Tribuna Ribeirão
Saúde

Coronavírus – Brasil tem onze casos suspeitos

MARCELO CAMARGO/ AG.BR.

O diretor de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Júlio Henrique Rosa Croda, afir­mou nesta quarta-feira, 5 de fevereiro, que existem onze casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus (2019- nCoV) no Brasil. Desses, seis apresentaram painel viral ne­gativo para os principais vírus causadores de doenças respi­ratórias e cinco ainda esperam que o resultado seja processa­do em laboratórios.

Os casos suspeitos estão distribuídos em quatro es­tados: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Cata­rina e São Paulo. Segundo o secretário-executivo do Mi­nistério da Saúde, João Ga­bbardo Reis, as ocorrências se concentram nas regiões Sul e Sudeste, pois são as que, natu­ralmente, apresentam maior número de casos de gripe.

O ministro da Defesa, ge­neral Fernando Azevedo e Silva, afirmou que o Brasil não tinha uma aeronave adequada para fazer o resgate de brasi­leiros que vivem na região de Wuhan, na China, epicentro do surto do novo coronavírus. Pouco antes da decolagem de dois aviões da frota presiden­cial, que saíram às 12h20 desta quarta-feira, o ministro disse que o governo Jair Bolsonaro agiu “rápido”.

“O governo Bolsonaro deu uma resposta bem rápida”, dis­se o ministro Fernando Azeve­do. Questionado sobre o fato de países europeus e o Japão já terem iniciado as tratativas e até o efetivo resgate de seus cidadãos desde o fim do mês passado, o ministro disse que as condições são “diferentes”. O Brasil só decidiu realizar a busca no domingo passado. A missão foi planejada e pre­parada, com envio de equipa­mentos do Rio de Janeiro, em 48 horas.

“Olha as distâncias, olha os recursos que eles têm. A Força Aérea não tinha um avião para buscar, esse aí é do presidente. Olha a diferença”, afirmou o ministro. Segundo o general, não havia também aeronaves de uso militar disponíveis. “Não tem. O KC-390 que seria o avião indicado, foi entregue o primeiro e nós estamos em fase de testes. Estamos muito defasados em relação a isso aí”.

No total, o governo vai re­patriar 34 brasileiros, mas o número pode aumentar até esta sexta-feira (7), data pre­vista para chegada na China e imediato retorno, indicou o se­cretário de Economia, Finan­ças e Administração da Aero­náutica, tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno. Os dois VC-2, modelo Embra­er 190, têm capacidade para 30 passageiros cada, fora as equi­pes de médicas e tripulação de onze militares.

“Temos uma disponibilida­de passada para o Ministério das Relações Exteriores e eles vão definir quem são esses passageiros”, disse Damas­ceno. Em cada aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), irão tripulantes e sete médi­cos, sendo seis militares e um infectologista especialista em epidemias do Ministério da Saúde. Além disso, haverá um cinegrafista da Empresa Brasil de Comunicação.

Os 34 passageiros serão di­vididos entre as duas aerona­ves, para minimizar riscos de infecção. O médicos também devem se revezar a cada três horas no contato com os pas­sageiros a bordo. O ministro destacou a “presteza, rapidez e prontidão” da Aeronáutica. “É uma missão real, uma aju­da humanitária real aos nos­sos brasileiros que estão em Wuhan”, destacou o ministro.

A previsão da FAB é que os aviões aterrissem em Wuhan na madrugada de sexta-feira e iniciem a perna de retorno no mesmo dia, embora operações semelhantes de outros países tenham apresentado atrasos nos trâmites de embarque por causa dos protocolos de saúde. A chegada ao Brasil é prevista para a manhã de sábado (8).

Nesta terça-feira, dia 4, dois Legacys da FAB já haviam de­colado com equipes de bordo e técnicos de aeronave que farão revezamento em uma escala prevista na Polônia. Os aviões param em Fortaleza (CE), Las Palmas (Espanha), Varsóvia (Polônia) e Urumqi (China), antes de pousar em Wuhan.

O trajeto de volta é o mes­mo, porém com pouso previs­to para ocorrer na madrugada de sábado em Anápolis (Goi­ás), onde ficarão em quarente­na de 18 dias. Após inspeções e exames feitos por autoridades chinesas no próprio aeroporto, só serão liberados para embar­que de volta ao País os brasilei­ros que não apresentarem sin­tomas de infecção pelo novo coronavírus. “Todas as pessoas que vão embarcar estão sadias, não há nenhuma evidência do vírus”, disse Damasceno.

Como os passageiros res­gatados podem apresentar evolução nos sintomas durante o voo de volta, as equipes mé­dicas militares foram treinadas pelo Instituto de Medicina Ae­roespacial para realizar uma evacuação e instalar um equipa­mento “bolha” no paciente. No retorno, os médicos usarão más­caras com especificação a bordo para evitar infecção no contato com os passageiros. Os militares envolvidos no resgate também terão de passar por período de quarentena no Brasil.

O Senado aprovou, tam­bém nesta quarta-feira, o pro­jeto que prevê regras para quarentena e medidas de enfrentamento do coronaví­rus. Com a aprovação, o texto seguirá para sanção do presi­dente Jair Bolsonaro e poderá virar lei imediatamente após a confirmação do chefe do Pla­nalto. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, dis­se que Bolsonaro sancionaria o projeto entre ontem e esta quinta-feira (6).

A proposta prevê regras para o isolamento, a quarente­na e a realização compulsória de exames em pacientes sus­peitos de estarem infectados com o vírus no Brasil. Na Câmara, os deputados alte­raram o texto para garantir a vigência das medidas en­quanto perdurar o estado de emergência internacional re­lacionado ao coronavírus.

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