Por meio do programa “Uma Nova Chance”, do Bosque Zoológico Municipal Doutor Fábio de Sá Barreto, a equipe de veterinários continua recebendo animais silvestres vítimas de ações humanas. A proposta é resgatar, tratar e reinserir esses animais na natureza, o que ocorre com 70% dos atendidos.
De acordo com o veterinário do Bosque Fábio Barreto, César Branco, o programa oferece apoio também aos animais silvestres vítimas de queimadas ocorridas em Ribeirão Preto e região. “Estamos com muitos focos de incêndio em toda região”, ressalta.
Segundo o veterinário, o Bosque Fábio Barreto recebe, em média, de dois três animais feridos durante o ano, mas nesta época de estiagem – inverno e primavera – o atendimento aumenta entre 500% e 600%. A média hoje oscila entre 14 a 16 bichos socorridos diariamente.
Segundo o Bosque Fábio Barreto, devido aos constantes incêndios em toda a região nesta época do ano, existe um aumento grande no número de recebimentos de animais apresentando queimaduras. Indiretamente, quando fogem acabam sendo atropelados nas estradas regionais.
O zoológico ainda ressalta que neste período do ano tem início a época reprodutiva de diversas espécies da região, influenciando também no aumento do número de filhotes que dão entrada no Bosque Fábio Barreto. Os pacientes mais recentes são um tamanduá-mirim, um gambá-de-orelha-preta, um cachorro-do-mato, uma jibóia e um urubu, todos com queimaduras pelo corpo.
“A maioria dos animais queimados entra em tratamento emergencial devido a gravidade das lesões, necessitando de tratamento intensivo e em muitos casos até enxerto de pele”, diz nota do Bosque Fábio Barreto enviada à redação do Tribuna pela Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da prefeitura de Ribeirão Preto.
“É importante lembrar a população que fazemos o atendimento dos animais vitimizados. Após o resgate, fazemos os tratamentos clínicos ou cirúrgicos e avaliamos a possibilidade de voltarem para a natureza. Quando é possível, encaminhamos para a soltura monitorada”, explica César Branco.
Os animais que não sobreviveriam na natureza pela gravidade das sequelas ou estão acostumados com os seres humanos, são destinados a programas de reprodução, principalmente os ameaçados de extinção, como é o caso de uma fêmea de lobo-guará que teve uma perna amputada.
Cerca de três meses após ser resgatada ferida, em uma fazenda de Altinópolis, na Região Metropolitana de Ribeirão Preto, a fêmea de lobo-guará se recupera no Bosque Fábio Barreto. O animal precisou amputar o membro e passa por um processo de reabilitação.
A loba, que tem entre três e cinco anos, foi resgatada pelo Corpo de Bombeiros de Ribeirão Preto e levada ao Bosque Fábio Barreto. De acordo com o médico veterinário Cesar Branco, ela chegou com um quadro de desidratação e desnutrição e tinha ferimentos nas duas pernas dianteiras.
A suspeita é que ela tenha permanecido presa na forquilha por dias até ser salva. Em decorrência da gravidade dos ferimentos , o animal precisou ter a pata direita amputada, para que um processo infeccioso não se alastrasse. Apesar de ainda estar se recuperando, o prognóstico dos veterinários é positivo.
Informações sobre bichos silvestres feridos ou perdidos podem ser passadas para o Corpo de Bombeiros (telefone 193), Polícia Ambiental (3996- 0450) e do zoológico (99969- 2728). O Bosque Fábio Barreto fica na rua Liberdade s/nº, no bairro Campos Elíseos. Atende presencialmente de quarta-feira a domingo, das nove horas às 16h30, com diversas medidas de segurança para evitar a propagação da covid-19. Fecha aos feriados. Mais informações podem ser solicitados pelos telefones (16) 3636-2283 e 3636-2513.
A entrada é franca. O zoológico tem cerca de 830 animais de 156 espécies sob seus cuidados. O Bosque de Ribeirão Preto está localizado no Parque Municipal Morro do São Bento, um espaço de lazer com 250.880 metros quadrados de muita área verde com Jardim Japonês, lagos, flores, quiosques, pontes, alamedas para caminhadas e um mirante de 45 metros de altura.
No local existem 30 espécies de primatas, felinos e roedores, entre eles pumas, onças, capivaras, cervos, antas, saguis, micos raros e os divertidos macacos-prego. No setor de répteis faz sucesso o Terrário com suas serpentes peçonhentas e não peçonhentas (sem veneno) e lagos com tartarugas, lagartos e jacarés em extinção, como o jacaré-de-papo-amarelo.
Já no Aquário existem peixes brasileiros de várias espécies, raias e lontras. Também há aves de todos os tipos, como araras e tucanos. Desde 2011, os animais do Bosque Fábio Barreto recebem presentes em comemoração ao Natal. Neste ano não deve ser diferente.