Tribuna Ribeirão
Economia

Copom reduz Selic de 2,25% para 2%

Projeção de expansão da economia é de 2,15% este ano, diz BC (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O Comitê de Política Mo­netária (Copom) do Banco Central decidiu, na noite desta quarta-feira, 5 de agosto, por unanimidade, reduzir a Selic, a taxa básica juros, em 0,25 pon­to percentual, de 2,25% para 2% ao ano. Este é o nono corte consecutivo da taxa no atual ci­clo. Com isso, a Selic está agora em um novo piso da série his­tórica do Copom, iniciada em junho de 1996.

De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outu­bro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa che­gasse a 6,5% ao ano em março de 2018, só voltando a ser re­duzida em julho de 2019.

A redução era esperada pela maioria dos economistas do mercado financeiro. Isso porque, com a pandemia do coronavírus, a atividade eco­nômica despencou no Brasil, assim como a inflação. A ava­liação majoritária era de que o BC seria levado a reduzir nova­mente a Selic para estimular a economia. O Copom se reúne a cada 45 dias para definir a Se­lic, buscando o cumprimento da meta de inflação.

A meta é fixada pelo Con­selho Monetário Nacional (CMN), órgão formado pelo Banco Central e Ministério da Economia. O centro da meta de inflação perseguida pelo BC em 2020 é de 4%, com margem de 1,5 ponto (de 2,5% a 5,5%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 pon­to (2,25% a 5,25%). Já a meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (2,00 a 5,00%).

Quando a inflação medida pelo Índice Nacional de Pre­ços ao Consumidor Amplo (IPCA) está alta ou indica que ficará acima da meta, o Co­pom eleva a Selic. Nos doze meses terminados em junho, o indicador fechou em 2,13%. Dessa forma, os juros cobra­dos pelos bancos tendem a subir, encarecendo o crédito e freando o consumo, assim, re­duzindo o dinheiro em circu­lação na economia. Com isso, a inflação tende a cair.

A redução da Selic também afeta aplicações financeiras como a caderneta de poupan­ça e os investimentos em ren­da fixa. No caso da poupança, a regra atual de remuneração prevê que os rendimentos es­tão atrelados aos juros básicos sempre que a Selic estiver abai­xo de 8,5% ao ano.

Nesse cenário, a correção anual das cadernetas fica li­mitada a um percentual equi­valente a 70% da Selic, mais a Taxa Referencial, calculada pelo Banco Central. A nor­ma vale apenas para depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012. Com o juro da economia em 2% ao ano, a correção da poupança será de 70% desse valor – o equivalente a 1,4% ao ano, mais a Taxa Referencial.

Em função do corte da Selic, o Brasil também segue com juro real (descontada a inflação) negativo. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que, com a Selic a 2,00%, o juro real brasileiro passou a ser de -0,71% ao ano. O país possui agora o 15º juro real mais baixo do mundo, considerando as 40 economias mais relevantes.

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