O comércio varejista deve contratar quase 20% menos trabalhadores temporários neste Natal em relação à mesma data de 2019, calcula a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A entidade estima que 70,7 mil trabalhadores temporários serão admitidos para atender ao aumento das vendas neste fim de ano, ante um total de 88 mil postos temporários criados no ano passado.
A geração de vagas será a menor em cinco anos. Principal data comemorativa do varejo, o Natal deve movimentar R$ 37,5 bilhões em vendas em 2020, aponta a CNC. As oportunidades de empregos devem ser mais concentradas nos meses de novembro e dezembro. As previsões da CNC consideram dados históricos de admissões e desligamentos no comércio varejista do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
As projeções de trabalho temporário consideram a expectativa da entidade de um avanço de 2,2% das vendas para o Natal em 2020. Nesta semana, a Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) divulgou que o trabalho temporário – no formato da lei federal número 6.019/74 e do decreto nº 10.060/2019 – será responsável por gerar 400 mil vagas no último trimestre do ano.
O presidente da associação, Marcos de Abreu, afirma que no mês de outubro o setor da indústria ainda deve puxar as contratações para suprir a alta demanda do mercado, sendo que os principais segmentos que buscam reforços de trabalhadores temporários são alimentação, farmacêutico, de embalagens, metalurgia, mineração, automobilístico e do agronegócio.
Já nos meses de novembro e dezembro, Abreu reforça que o destaque será o comércio, seguido pelo setor de serviços para pessoas físicas. Ele estima que 20% dos trabalhadores temporários serão efetivados. Em setembro, segundo a Asserttem, foram 186.940 novas vagas temporárias, um aumento de quase 42% frente às 131.761 do mesmo mês do ano passado.
O setor de vestuário e calçados deve abrir 30,7 mil vagas para o Natal, o que corresponde a pouco mais da metade dos 59,2 mil postos criados no ano passado. As lojas de artigos de uso pessoal e doméstico devem gerar 13,7 mil empregos temporários este ano, enquanto hipermercados e supermercados abrirão outras 13,4 mil vagas. Os três segmentos devem responder juntos por cerca de 82% das vagas oferecidas pelo varejo neste fim de ano.
Todas as Unidades da Federação devem criar menos oportunidades de empregos temporários no comércio varejista do que no ano passado. Os Estados que mais abrirão vagas neste Natal serão São Paulo (17,90 mil), Minas Gerais (8,33 mil), Rio de Janeiro (6,92 mil) e Rio Grande do Sul (6,02 mil), responsáveis juntos por mais da metade (55%) das oportunidades de emprego.
O salário médio de admissão deve alcançar R$ 1.319, 4,6% a mais que o da mesma época do ano anterior, em termos nominais, ou seja, sem descontar a inflação do período. O maior salário de admissão deve ser pago pelas lojas especializadas na venda de produtos de informática e comunicação (R$ 1.618), seguidas pelo ramo de artigos farmacêuticos, perfumarias e cosméticos (R$ 1.602).
Em nota oficial, o economista Fabio Bentes, da CNC, diz que nove em cada dez vagas criadas ficarão concentradas em cinco ocupações: vendedores (34.659), operadores de caixa (12.149), atendentes (8.276), repositores de mercadorias (6.979) e embaladores de produtos (2.954). O avanço significativo do varejo eletrônico deverá, no entanto, reduzir a quantidade de vagas voltadas para o consumo presencial, em especial o número de vendedores ante 2019 (-25%).
Nessas ocupações, os maiores salários médios deverão ser pagos aos contratados para os cargos de operadores de caixa (R$ 2.272,78) e repositores de mercadorias (R$ 1.576,24). O economista prevê ainda que a taxa de efetivação dos trabalhadores temporários após o Natal seja a menor dos últimos quatro anos, em função da “ainda elevada incerteza quanto à capacidade da economia e do consumo em sustentar o ritmo de recuperação nos próximos meses”.