Desde o início das obras de revitalização e de construção do corredor de ônibus nos dois sentidos da centenária avenida Nove de Julho, que cruza vários bairros em Ribeirão Preto – Jardim Sumaré, Higienópolis, Jardim América –, em 20 de junho, a Construtora Metropolitana já foi notificada cinco vezes pela prefeitura de Ribeirão Preto.
As notificações foram confirmadas ao Tribuna nesta terça-feira, 17 de outubro, pela Secretaria Municipal de Obras Públicas. O principal motivo é o atraso no cronograma, mas também envolve segurança no canteiro de obras. No dia 16 de agosto, dois operários foram soterrados enquanto trabalhavam na instalação da rede esgoto, na esquina da avenida Nove de Julho com a rua São José.
A instalação faz parte das obras de restauro da avenida. Um dos operários, Pedro Joaquim de Oliveira, de 59 anos, morreu. A Polícia Civil investiga o acidente. O Comitê de Acompanhamento das obras já havia constatado e a prefeitura admitiu que o primeiro trecho da intervenção, entre as ruas Comandante Marcondes Salgado e Garibaldi, que deveria ter sido concluída no dia 22 de setembro, só ficará pronto em 6 de novembro.
45 dias – A prefeitura de Ribeirão Preto informou que o primeiro trecho será concluído em 45 dias, mas nega que este atraso comprometerá todo o cronograma. O comitê é uma iniciativa do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto e Região (Sincovarp) e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL RP).
Conta com o apoio do Sindicato dos Empregados do Comércio (Sincomerciários), Sindicato de Hotéis, Bares Restaurantes e Similares, Casa do Contabilista, Núcleo Postos Ribeirão Preto, Comissão de Mobilidade Urbana da Câmara de Ribeirão Preto e ShoppingSantaÚrsula.
As obras na via começaram no último dia 20 de junho, a revitalização da avenida foi dividida em cinco trechos de dois quarteirões cada para causar a menor interferência possível ao trânsito e à vida dos moradores e comerciantes do entorno. Cada trecho tem previsão média de cerca de três meses para terminar.
Prazo – No site da Secretaria Municipal de Obras Públicas, a Construtora Metropolitana, do Rio de Janeiro, que venceu a concorrência pública número 017/2022 ao apresentar o menor valor (R$ 31.132.101,77) com prazo para execução de doze meses, em junho de 2024, informa que a primeira etapa estava programada para ser finalizada no dia 22 de setembro.
O temor é que as obras avancem até o final do ano, impactando também a Black Friday e o Natal. A prefeitura de Ribeirão Preto afirma ainda que a Construtora Metropolitana se comprometeu a contratar mais funcionários para agilizar o ritmo dos trabalhos.
A mais recente notificação foi feita na semana passada, quando foi constatado que apenas doze dos 25 operários exigidos no contrato estavam trabalhando contra os 25 exigidos. O número reduzido também foi contabilizado por comerciantes e reafirmado, na noite de segunda-feira (16), ao secretário de Obras Públicas, Pedro Luiz Pegoraro, durante a participação dele no programa Mentoria em Foco da TV Thathi.
As notificações ainda não resultaram em aplicação de multas por descumprimento de cláusulas contratuais. Segundo a Secretaria de Obras Públicas, neste momento está sendo exigida maior eficiência na execução do restauro da avenida. A fiscalização é feita diariamente no canteiro de obras por engenheiro daquela secretaria.
Toda obra pública executada pelo município tem um engenheiro da prefeitura de Ribeirão Preto nomeado para fazer a fiscalização e verificar se tudo está sendo feito conforme o estabelecido no contrato. Ele também faz a medição do serviço executado pela empresa para que o pagamento pelo serviço executado seja feito.
De acordo com o governo municipal, o atraso no primeiro trecho ocorreu porque o local é o ponto mais baixo da avenida e, por isso, estes dois quarteirões encabeçam a construção do sistema de drenagem que está sendo construído, começando na Nove de Julho e descendo por dois pontos distintos (pelas ruas Marcondes Salgado e São José), até o córrego Retiro Saudoso, na Doutor Francisco Junqueira.
Todas as obras na avenida Nove de Julho são feitas de dois em dois quarteirões para não provocar grandes interdições no trânsito e no comércio local e deverão estar concluídas somente em junho do próximo ano. São 25 operários por equipe. Serão três etapas.
A avenida Nove de Julho – incluindo seus paralelepípedos, as pedras portuguesas do canteiro central e as sibipirunas plantadas em 1949 – é tombada desde 2008 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac), sendo a extensão do trecho preservado com início na rua Amador Bueno, seguindo até o cruzamento com a avenida Independência.