A cada dia novos casos do coronavírus são revelados e a ameaça de uma pandemia global já afeta eventos de grande porte que englobam festivais, turnês, lançamento de filmes, conferências, workshops, feiras de negócios e eventos esportivos (incluindo os Jogos Olímpicos).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, até o momento da publicação desta matéria, mais de 97 mil casos foram confirmados em 87 países e mais de 3300 pessoas vieram a óbito por conta do Covid-19 (acompanhe aqui a atualização em tempo real).
Devido às medidas preventivas tomadas nas últimas semanas, o POPline joga luz sobre a movimentação da classe artística e avalia quais “perdas” os fãs de música poderão sofrer nos próximos meses.
Até esta quinta-feira (5), a Califórnia havia registrado 53 casos confirmados e uma morte. O governador Gavin Novasom declarou “estado de emergência” no estado mais populoso dos Estados Unidos. É lá (mais precisamente na cidade de Indio, a 204km de Los Angeles) que acontece um dos maiores festivais de música do mundo: o Coachella.
A edição deste ano conta com Anitta e Pabllo Vittar em seu line-up (ambas estão escaladas nos dias 11 e 18 de abril). Anitta ainda não se manifestou acerca da epidemia, mas há pelo menos uma semana Pabllo adotou uma máscara de proteção durante sua turnê pela Austrália e pretende seguir com o acessório em seus próximos shows pela América Latina, América do Norte e Europa.
O que seria motivo de orgulho para os brasileiros pode acabar virando frustração. À medida que o surto global se infiltra nas principais cidades dos Estados Unidos, o negócio da música – que depende de festivais em larga escala por bilhões de dólares em lucro anual – está pesando os custos de cancelar eventos luxuosos contra os riscos econômicos e médicos de continuar.
Hospitais localizados na região do Coachella Valley estão se adiantando e ampliando as unidades disponíveis para internação e leitos para diagnóstico. Entretanto, até o momento, a organização do evento garante sua realização, mas há a preocupação em manchar a imagem do festival. Ninguém quer assumir o risco por espalhar o coronavírus para milhares de pessoas.
Enquanto o mundo acompanha os acontecimentos, produtores de eventos em larga escala estão lutando para estabelecer medidas extras de saúde. Várias empresas terceirizadas de serviços médicos de emergência, que fornecem equipes de paramédicos e outros serviços no local em eventos públicos, afirmam ter notado um aumento no interesse dos festivais de música nas últimas semanas. Entretanto, alguns médicos alertam que reunir um grande número de pessoas em parques ao ar livre, com cultura de bebidas até mesmo entorpecentes, representa um risco inerente à transmissão de vírus que não seria reduzido por equipes médicas extras.
Pesquisas apontam que a transmissão aumenta consideravelmente em festivais de música. Em 2016, o governo britânico alertou os cidadãos de que eventos como o Glastonbury eram o “lugar ideal” para a propagação do sarampo, depois que a Inglaterra confirmou 234 casos ligado a festivais e outros grandes eventos públicos em um período de seis meses. Se os organizadores não cancelarem os eventos, há uma chance de os artistas começarem a desistir individualmente – em 2016, Rihanna cancelou sua participação no Lollapalooza Colômbia por preocupação com o então abrangente zikavírus.
Se por enquanto os gigantes Coachella e Glastonbury garantem suas realizações, os eletrônicos Ultra Music e a edição francesa do Tomorrowland vão na contramão e anunciaram seus respectivos cancelamentos nesta quinta-feira (5). Artistas como BTS, Avril Lavigne e Khalid cancelaram suas respectivas turnês por conta própria. Mariah Carey, Green Day e Louis Tomlinson adiaram suas apresentações para o fim do ano.
Para piorar, o Brasil e sua eterna crise econômica contam com a desvalorização do real frente ao dólar. Motivo suficiente para a escassez de shows internacionais a partir do segundo semestre, principalmente pelo fato de não ter Rock in Rio por aqui este ano. É recomendável que os fãs de Taylor Swift reforcem as orações: embora os shows da “Lover Tour” em São Paulo estejam com ingressos esgotados, sempre haverá o risco da mãe da cantora embarreirar a vinda da estrela a um “país de terceiro mundo”. Não seria uma novidade, certo?
Mas afinal, o que é o coronavírus?
O novo vírus é apontado como uma variação da família coronavírus, identificado pela primeira vez na década de 1960, de acordo com o Ministério da Saúde. A nova epidemia teve origem na cidade de Wuhan, na China, e a primeira morte foi registrada em janeiro deste ano. Acredita-se que a primeira transmissão para humanos tenha vindo de um animal silvestre. Cientistas chineses dizem que a hipótese mais provável é que este animal seja uma cobra.
A transmissão acontece entre humanos e os primeiros sintomas são febre, tosse, dificuldade de respirar e falta de ar. O quadro pode evoluir para pneumonia, insuficiência renal e síndrome respiratória aguda grave. A OMS recomenda a boa higienização das mãos, cobrir a boca e o nariz ao espirrar e preparar carnes e ovos com tempo de cozimento maior.
No Brasil existem mais de 430 casos suspeitos. Desse número, apenas 4 foram confirmados. Vale ressaltar que ainda não há vacina contra o coronavírus. Para que se consiga uma solução preventiva, os pesquisadores precisam de pelo menos três meses de estudos.