O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, na noite desta quarta-feira, 5 de agosto, por unanimidade, reduzir a Selic, a taxa básica juros, em 0,25 ponto percentual, de 2,25% para 2% ao ano. Este é o nono corte consecutivo da taxa no atual ciclo. Com isso, a Selic está agora em um novo piso da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.
De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018, só voltando a ser reduzida em julho de 2019.
A redução era esperada pela maioria dos economistas do mercado financeiro. Isso porque, com a pandemia do coronavírus, a atividade econômica despencou no Brasil, assim como a inflação. A avaliação majoritária era de que o BC seria levado a reduzir novamente a Selic para estimular a economia. O Copom se reúne a cada 45 dias para definir a Selic, buscando o cumprimento da meta de inflação.
A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão formado pelo Banco Central e Ministério da Economia. O centro da meta de inflação perseguida pelo BC em 2020 é de 4%, com margem de 1,5 ponto (de 2,5% a 5,5%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (2,25% a 5,25%). Já a meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (2,00 a 5,00%).
Quando a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está alta ou indica que ficará acima da meta, o Copom eleva a Selic. Nos doze meses terminados em junho, o indicador fechou em 2,13%. Dessa forma, os juros cobrados pelos bancos tendem a subir, encarecendo o crédito e freando o consumo, assim, reduzindo o dinheiro em circulação na economia. Com isso, a inflação tende a cair.
A redução da Selic também afeta aplicações financeiras como a caderneta de poupança e os investimentos em renda fixa. No caso da poupança, a regra atual de remuneração prevê que os rendimentos estão atrelados aos juros básicos sempre que a Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano.
Nesse cenário, a correção anual das cadernetas fica limitada a um percentual equivalente a 70% da Selic, mais a Taxa Referencial, calculada pelo Banco Central. A norma vale apenas para depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012. Com o juro da economia em 2% ao ano, a correção da poupança será de 70% desse valor – o equivalente a 1,4% ao ano, mais a Taxa Referencial.
Em função do corte da Selic, o Brasil também segue com juro real (descontada a inflação) negativo. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que, com a Selic a 2,00%, o juro real brasileiro passou a ser de -0,71% ao ano. O país possui agora o 15º juro real mais baixo do mundo, considerando as 40 economias mais relevantes.