‘Se você tivesse investido R$ 5 mil na Petrobras no final de 2015, vendendo as ações em janeiro de 2018, você teria mais do que dobrado o seu capital. Enquanto em outras opções, como o Tesouro Direto e a Poupança, o seu dinheiro mal teria rendido R$1 mil’. Com essa informação, a Toro Investimentos, uma corretora de valores autorizada pelo Banco Central, tenta, em seu site, atrair mais ou novos investidores.
E parece que esse tipo de informação aliada a um público investidor mais arrojado tem surtido efeito. No mês passado, 20% do volume de compra e venda de ações na Bolsa de Valores foram de pessoas físicas. O percentual é um dos maiores dos últimos anos, perdendo apenas para 2011, quando foi registrado pouco mais de 21%. Isso representa 1,16 milhão de brasileiros, uma vez que investidores estrangeiros são registrados de maneira separada.
“Alguns fatores explicam essa demanda alta, são eles o maior otimismo em relação à economia, as medidas econômicas pró mercado, queda no rendimento das aplicações de renda fixa e principalmente maior curiosidade do público e acesso à informação, cursos e palestras sobre o tema”, explica Felipe Borba, assessor de investimento, da RP Capital – empresa de assessoria de investimentos com mais 12 anos de atuação no mercado financeiro.
Primeiros passos
Mas que é necessário para começar a investir na bolsa, quais os primeiros passos? Segundo Borba, o primeiro passo é abrir uma conta em uma corretora de valores, dado que todas as ordens de compra ou venda de ações obrigatoriamente devem ser intermediadas por elas. “Hoje são diversas as que oferecem o serviço e disponibilizam plataformas de negociação e até aplicativos que são utilizados para as operações. A partir da abertura da conta o investidor deve realizar uma transferência para a corretora e já estará apto a comprar ações entre outros ativos negociados pela B3, a bolsa brasileira”, diz Borba. Segundo ele, o ideal é que o investidor busque a assessoria de um escritório vinculado a uma corretora que tenha renome no mercado e a partir daí é necessário acompanhar e realocar a carteira quando necessário.
Borba destaca que não existe quantia mínima para investir. “Mas o ideal é que o investidor tenha ao menos o suficiente para comprar um lote das ações desejadas, para que os custos não se tornem inviáveis em relação ao total investido”, diz.
Riscos
Quando se fala em ações, bolsas de valores, moedas digitais, para muitos aparece um fator que se transforma em barreira: os riscos. Borba salienta que o investimento em bolsa de valores é chamado ‘renda variável’, ou seja: o investidor pode ter rentabilidades que variam a depender das condições do mercado, do setor da empresa ou mesmo da própria empresa envolvida. “Por esse motivo as aplicações em bolsa oferecem riscos maiores do que os investimentos em renda fixa e é muito comum que o mercado caia por conta de eventos globais, crises no ambiente interno ou até mesmo noticiário político e econômico”, ressalva.
Para o especialista as vantagens são de permitir ao pequeno investidor tornar-se acionista de diversas empresas que fazem parte do seu cotidiano e obter também uma pequena parcela dos lucros dessas empresas, os dividendos. “É uma forma democrática e acessível de acessar o mercado de capitais e diversificar os investimentos com um montante de capital que não precisa ser grande. Há também a possibilidade de obter maior rentabilidade em relação aos investimentos tradicionais, principalmente agora que a taxa de juros está no menor patamar de nossa história e a renda fixa está pagando cada vez menos”, finaliza.
A experiência de novos investidores Cervejaria de RP abre capital
Completando oito anos em agosto, a Cervejaria Invicta de Ribeirão Preto deixará de ser uma Empresa de Responsabilidade Limitada (LTDA) para ser uma Sociedade Anônima com o objetivo de fazer com que os consumidores da marca e apaixonados por cerveja possam ser sócios do negócio.
“Não é uma ação de marketing para colocar nome no tanque e oferecer brindes. É uma mudança para que todos sejam donos da Cervejaria Invicta. Quem comprar uma quota terá benefícios de sócio por fazer parte do negócio”, revela Rodrigo Silveira, diretor e mestre-cervejeiro da Invicta.
O processo é regulamentado pela Comissão de Valores Monetários (CVM), através de uma plataforma de crownfuding, com cotas a partir de R$500,00.
O jornalista e narrador esportivo Jorge Vinicius, do Grupo Thathi, estava em férias com a família, no final do ano passado, quando foi incentivado por familiares a investir na Bolsa de Valores. Vinicius que havia vendido um imóvel resolveu apostar até comprar outro. Segundo ele, deu certo. “Vamos dizer que eu acertei na maioria das vezes. Em 100 dias eu lucrei em 82”, avalia.
O narrador conta que teve sucesso nos primeiros dias, o que aumentou sua confiança. Mas que perdeu em seguida. “Percebi que tinha que contar com a ajuda de profissionais. Esse é o caminho correto, senão você pode perder muito”. Hoje ele paga para dois especialistas dar orientações e informações importantes. O investimento não é alto. Segundo ele, paga R$ 30,00 para participar de um grupo de investidores, que recebem as informações por meio de um aplicativo, e R$ 100,00 para receber dicas de outro.
Vinicius ressalta que investir em bolsa não significa ter muito dinheiro. “As pessoas podem pensar que é coisa de milionário, mas não é assim”. Especialistas endossam o jornalista. Segundo eles, muitos estão trocando investimentos, como poupança, por outros mais arriscados, como a bolsa.
O gerente comercial Fabrício Guiraldeli , é um exemplo. Ele entrou na bolsa a poucos dias. “Comecei investir há 40 dias. Comecei investir com uma pequena reserva que tinha em poupança, mas que rendimento era muito irrisório e enxerguei em compras de ações oportunidades mais rentáveis”, diz.
Vinicius dá duas dicas importantes para quem começar. “Primeiro é buscar apoio profissional. Não aconselho a entrar no mercado por conta própria. E segundo é não ser ganancioso. Achar que vai ganhar tudo de uma vez. Isso é perigoso. Vi muita gente gananciosa perder tudo. O dinheiro não aceita desaforo”, finaliza.
O ex-bancário e hoje assessor de investimentos, João Luiz Januzzi Palmitesta, de 34 anos, é outro que aposta nas ações. Ele diz como investidor e como especialista na área que o cenário é favorável “com juros baixo e o Brasil no caminho certo aprovando reformas, ajustando as contas públicas e fazendo o dever de casa”.
“Quanto ao medo, costumo falar que todos temem o desconhecido.Depois que você estuda, entende a lógica, tem os objetivos de longo prazo bem definidos, você deixa de ter medo e passa a ver tudo como oportunidade”.