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Corredores ecológicos e bem-estar humano

Os estudos de Ecologia podem nos ajudar bastante para definir o desenho de corredores ecológicos acompanhando os cursos d’água e então conectar o que restou de vegetação natural em determinada paisagem. Os fatores que influenciam na qualidade dos benefícios promovidos pela existência desses corredores são: extensão, continuidade, estado de conservação da vegetação, topografia e, principalmente, a largura. Quanto mais largo, menos efeitos de borda.
O bem-estar humano é alcançado quando está presente o sentimento de liberdade e a possibilidade de optar. Para isso é ne­cessário que estejamos atentos a quatro principais requisitos em nosso cotidiano: segurança, saúde, boas relações sociais e bens materiais básicos para uma boa vida. Há estudos que apontam estreita relação da funcionalidade dos ecossistemas – preservados ou degradados – com o bem ou o mal-estar humano.

Neste artigo discorrerei apenas sobre os corredores ecoló­gicos de fundo de vale.

Preliminarmente, é preciso dizer que as matas que acompanham os rios cumprem com dois conjuntos de funções. A primeira delas se refere à interceptação de elementos e processos que prejudicam o volume e a qualidade das águas.

Tendo como vizinhança adjacente atividades agropecuárias ou urbanas, o corpo hídrico, se desprovido de vegetação ciliar, é impactado, sobretudo, pelo carreamento de sedimentos (terra), provocando erosão e assoreamento; é poluído por substâncias químicas como nitratos, fenóis e amônias, acarretando a morte da fauna aquática; e torna-se num ambiente ressecado, sobretudo o ar e o solo, pois permanece exposto a excessivas taxas de lumino­sidade e radiação solar. Ao contrário, se a vegetação ribeirinha se faz presente, esses impactos amenizam ou mesmo, desaparecem.

O segundo conjunto de benefícios diz respeito à preservação de espécies da flora e da fauna, incluindo sua diversidade genética. Cor­redores ecológicos em áreas úmidas facilitam o trânsito da fauna e o fluxo de propágulos, como sementes e polem. São essas funções que diminuem os efeitos da fragmentação da vegetação original.

A partir de ocupações e usos do solo que empobrecem ou mesmo depauperam as paisagens originais, geram-se problemas socioambientais de difícil solução. Se um grande projeto agrope­cuário, por exemplo, minimiza ou desconsidera a necessidade de proteger de modo eficaz os recursos hídricos, é certo que sua ati­vidade comercial será impactada negativamentecom a escassez de água bem como, provocará conflitos pelo uso dessa mesma água com as comunidades locais e regionais. Se diminuída a cobiça por parte dos empreendedores, o planejamento e o licenciamento am­biental podem auxiliar para evitar todo esse mal-estar.
A pobreza e a miséria são a outra ponta do espectro do bem­-estar humano. A adoção de práticas econômicas que não atende à equanimidade dos benefícios gerados, atesta o fracasso daquela sociedade e daquele modelo de desenvolvimento.

Quando os serviços ecossistêmicos funcionam em sua pleni­tude é seguro viver naquele ambiente. Quando a purificação da água e do ar ocorre é possível estar livre de enfermidades. Quan­do há solo fértil é possível produzir alimentos sadios e saudáveis. Quando o padrão de chuvas se mantém é possível planejar as atividades agrícolas. Quando o rio está limpo e volumoso dá von­tade de descansar em suas margens ou banhar-se em suas águas.

Somente quando os passarinhos estão presentes é possível sentir a pulsação da vida e se conectar com sua dimensão espi­ritual.“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda” (Cecí­lia Meireles).

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