O motorista da Clínica Veterinária Ricardo, que presta serviço de recolhimento de animais de grande porte para a prefeitura de Ribeirão Preto, afirmou em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Eutanásia que sacrificou um cavalo em 24 de agosto, no Jardim Branca Salles, na Zona Oeste de Ribeirão Preto. O eqüino estaria com as patas quebradas, teria sido abandonado às margens de um córrego próximo ao bairro e foi “morto” a pedido da Coordenadoria do Bem-Estar Animal (Cbea).
No depoimento desta segunda-feira, 3 de setembro, na Câmara de Vereadores, Gilson Aparecido Alves dos Santos disse que já fez o procedimento em outros animais. Ele não é veterinário. Agora a CPI vai pedir ao Conselho Regional de Veterinária informação para saber se, mesmo sem formação profissional, o motorista poderia ter feito a eutanásia.
Já em seu depoimento, Carolina Vilela, responsável pela Coordenadoria do Bem-Estar Animal de Ribeirão Preto, afirmou que o contrato da prefeitura com a clínica Ricardo não estabelece prazo máximo para o atendimento e recolhimento dos animais. Essa demora, segundo a comissão, pode ter agravado o estado de saúde do cavalo, provocando sua morte.
Janaina Gimenes, testemunha ouvida pela comissão e que denunciou a morte do animal, garante que o cavalo agonizou por cinco dias e que durante esse tempo tentou falar de seu celular, sem êxito, com o serviço 0800 disponibilizado pela clínica. “Descobrimos durante os depoimentos que este serviço não aceita chamadas feitas a partir de celular”, afirmou o vereador Marcos Papa (Rede Sustentabilidade, presidente da CPI.
“É mais um ato de crueldade praticado pela Coordenadoria de Bem-Estar Animal. O motorista da empresa confessou ter realizado eutanásia sem anestesia e sem a presença de um veterinário, o que é uma prática ilegal e cruel. As protetoras que vieram confirmaram que durante cinco dias tentaram contato sem sucesso com a empresa contratada”, emenda o parlamentar.
Carolina Vilela voltou a dizer que segue as normas previstas em lei. A próxima etapa da investigação prevê o depoimento, em 10 de setembro, do proprietário das Clinica Veterinária Ricardo. O contrato da licitação para prestação do serviço será solicitado à prefeitura. Em entrevista ao Tribuna, o secretário do Meio Ambiente, a quem a Coordenadoria do Bem-Estar Animal é subordinada afirmou que o procedimento obedeceu todas as exigências previstas.
“O cavalo estava nas margens de um córrego com as quatro patas quebradas e a indicação neste caso era a eutanásia”, disse. Em nota distribuída a imprensa, a prefeitura diz que “a Coordenadoria de Bem-Estar Animal esclarece que, o animal encontrado no bairro Branca Salles, na última sexta-feira (24), estava com as patas quebradas, em sofrimento. Após ser acionada, a empresa terceirizada de recolhimento esteve no local e foi realizada, por orientação veterinária, obedecendo as normas técnicas do Conselho de Medicina Veterinária, a eutanásia”.
E prossegue: “Em seguida, a coordenadoria acionou os bombeiros, que tentaram retirar o animal, sem sucesso. A solução encontrada foi, então, enterrar o animal no local, com auxílio de maquinário do Departamento de Água e Esgotos (Daerp), seguindo as normas da Companhia de Tecnologia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb)”. Além de Papa, participaram da audiência Jean Corauci (PDT), Adauto Honorato, o “Marmita” (PR) e Paulo Modas (Pros).