Tribuna Ribeirão
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Corte deve prejudicar pesquisa de vacina

AMANDA PEROBELLI/REUTERS

O corte no Orçamento Geral da União pode prejudi­car a pesquisa para desenvol­vimento de uma vacina con­tra a covid-19 que está sendo produzida pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Pau­lo (USP), em parceria com a empresa ribeirão-pretana Farmacore Biotecnologia e a PDS Biotechnology Corpora­tion, dos Estados Unidos.

No orçamento sanciona­do em 22 de abril, foram ve­tados R$ 19,8 bilhões, sendo R$ 11,9 bilhões em emendas parlamentares e o restante de despesas do próprio Executivo. Também foram bloqueados R$ 9,3 bilhões. Os vetos são defi­nitivos, mas os valores bloque­ados podem ser revertidos ao longo do ano, caso haja espaço no Orçamento.

A Versamune®-CoV-2FC, candidata a imunizante contra a covid-19, conta com R$ 200 milhões do orçamento do Mi­nistério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) destina­dos para o desenvolvimento de imunizantes. No total, o pro­jeto prevê investimento de R$ 350 milhões. O ministro titular da pasta, o astronauta Marcos Pontes, criticou o corte por meio de vídeo divulgado nas redes sociais.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pediu mais documentos à USP antes de liberar os estudos clí­nicos fases 1 e 2 da vacina. A ideia é que esse imunizante tenha produção 100% nacio­nal. As exigências não suspen­deram a análise das demais informações apresentadas. O pedido para o início dos tes­tes clínicos (em humanos) foi apresentado à Anvisa em 25 de março, segundo o ministro Marcos Pontes.

A Versamune é desenvol­vida em parceria entre o De­partamento de Biologia da Fa­culdade de Medicina da USP, sob supervisão do pesquisador Célio Lopes Silva, da brasileira Farmacore Biotecnologia, de Ribeirão Preto, e a PDS Biote­chnology Corporation, dos Es­tados Unidos. As empresas não foram notificadas pelo MCTI e por isso não vão se manifes­tar. A vacina é a combinação de uma proteína recombinante do Sars-CoV-2, uma tecno­logia patenteada para a ativa­ção do sistema imunológico.

A pesquisa é financiada pelo Ministério da Ciência. Segundo a pasta, há no Orçamento fede­ral R$ 200 milhões disponíveis para custear estudos clínicos de imunizante brasileiros. Helena Faccioli, CEO da Farmcacore, diz que os testes clínicos devem ser concluídos em nove meses, quando o laboratório pedirá à Anvisa autorização para uso emergencial e a produção da va­cina em escala industrial.

Ela estima que o imunizante esteja disponível para a popula­ção entre fevereiro e março de 2022. Os resultados pré-clínicos demonstraram potencial para induzir uma resposta imune ampla e robusta. Segundo Mar­cos Pontes, os testes da fase 1 e 2 serão feitos agora em 360 pes­soas para provar sua segurança e levar cerca de três meses para conclusão. Depois, há outro cro­nograma para a fase 3.

Quando do anúncio da Ver­samune, o ministro Marcos Pon­tes destacou que o governo federal investiu em 15 tecnologias de vaci­nas. “Três dessas vacinas entraram em pré-testes, já fizeram os testes em animais, e agora estão entran­do na fase de testes com voluntá­rios, testes clínicos.” No caso da vacina da USP, um dossiê com os resultados já havia sido envia­do à Anvisa em fevereiro e, após uma primeira análise, a agência devolveu o pedido para ajustes.

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