Essa pandemia trouxe de maneira bastante clara o quão desorganizada, desestruturada e frágil são as instituições relacionadas com a saúde no Brasil. Mostrou também de maneira bem evidente o descaso que o país tem com o seu povo, principalmente em seus componentes básicos quais sejam a saúde, a educação, a ciência e a moradia entre outros. No caso específico da saúde pública, objeto fundamental desses comentários que temos feito a situação é mais gritante.
A pandemia da covid-19 mostrou também a situação vergonhosa do investimento em ciência no Brasil. Enquanto em outros países o investimento tanto em ciências básicas como aplicadas aumenta cada vez mais e em ritmo veloz, no Brasil é irrisório e as consequências vieram à tona de maneira exuberante com a presença da pandemia, pois mostrou o sucateamento dos nossos institutos de pesquisa. Tivemos que comprar vacinas já prontas bem como insumos de outros países como a Índia, China e Reino Unido e em breve vamos ter que comprar dos Estados Unidos, da Alemanha e da Rússia, pois temos uma população de mais de 200 milhões de brasileiros que precisam ser vacinados.
O Brasil possui cientistas de formação internacional e nossos institutos de pesquisas poderiam facilmente estar produzindo nossas próprias vacinas bem como insumos com padrão tecnológico igual ao de outro países desenvolvidos se houvesse investimento suficiente. Especificamente no caso da covid-19 o Brasil registra o segundo maior número de mortes no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Felizmente temos o registro de um número muito grande de recuperados da doença. Também tivemos a vergonha de termos perdido o controle da doença covid-19 não só na capital do estado do Amazonas como também de todo o interior do estado.
A perda do controle foi tão completa que faltam não só leitos de UTI, de enfermaria, de vagas de acolhimento de doentes graves como até de oxigênio indispensável para manter vivos os pacientes internados. Isso obrigou o estado a ter que transferir pacientes graves de UTI para outros estados numa operação nunca ocorrida no país.
Mais uma vez ficou evidenciada a fragilidade do SUS e a falta de investimentos na saúde o que é uma característica permanente do sistema. E a situação nos outros estados se bem que não chega a ser tão dramática, mas igualmente está distante de uma situação ao mínimo razoável. Como sempre formatamos nosso material científico e pedagógico sob modelo de perguntas e respostas com o objetivo de facilitar o raciocínio e a compreensão.
1. No que diz respeito às vacinas contra a covid-19 qual é a situação atual do Brasil?
Podemos dizer que a vacinação dos brasileiros está indo muito, mas muito mesmo, devagar. Aliás o Brasil caminha devagar em muitos aspectos absolutamente necessário ir mais rápido. O país é cheio de entraves e dificuldades e as coisas simplesmente não deslancham, haja vista a distribuição da pequena quantidade de vacina adquiridas até agora. O Brasil aprovou até agora só duas vacinas havendo necessidade de uma quantidade muito maior não só dessas, já em uso, como de muitas mais como estão fazendo outros países.
Cito particularmente a vacina desenvolvida pela multinacional farm acêutica norte-americana Pfizer em associação com a BioNTech baseada na Alemanha, até agora a que atingiu um grau de eficácia que nenhuma outra conseguiu. Em nosso país as vacinas aplicadas até agora são a Coronavac desenvolvida pela China em associação com o Instituto Butantan e a chamada vacina de Oxford desenvolvida por essa universidade em associação com as multinacionais farmacêuticas AstraZeneca.
2. E como está o mundo atualmente no que diz respeito às vacinas?
Podemos dividir em dois grupos: o chamado mundo desenvolvido representado principalmente pelos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, União Europeia, Israel e Japão está indo em ritmo bastante acelerado. Em alguns países já está havendo repercussão no número de demanda por leitos de UTI, de enfermaria e de pronto socorro.
Esses países aprovaram em dezembro do ano passado a vacinação imediata inicialmente com a vacina desenvolvida pelas multinacionais Pfizer-BioNTec e depois a da Universidade de Oxford seguida pela Moderna. E há estudos para aprovação de outras vacinas.