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CPI da Pandemia – Médica nega ter sugerido mudanças da ‘cloroquina’

EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO

A médica oncologista e imunologista Nise Yamagushi negou nesta terça-feira, 1º de junho, ter sido uma das res­ponsáveis por tentar alterar a bula da cloroquina para que o uso do medicamento fosse recomendado para infectados pelo novo coronavírus.

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado, os par­lamentares lembraram a fala do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa), Antonio Barra Torres, à comis­são de que em uma reunião na Casa Civil uma minuta com esse fim teria sido apresentada.

Perguntada se foi ela quem preparou o documento, a imu­nologista respondeu não. “De forma alguma, não. Eu devo di­zer para o senhor o seguinte: eu não fiz nenhuma minuta, inclu­sive, não conhecia esse papel”, declarou. Nise confirmou que houve a reunião com Barra Tor­res e o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Disse que, ao final do encon­tro, foi chamada para falar sobre a mudança da bula. “Essa minu­ta não falava de bula, falava da possibilidade de haver uma dis­ponibilização de medicamen­tos”, disse a médica. A reunião com esse objetivo também foi citada à comissão por Mandetta.

A médica também negou fazer parte de uma espécie de “gabinete paralelo” de acon­selhamento sobre medidas de combate à pandemia. A imu­nologista foi convidada para falar à CPI por sua defesa ao tratamento precoce de pacien­tes da covid-19 com uso de cloroquina, medicamento sem comprovação de eficácia con­tra coronavírus.

No depoimento, ela afir­mou que “é uma colaboradora eventual de qualquer governo”. Segundo Nise Yamagushi, atu­almente, sua participação se dá de forma ” técnica” e específi­ca, quando convidada. Sobre as consequências da “demora” na compra de vacinas contra a covid-19, Nise avaliou que é o “atraso que existe no início do tratamento” que tem “determi­nado tantos mortos”.

“Não só isso, mas neste mo­mento temos também proble­ma de diagnóstico”, afirmou. O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), exibiu um vídeo em que a médica fala­va que não era necessário que as pessoas tomassem vacina “alea­toriamente” e que a vacina não é “a única saída”, ao comparar os imunizantes ao tratamento pre­coce contra a covid-19 em rela­ção ao seu grau de importância.

Questionada sobre a decla­ração, a médica reafirmou sua fala e foi interrompida pelo pre­sidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM). “Desconsidere o que ela está falando em relação à vacina. Ela não está certa. Va­cina sempre preveniu. É melhor prevenir do que remediar. Isso é histórico”, disse o parlamentar.

Chamada pelo relator a pedir desculpas pela posição, a médica disse que o Brasil não vacinou pessoas aleatoriamente. “Vaci­nas aleatórias e indiscriminadas têm que ser revistas. O Ministé­rio da Saúde seguiu regras para vacinar. Não saíram vacinando todo mundo ao mesmo tempo”.

Especificamente sobre o uso da cloroquina, Nise Yamaguchi disse que “houve uma conspira­ção política” contra o uso da me­dicação. “Houve múltiplas ações contra o tratamento precoce no Brasil. Várias procuradorias en­traram com ações contra prefei­turas que queriam fazer o trata­mento precoce”, lembrou.

“Houve a perseguição até de médicos que estavam pres­crevendo os medicamentos, excluindo a autonomia ou a so­berania do médico.” Diferente­mente de autoridades que pres­taram depoimento à CPI, Nise Yamaguchi foi convidada e não convocada. Na prática, a médica não seria obrigada a compare­cer à CPI nem a falar a verdade. Apesar disso, ela prestou o com­promisso de dizer a verdade no início da sessão.

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