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Cresce o número de incêndios em vegetação em RP 

Menos chuva, maior quantidade de material de fácil combustão e imprudência: essa é a receita para fazer quase duplicar o número de queimadas em SP 

Somente em Ribeirão Preto, neste ano foram 62 ações contra 76 em 2023 e 98 em 2022  (Alfredo Risk)

Adriana Dorazi – especial para o Tribuna Ribeirão

Nos primeiros seis meses deste ano Ribeirão Preto já realizou 62 ações de combate a incêndios em vegetação com o apoio da Defesa Civil. Em 2023 foram 98 apoios em todo ano e em 2022, 76. Esses números seguem a tendência de crescimento do Brasil. São 60% a mais de focos em todo território nacional e surpreendentes 173% de elevação no estado de SP.

O coordenador de Defesa Civil de RP, Stélio Manuel Correia da Fonseca, destaca o trabalho conjunto com a GCM, Bombeiros e Polícia Florestal no combate às queimadas (Alfredo Risk)

De acordo com o coordenador de Defesa Civil de RP, Stélio Manuel Correia da Fonseca, esse trabalho – vinculado à atuação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) – viaturas fiscalizam constantemente a área rural e Áreas de Preservação Permanente (APPs) com trabalho preventivo que se une às patrulhas rurais e da Polícia Ambiental.

“Quando as equipes se deparam com algum princípio de incêndio iniciamos o combate às chamas, muitas vezes nem é necessário o apoio do Corpo de Bombeiros. Caso seja incêndio de proporção maior acionamos os bombeiros e o inverso também acontece, quando a corporação está combatendo o fogo também nos chamam para apoiá-los com nossos equipamentos e homens”, explicou.

O aumento levou a equipe de atuação a intensificar também os treinamentos, o mais recente no início deste mês de julho. Antes, também neste ano, a Defesa Civil de RP passou por treinamento (teórico e prático) com a Defesa Civil do estado em maio, na cidade de Barrinha, dentro da operação ‘SP sem Fogo”. “Os guardas já capacitados são habilitados a trabalhar com os equipamentos que a instituição possui, como duas viaturas equipadas com motobombas com tanques com 400 litros de água e mangueiras de trinta metros, um caminhão pipa com a capacidade de 12 mil litros de água, bombas costais e abafadores”, detalha Stélio.  

Mais fogo visto no mapa
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) o Brasil já registrou este ano, até o último dia 25, mais de 33,6 mil focos de incêndio em vegetação, perdendo apenas para a Venezuela no ranking composto por 14 países das Américas do Sul e Central.

O crescimento do fogo é assustador: 60% em relação ao mesmo período do ano passado. Só no estado de SP crescimento de 173%. O relatório do INPE também registrou 3762 queimadas entre os municípios da região nordeste do estado, incluindo Ribeirão Preto.

O índice em elevação preocupa já que as queimadas são um problema crônico. Dados da Agência Brasil confirmam que quase um quarto do território brasileiro pegou fogo, ao menos uma vez, no período entre 1985 e 2023. Foram 199,1 milhões de hectares, o equivalente a 23% da extensão territorial brasileira.

Da área atingida por incêndio, 68,4% eram vegetação nativa, enquanto 31,6% tinham presença da atividade humana, notadamente a agropecuária. O Cerrado e a Amazônia são os principais biomas vítimas da ação do fogo, seja de origem natural ou provocada pelo homem. Juntos, são 86% da área queimada.

A maior parte das queimadas não tem origem natural, quase sempre causado ou iniciado pela atividade humana. A estação seca, entre julho e outubro, concentra 79% das ocorrências de área queimada no Brasil, sendo que setembro responde por um terço do total. Quase metade (46%) da área queimada está concentrada em três estados: Mato Grosso, Pará e Maranhão. De cada 100 hectares queimados, 60 são em territórios particulares.

O bioma que mais queimou proporcionalmente a sua área foi o Pantanal, com 9 milhões de hectares. Embora seja apenas 4,5% do total nacional, essa extensão representa 59,2% do bioma. Por mais que seja adaptado ao fogo, o Pantanal enfrenta incêndios intensos principalmente devido às secas prolongadas. 

Além de danificar a cobertura vegetal que, entre outras consequências, o fogo descontrolado altera o equilíbrio ambiental, é importantes fonte contribuidora para o efeito estufa, uma vez que liberam o carbono armazenado na biomassa para a atmosfera na forma de gás carbônico (CO²), muitas vezes ligado também ao desmatamento.

Clima extremo
Entidades especializadas em mapear queimadas em vegetação constataram que a partir de 2022/2023 houve aumento de focos que tiveram como fator influenciador as mudanças climáticas, que causaram secas severas, contribuindo para que terrenos ficassem mais sensíveis a alastramento de incêndio.

Uma área de mais de 17,3 milhões de hectares foi queimada no Brasil em 2023, tamanho maior que o território de alguns estados, como Acre ou Ceará, 2% do total nacional. Houve aumento de 6% em relação a 2022, quando 16,3 milhões de hectares foram atingidos pelo fogo. Os dados são da plataforma Monitor do Fogo, do MapBiomas.

“No ano passado o El Niño desempenhou papel crucial no aumento dos incêndios na Amazônia, uma vez que esse fenômeno climático elevou as temperaturas e deixou a região mais seca, criando condições favoráveis à propagação do fogo”, avalia a diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e coordenadora do MapBiomas, Ane Alencar.

Em relação ao uso e à cobertura da terra, em 2023, as pastagens foram as mais afetadas pelo fogo, correspondendo a 28% do total da área queimada. Os tipos de vegetação nativa de formação campestre (vegetação com predomínio de gramíneas e outras plantas herbáceas) e de formação savânica (vegetação com árvores distribuídas de forma esparsa e em meio à vegetação herbáceo-arbustiva contínua) corresponderam a 19% e 18% do total de área queimada, respectivamente.

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