Em meio à pressão inflacionária mais recente no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira, 16 de junho, elevar a Selic (a taxa básica da economia) em 0,75 ponto percentual, de 3,50% para 4,25% ao ano. Este foi o terceiro aumento consecutivo dos juros, na esteira da alta recente da inflação.
Com a decisão de ontem, a Selic retorna ao patamar verificado em fevereiro de 2020 – antes da pandemia de covid-19, que havia motivado o BC a fazer um primeiro movimento no sentido de acelerar os cortes da taxa, que se manteve no mínimo histórico de 2% ao ano de agosto do ano passado a março deste ano.
Em um segundo movimento, iniciado em março, o BC recomeçou a elevar a Selic, numa tentativa de controlar a inflação. O aumento do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses).
A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos. A decisão era largamente aguardada pelo mercado financeiro. O Copom fixa a taxa básica de juros com base no sistema de metas de inflação. Neste ano, a meta central é de 3,75%, mas o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial do país – pode ficar entre 2,25% a 5,25% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Para 2022, a meta central é de 3,5% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%. Em maio, o indexador ficou em 0,83% segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o maior resultado para um mês de maio desde 1996 (1,22%).
Com a decisão de ontem, a Selic continua em um ciclo de alta, depois de passar seis anos sem ser elevada. De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegou a 6,5% ao ano, em março de 2018.
Em julho de 2019, a Selic voltou a ser reduzida até alcançar 2% ao ano em agosto de 2020, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Esse era o menor nível da série histórica iniciada em 1986. Porém, a taxa começou a subir novamente em março deste ano, passando para 2,75%. Depois, em maio, subiu de novo, para 3,5%.
Juros reais
Com os três últimos aumentos da Selic, o Brasil voltou a registrar uma das maiores taxas de juros reais (descontada a inflação) do mundo. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em alta de 1,92% ao ano. O país possui o segundo juro real mais alto do mundo, considerando as 40 economias mais relevantes. Atualmente, o Brasil só registra uma taxa real inferior à da Turquia (6,44%).