O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ratificou ainda mais, na última semana, a extrema importância da construção civil para a economia brasileira. De acordo com dados divulgados pela instituição na sexta-feira (4), o Produto Interno Bruto (PIB) do setor cresceu 9,7% em 2021, após registrar uma queda de 6,3% no anterior.
Este é o melhor desempenho da construção desde 2010, quando o incremento das atividades foi de 13,1%.
Vale ressaltar que no mesmo período o PIB do Brasil, ou seja, toda a riqueza produzida pelo país, cresceu 4,6%.
Isso significa que a construção civil cresceu mais do que o dobro do total da produção nacional, impulsionando a economia brasileira à retomada.
Em Ribeirão Preto essa situação também se reflete. A construção civil é o maior gerador de empregos e divisas da cidade.
É preciso, porém, ter os pés no chão. Embora a construção tenha se recuperado em 2021, em grande parte reflexo do crescimento na venda de imóveis em 2020, a alta dos juros devido ao aumento da Selic ainda freia investimentos no início deste ano, o que deve resultar em desaceleração e menor poder de compra dos brasileiros.
O resultado é uma expectativa de avanço bem mais baixo em 2022: cerca de 2% – percentual quase quatro vezes inferior ao registrado no ano passado.
Como o setor gera bens para entrega futura, o crescimento apresentado na última semana foi resultado de boas vendas feitas um ano antes, em 2020. Naquele ano as vendas de imóveis cresceram 26,1%, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e a Fundação Instituto de Pesquisas (Fipe), além do grande incremento na venda de materiais impulsionada pelas reformas e adaptações ao home office.
José Carlos Martins, presidente da CBIC, afirma que essa desaceleração já pôde ser sentida nos primeiros meses do ano, entre outros motivos, com a queda no uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em 2021.
De acordo com a entidade, 60,4 mil imóveis foram financiados em janeiro de 2022 nas modalidades de aquisição e construção, resultado 6,7% menor do que o registrado em dezembro do ano passado.
Mas há quem defenda o contrário. Para o presidente da CAIXA, Pedro Guimarães, as previsões ainda são imprecisas. Em entrevista ao Valor Econômico, o executivo afirmou que a carteira imobiliária da Caixa deve crescer entre 10% e 15% este ano, após a expansão de 9,2% em 2021.
Segundo ele, o setor imobiliário e de construção civil ajudou o PIB em 2021 e deve impulsionar a economia brasileira novamente neste ano.