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CPI do BNDES – Palocci fica em silêncio de novo

Foto: Lindomar Cruz/ Agência Brasil

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banco Na­cional de Desenvolvimento Eco­nômico e Social (BNDES) não conseguiu ouvir novamente An­tonio Palocci Filho, o ex-minis­tro dos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva (Fazenda) e da Casa Civil (Dilma Rousseff). A defesa alegou que, sem a auto­rização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, o ex-prefeito de Ribeirão Preto continuaria em silêncio.

Na primeira audiência, em 29 de maio, Palocci ficou em silêncio. Preso e condenado na Operação Lava Jato, o ex-minis­tro seguiu a orientação de seus advogados e da Procuradoria- Geral da República (PGR), com quem negocia novos acordos de colaboração, e se calou. No mês passado, ele depôs com autori­zação do ministro Edson Fachin – que homologou sua delação, hoje sob sigilo.

O segundo depoimento es­tava marcado para segunda-feira (17), mas a defesa tentou cancelar a sessão e o ex-petista compare­ceu à Câmara dos Deputados na quarta-feira. A sessão foi fechada novamente. O presidente da CPI do BNDES, deputado Vanderlei Macris (PSDB/SP), pediu autori­zação a 12ª Vara Federal para que Palocci deixasse sua residência (onde cumpre prisão domiciliar) e fosse à Câmara. Além do direi­to ao silêncio, Edson Fachin con­cedeu ao ex-ministro o direito de não ter a imagem registrada.

Os advogados do ex-minis­tro chegaram a entrar com um pedido de habeas corpus no STF pedindo a liberação do petista da sessão de quarta-feira na CPI. Fachin manteve a obrigação do ex-ministro ir, mas o autorizou a ficar em silêncio sem prejuízo a sua defesa. Desta vez, os defenso­res entraram com um pedido para saber se e o que Palocci poderia se pronunciar, mas até o início da sessão, o ministro não havia se pronunciado. Alegando a dúvida, os advogados de Palocci pediram a transferência da oitiva.

Preso em setembro de 2016, Palocci fechou delação com o Ministério Público do Distrito Federal no início do ano. No acordo, ele delatou fraudes pra­ticadas em fundos de pensão ligados a empresas e bancos es­tatais, alvo da Operação Green­field, deflagrada em 2016. Além desse acordo, o ex-ministro tem outros dois assinados, o primei­ro em abril e o segundo em ou­tubro. Foram negociados com a Polícia Federal em Curitiba e de Brasília, respectivamente.

Palocci foi condenado a nove anos e dez dias de prisão por corrupção e lavagem de dinhei­ro. Em setembro de 2016, ele foi preso na Operação Omertà, des­dobramento da Lava Jato. Para se livrar da prisão, fechou acordo de delação com a Polícia Federal, homologado pelo desembargador Gebran Neto, relator da Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4). No dia 29 de novembro, o ex-ministro deixou a prisão dois anos e três meses de­pois de detido para cumprir pena provisória em regime prisional semiaberto domiciliar, com tor­nozeleira eletrônica.

Em 6 de junho, o juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, aceitou no dia 6 denúncia por corrupção apre­sentada contra o ex-presidente Lula, o empresário Marcelo Ode­brecht e os ex-ministros Palocci e Paulo Bernardo. Lula e Palocci são acusados de terem acertado o recebimento, entre 2009 e 2010, de US$ 40 milhões (R$ 64 milhões em valores da época) em troca do aumento do limite da linha de crédito para exportação de bens e serviços entre Brasil e Angola, em benefício da Construtora Odebre­cht. Segundo os autos, a autoriza­ção pelo governo brasileiro teria sido de US$ 1 bilhão.

A denúncia foi apresentada pela procuradora-geral Raquel Dodge, em abril de 2018. Na peça apresentada pelo MPF ao Supre­mo Tribunal Federal, além de Lula, Bernardo e Palocci, também foi denunciada a então senadora, hoje deputada federal, Gleisi Ho­ffmann (PR), presidente nacional do PT. A denúncia, no entanto, foi desmembrada.

Lula, Palocci e Paulo Bernardo são suspeitos de terem recebido o valor em propina da empresa. De acordo com o MPF, o dinheiro te­ria sido colocado à disposição do PT. Os três são acusados do crime de corrupção passiva. Na Odebre­cht, além de Marcelo, outros dois executivos ligados à empresa vira­ram réus: Ernesto Sá Vieira Baiar­di e Luiz Antônio Mameri. Os três são acusados de corrupção ativa.

A defesa de Lula diz que a abertura da ação penal “reforça o uso perverso da lei e dos proce­dimentos jurídicos para fins po­líticos”. Segundo a nota, assinada pelo advogado Cristiano Zanin, “Lula jamais solicitou ou recebeu qualquer vantagem indevida an­tes, durante ou após exercer o car­go de Presidente da República”.

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