Tribuna Ribeirão
Justiça

Costa Neto na mira do STF e da PF

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), mi­nistra Rosa Weber, enviou ao procurador-geral da Repúbli­ca, Augusto Aras, pedido de abertura de um inquérito para investigar Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Li­beral (PL), sigla de Jair Bolso­naro, suspeito de ter destruído documentos com teor golpista.

A petição 10.949 faz refe­rência a uma “possível prática de crime” previsto no artigo 305 do Código Penal. O artigo prevê reclusão de até seis anos, além de multa, àquele que “destruir, suprimir ou ocultar, em benefí­cio próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento pú­blico ou particular verdadeiro, de que não podia dispor”.

Em declarações recentes, ao comentar a minuta de gol­pe apreendida na residência do ex-ministro da Justiça Ander­son Torres, o presidente do PL disse que documentos com teor similar circulavam entre interlo­cutores do governo Bolsonaro, e que ele próprio teria recebido documentos desse tipo, mas que os teria destruído.

Na petição assinada por Rosa Weber, é também reque­rida à PGR “a realização de diligência pela Polícia Federal, para que seja tomado depoi­mento do representado [Val­demar Costa Neto]”. Esse pe­dido de manifestação da PGR é um procedimento comum e tem como origem uma repre­sentação apresentada pelo lí­der do PT no Senado, Fabiano Contarato, junto ao STF.

A Polícia Federal (PF) tam­bém pediu nesta terça-feira para tomar o depoimento de Valde­mar Costa Neto, sobre a minuta para decretar estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A autoria do documento é desconhecida. Torres nega ter escrito o rascunho de decreto.
O texto previa a interven­ção de uma comissão formada majoritariamente por repre­sentantes do Ministério da De­fesa, além do então presidente Jair Bolsonaro (PL), no TSE. O objetivo seria anular a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O delegado Raphael Soares Astini pediu autorização do ministro Alexandre de Mora­es, do Supremo Tribunal Fede­ral, para marcar o depoimento de Valdemar. O ofício cita en­trevistas em que o político ad­mitiu ter recebido e descartado propostas golpistas.

“Em recente entrevista a ve­ículos jornalísticos, o sr. Valdemar Costa Neto, presidente do partido político PL, disse que chegou a receber várias propostas, documentos que supostamente poderiam ques­tionar/alterar no TSE o re­sultado eleitoral e que teve o cuidado de triturar tais docu­mentos”, justificou o delegado.

O TSE chegou a multar o PL, partido de Bolsonaro, em R$ 22,9 milhões depois que a legenda pediu a anulação dos votos de 279,3 mil urnas ele­trônicas alegando que houve “mau funcionamento” do siste­ma. As investidas de Valdemar Costa Neto também levaram Moraes, que preside o TSE, a abrir uma investigação na Cor­regedoria-Geral Eleitoral.

Vai verificar se o político usou indevidamente a estrutu­ra do partido para “tumultuar o regime democrático brasileiro”. O presidente do PL também foi incluído como investigado no chamado inquérito das milícias digitais, que tramita no Supremo Tribunal Federal e mira a atuação de grupos organizados na inter­net para espalhar notícias falsas e ataques antidemocráticos.

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