Três startups de Ribeirão Preto entraram na briga para o desenvolvimento de vacinas preventivas contra a covid-19. A Farmacore, a Invent Biotecnologia e a MI4U são empresas ligadas ao Supera Parque de Inovação e Tecnologia e contam com a expertise de pesquisadores locais para contribuir com uma causa que extrapola barreiras geográficas.
Eduardo Cicconi, gerente do Supera Parque de Inovação e Tecnologia, explica que a região forma um ecossistema forte na área da saúde pela presença de universidades, cursos de pós-graduação, além de empresas e indústrias que compõe o Arranjo Produtivo Local da Saúde (APL da Saúde).
“O ecossistema da cidade é bastante forte e se destaca pelas inúmeras iniciativas na área da saúde. As empresas estão utilizando todo o know how de anos de estudo e conexões de seus pesquisadores para encontrar soluções efetivas para a doença”, afirma.
Uma das iniciativas é da Farmacore Biotecnologia – especializada no desenvolvimento de produtos biotecnológicos e imunobiológicos. Ela atua em parceria com a empresa norte-americana PDS Biotechnology Corporation, desenvolvendo a vacina Versamune®-CoV-2FC.
O projeto combina a proteína recombinante do Sars-CoV-2, desenvolvida pela Farmacore, associada ao carreador Versamune®, da PDSBiotech, uma tecnologia patenteada para a ativação do sistema imunológico. De acordo com dados da empresa, os resultados pré-clínicos demonstraram potencial para induzir uma resposta imune ampla e robusta.
As pesquisas começaram em abril de 2020. Helena Faccioli, CEO da Farmcacore, destaca que a empresa participa ativamente de cada etapa do produto, seguindo diversos protocolos, sem desperdiçar tempo nem recursos. De acordo com a CEO, o desenvolvimento local de uma vacina tem potencial de reduzir o custo dos programas de vacinação.
Vacina oral/nasal
A Invent Biotecnologia é outra startup que trabalha para o desenvolvimento de uma vacina oral contra a covid-19. O processo está em early science e já conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A tecnologia desenvolvida pela empresa consiste em desenvolver uma vacina oral/nasal para a prevenção da doença, em formulação estável, que pode ser armazenada em temperatura ambiente.
“Estamos ainda na etapa inicial, porém bem confiantes, já que a plataforma já funcionou para inúmeras outras doenças como diarréia bacteriana, infecções estomacais por Helicobacter, Malária, etc. Estamos adaptando para a covid.”, explica Ebert Hanna, um dos sócios da marca.
Química computacional e bioinformática
Já a startup MI4U trabalha em parceria com a Bioprospectum, uma empresa de base tecnológica localizada no Parque da Universidade do Porto (UPTEC) em Portugal, que identificou duas substâncias com potencial atividade antiviral e que podem neutralizar partes estruturais do Sars-CoV, através de química computacional e bioinformática.
As primeiras moléculas estão sendo testadas in vitro – em cultura de células. A Bioprospectum desenvolveu, em parceria com a startup brasilieira MI4U, a plataforma in silico, que permite, através da utilização de química computacional e bioinformática, selecionar substâncias de uma forma muito mais rápida e eficiente todas as moléculas de uma amostra.
Isso permite ao investigador focar-se apenas nas moléculas que podem ser úteis para o estudo. Em um dos primeiros protótipos do sistema, a tecnologia foi utilizada para selecionar moléculas que inibem o Sars-CoV-2, diante disso alguns resultados já foram identificados, sintetizados e estão na fase de teste em cultura celular na Universidade de Lisboa.