O Brasil tem, atualmente, apenas um caso suspeito do novo coronavírus (Covid-19). Trata-se de uma criança de 2 anos de idade, em São Paulo, considerada suspeita desde quarta-feira, 19 de fevereiro, por ter um histórico de viagem à China, mas não a Wuhan, capital da província de Hubei, o epicentro da contaminação, mas a Hong Kong.
A informação foi dada por representantes do Ministério da Saúde, na tarde desta quinta-feira (20), em Brasília. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, a criança mora em Santos, no litoral sul. O paciente desembarcou no início do mês no Aeroporto Internacional de Guarulhos, vindo de Hong Kong. Segundo a prefeitura santista, o exame deu negativo para a doença.
Já são 24 casos descartados no estado de São Paulo. O Ministério da Saúde continua atento ao surto ocorrido na China e trabalha com a possibilidade de aumento dos casos suspeitos, principalmente a partir do final de abril, quando as doenças respiratórias começam a aparecer no país.
De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Wanderson de Oliveira, existe uma série de circunstâncias que freiam o aparecimento de vários casos suspeitos, como a quarentena imposta na China, o fato do Brasil estar no verão e não termos voos diretos para aquele país. Mas um aumento não é descartado.
“Não quer dizer que não possa aumentar. Podemos ter mudanças de definição de casos no futuro se um outro país entrar como área e transmissão ocidental. É muito dinâmico e prematuro dizer que vai continuar baixo”, disse. Segundo o ministério, os exames têm sido feitos com maior celeridade e, com isso, casos considerados suspeitos são descartados rapidamente e sequer entram no balanço diário da pasta. Ainda não existe nenhum caso confirmado na América do Sul.
Curas e idosos
O Ministério da Saúde tem acompanhado o crescente número de pessoas curadas, sobretudo na China. Atualmente, são 16.882 curados. Segundo Wanderson de Oliveira, tratamentos específicos têm sido testados, mas as curas estão ocorrendo “de forma espontânea”. “Essas curas estão ocorrendo, quase que a totalidade delas, de forma espontânea. É o organismo da pessoa. Mais de 80% dos casos na China são de moderados a leve”, diz.
Outra tendência verificada é a letalidade maior em idosos. Se em crianças e adultos até cerca de 40 anos de idade o número de mortes beira o zero, a partir de 60 anos de idade essa curva aumenta rapidamente, chegando a 15% de mortes entre pessoas de 80 anos de idade. “Os casos graves e de óbito na China estão totalmente concentrados em pessoas acima de 60 anos de idade. Isso é importante para nós nos prepararmos para o caso de haver a situação do vírus no Brasil. A nossa preocupação terá que ser preferencialmente os idosos”, explica o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo.
China
A província de Hubei, epicentro do coronavírus na China, registrou entre quarta e esta quinta-feira mais 115 mortes devido à doença e confirmou novos 411 casos. Com essas novas infecções, o número de pessoas com o Covid-19 no país passou para 75.050 e o de mortes chegou a 2.229. Desde o início da epidemia, a região teve 62.422 casos, sendo que 45.346 foram na cidade de Wuhan, e 11.788 pessoas receberam alta hospitalar no último dia. Outros 42.056 pacientes ainda estão em tratamento.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no resto do mundo são 1.076 pacientes diagnosticados com a doença em 26 países, com sete mortes. Nas últimas 24 horas, o Irã identificou cinco novos casos, incluindo duas mortes. Dois passageiros idosos retirados do navio de cruzeiro Diamond Princess, que até anteontem cumpria uma quarentena de duas semanas no litoral do Japão por causa da epidemia de coronavírus, faleceram em razão da doença, segundo o Ministério da Saúde do país.
Esses são os dois primeiros casos de mortes ligados à embarcação. Com o resultado, subiu para três o número de óbitos causados pelo coronavírus no Japão. O homem tinha 87 anos e a mulher, 84. Também foram registrados ao menos 621 casos de infecção por coronavírus entre as 3.711 pessoas que estavam originalmente no navio. Já na Coreia do Sul, a agência de notícias Yonhap noticiou a primeira morte pela doença no país e mais de 100 casos. Trinta frequentavam a mesma igreja.