Acompanhamos, apreensivos, o agravamento da Covid-19 em todo o país, em especial com a disseminação da nova cepa. Defendemos medidas concretas e imediatas para o controle da transmissão, preservando vidas e empregos. Entre elas, certamente, não está o fechamento indiscriminado das atividades econômicas neste momento em Ribeirão Preto, que pune apenas quem já segue as normas sanitárias. E, pior, promove consequências humanitárias nefastas.
Na sexta-feira passada, o governo do estado de São Paulo regrediu a região do município para a fase vermelha. No mesmo dia, a prefeitura de Ribeirão Preto rebateu, didaticamente em coletiva de imprensa, que a sociedade se tornou refém de um jogo de números e planilhas promovido pelos gestores estaduais, com mudanças nas regras conforme o jogo está em andamento, impossibilitando planejamento a longo prazo.
Não defendemos medidas inconsequentes. Muito pelo contrário.
O secretário municipal de Saúde, Prof. Dr. Sandro Scarpelini, com proeminência científica nacional, destacado em um dos maiores complexos hospitalares da América Latina (Hospital das Clínicas), demonstrou que o cenário epidêmico na região de Ribeirão Preto não condiz com a fase vermelha, considerando inclusive as regras até então vigentes do Plano São Paulo.
Por que, então, agravar o desemprego de milhares de ribeirão-pretanos? Apenas para seguir planilhas impostas pelo governo estadual, sem contraponto? Seria cúmplice do caos social, que certamente virá, o gestor público municipal que obedecesse impassivelmente tamanha injustiça.
Assim sendo, entendemos que prefeitura de Ribeirão Preto, convicta do monitoramento sanitário realizado, acerta ao considerar que há segurança e embasamento técnico para a manutenção da cidade na fase laranja.
Pleiteamos ao respeitado Ministério Público, que agiu de ofício para cumprir o decreto estadual e moveu ação civil pública contra o prefeito, que ao menos considere os argumentos trazidos pela Secretaria Municipal de Saúde, compilados com rigor metodológico e sem fundo político, para a tomada de decisões futuras.
Estaremos, sempre, em defesa da vida. Essencial que ampliemos a oferta de leitos, em esforço de todos os entes federativos. As medidas fiscalizatórias e punitivas aos que descumprem as normas sanitárias devem ser amplificadas, principalmente nos aglomeramentos clandestinos e transporte coletivo sobrecarregado. Mas que as punições não recaiam, indiscriminadamente, sobre aqueles que seguem com rigor as regras. Se isso voltar a ocorrer, todos perdemos.