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COVID-19 e a Saúde Mental (16): Ansiedade e Estresse na Guatemala

Como todos os países latino-americanos, a Guatemala tem experenciado uma taxa de Covid-19 muito elevada. A ponto de, em 05/03/2020, seu governo ter declarado estado de calamidade pública, com isso impondo confina­mentos e medidas restritivas, dentre elas a proibição de circulação de pessoas entre as 16 horas e 4 horas, bem como, fechando suas fronteiras terrestres, marítimas e aéreas, além de proibir o ingresso de estrangeiros no país. Como a Guatemala é considerada a 5ª economia mais pobre da América Latina e do Caribe, suas taxas de pobreza e desigualdade, que já eram elevadas, foram agravadas com a implementa­ção de tais restrições.

Considerando Dana Alonzo et al (International Journal of Social Psychiatry, 2021: 1-12), foi feito um estudo focalizado na análise dos impactos psicológicos da pandemia da Covid-19 ocorridos na população em geral e, mais especificamente, nas comunidades guatemaltecas de alto risco, caracterizadas por pobreza, recursos de saúde mental limitados e altas taxas de estigmatização em torno da saúde mental. O objetivo principal do estudo foi examinar as reações psicológicas da Covid-19 entre os municípios altamente vulneráveis na Guatema­la. Para este estudo, um total de 295 participantes responderam, além de um questionário sociodemográfico, a várias escalas entre 06/06 a 30/07/2020. O questionário sociodemográficxo solicitou informações referentes ao sexo, idade, núnmero de crianças, número de membros da família na residência e se havia algum membro doente no ambiente do­méstico com Covid-19 ou sintomas de seu vírus. Para a obtenção das ca­racterísticas clínicas, foram utilizadas as seguintes escalas: de Ansiedade, na qual solicitava-se aos participantes que respondem sim ou não à seguinte questão, “Você sentiu-se ansioso desde o início da pandemia?”. Se sim, os participantes foram solicitados a responderem mais duas questões, usando um escalonamento de 1 a 10, sendo 1 o mais baixo e 10 o mais alto, “Quão ansioso você se sentiu?” “Quais as razões da sua ansiedade?”.

Também em relação à depressão, os participantes foram solicitados a responderem a duas questões. Na primeira, “Você se sentiu deprimido desde o início da pandemia?”, sendo a resposta sim, numa escala de 1 a 10, sendo 1 o menor escore e 10, o maior, o quão deprimido você se sentiu? Na segunda, “Quais as razões da sua depressão?”. Em relação ao estresse, os participantes, da mesma forma, foram solicitados a responderem à seguinte questão, “Você tem se sentido estressado desde o início da pandemia?”. Se sim, numa escala de 1 a 10, sendo 1 o menor escore e 10 o maior, diga-me, “Quão estressado você se sente” e “Qual a razão do seu estresse?”. Em relação ao Burnout (Sobrecarga Mental) / Fadiga, os participantes responderam sim ou não à questão “Você tem se sentido mentalmente cansado ou fatigado desde que a pandemia aconteceu?”. Se sim, numa escala de 1 a 10, sendo 1 o menor escore e 10 o maior, diga-me “O quão mentalmente sobrecarregado ou fatigado você se sentiu?” “Quais razões você teve para isso?”.

Os pesquisadores também avaliaram a sensação de segurança doméstica que os participantes tiveram durante a pandemia da Covid-19. Para isso, res­ponderam sim ou não à seguinte questão, “Você e seus familiares, conhecidos e amigos se sentiram seguros em casa?”. Se sim, numa escala de 1 a 10, sendo 1 o menor escore e 10 o maior, diga-me “Você tem tido alguma ofensa ou similar no seu ambiente doméstico nesse período?”. Se sim, “Pode citar quem está sendo o ofensor e o ofendido?”. Finalmente, os partici­pantes foram convidados a compartilhar qualquer outro sentimento que eles estivessem experenciando e que gostariam de discutir. Se sim, eram convidados a falar sobre o assunto, detalhando o que estavam experenciando.

Os participantes foram 64,3% mulheres, numa idade média de 35 anos, havendo, em média, 4,5 pessoas vivendo no mesmo ambiente doméstico. Em termos dos sintomas de saúde mental, 64% dos participantes registraram sintomas de ansiedade, 47% estresse, 25% exacerbação de condições de saúde mental pré-existente, 19% registraram depressão, 18% Burnout/Fadiga e 5% tiveram preocupação com sua segurança em seu ambiente doméstico. Os dados também mostraram que as mulheres registraram pontuações mais elevadas de estresse do que os homens , o mesmo ocorrendo com depressão. Também, os indivíduos registrando ansiedade foram 10% mais prováveis de serem idosos e, aproximadamente, 50% de serem mulheres, do que aqueles não registrando ansiedade. Indivíduos com um número maior de crianças em casa foram 40% mais prováveis de registrarem Burnout do que aqueles com poucas crianças.

Tomados em conjunto, e considerando especialmente as variáveis gênero, idade e maior número de crianças nos lares, determina-se que as maneiras para manejo da saúde mental na pande­mia sejam intervenções orientadas para o atendimento às comunidades altamente vulneráveis. O que isso significa? Que pessoas mais pobres, sem recursos para a saúde física e mental, e que facilmente possam vir a ser estereotipadas ou estigmatizadas por isso, sem priorizadas em qualquer intervenção pós-pandêmica.

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