparando na direção do rapaz, que foi atingido na cabeça por engano.
Os dois devem responder por homicídio doloso (quando há a intenção de matar) qualificado com erro de execução. Existe a possibilidade de acareação após a prisão do motorista da motocicleta. Segundo o diretor da Deic, Kleber de Oliveira Granja, há inconsistências nos depoimentos.
Mazzucato deve ficar preso por 30 dias, prorrogáveis por outros 30 dias, período em que o inquérito deve ser concluído e o caso encaminhado para a Justiça e para o Ministério Público de São Paulo (MPSP), responsável pela denúncia. Ele está na Cadeia Pública de Santa Rosa de Viterbo.
No dia da prisão, disse que teria sido manipulado pelo amigo que pilotava a motocicleta, Francisco José Musse Júnior, que prestou depoimento no dia 4, voltou a dizer ontem ter sido ameaçado pelo autor dos disparos para levá-lo ao estacionamento.
Ele nega qualquer rixa com funcionários do estacionamento e disse que Rafael Mazzucato ficou bravo com porque o estabelecimento cobrou a estadia do carro duas vezes. O advogado do atirador, José Ricardo Romão, disse que vai avaliar a situação para definir se entra com habeas corpus em favor de seu cliente.
Ele sustenta que Rafael Mazzucato estava nervoso pelas agressões sofridas e queria apenas “dar um susto” na pessoa que o agrediu. Diz ainda que foi o motorista da moto quem começou a briga no estacionamento. A defesa de Francisco José Musse Júnior disse que ainda não teve acesso ao depoimento do autor do disparo e sustenta a versão do cliente.
Ruan César Godoi foi sepultado no dia 7, em Ribeirão Preto. A Secretaria Municipal de Água e Esgoto informa em nota que o referido servidor é concursado da pasta e que “a pasta não foi notificada pelo Judiciário sobre os fatos imputados ao mesmo.” A advogada Mariana Queiros Reis, que defende Musse Júnior, disse que vai recorrer. Aguarda a inclusão das imagens das câmeras de segurança no inquérito para comprovar a inocência dele.