Cerca de 60 mil toneladas de resíduos da construção civil (RCC) são reciclados em Ribeirão Preto por ano. Esse número corresponde a apenas 20% do que é produzido, ou seja, 240 mil toneladas são destinados em locais inadequados. A estimativa é de especialistas da Reciclax, empresa que realiza trabalhos de destinação adequada para esses resíduos, na região de Ribeirão Preto.
De acordo com o gerente operacional da Reciclax, Daniel Maciel, durante o ‘boom’ da construção civil, esse número foi muito maior. Atualmente a usina recebe em torno de 60 caçambas por dia de resíduos da construção civil. Entre 2010 a 2012 eram 400 caçambas por dia.
“Hoje a empresa ainda tem passivo dessa época. Atualmente processamos os resíduos que recebemos e o que temos estocado. A Cetesb acompanha esse trabalho e env02iamos laudos e relatórios com frequência”, diz Maciel. “Mas a tendência e a expectativa é que o setor volte a ficar aquecido”, estima.
O RCC de uma obra pode ser dividido em 50% de alvenaria, concreto, argamassas e cerâmicos; 30% madeira; 10% gesso; 7% a papel, plástico e metais; e 3% são constituídos de resíduos perigosos e outros resíduos não recicláveis.
Tudo é separado na usina de reciclagem. “A madeira é utilizada em caldeiras para produção de energia; as pedras são trituradas e reutilizadas em base de asfalto, estradas rurais, aterros de terrenos; papelão e plástico mole para outras usinas de reciclagem e o gesso na fertilização de solo”, explica Maciel.
O encarregado da unidade, Kléber da Silva Rodrigues, explica que o resíduo que não é levado para as usinas têm destinação inadequada. “Em muitos casos são jogados em terrenos baldios ou aterros inertes, podem provocar danos ambientais”, diz. Outro problema é o de conscientização da população. Rodriguez diz que toda a caçamba que entra na usina é pré analisada. Em muitos casos, as caçambas são contaminadas com lixos que deveriam ser destinados em aterros sanitários. “Na maioria das vezes as pessoas olham uma caçamba, não sabem diferenciar que é da construção civil e jogam lixo comum. É uma destinação inadequada que dificulta e encarece o processo de reciclagem”, explica.
A falta de fiscalização da destinação do RCC é outro problema. “Não há uma fiscalização adequada para isso. Há um grande desrespeito”, diz Maciel. “As grandes empresas têm esse trabalho consciente, mas os pequenos construtores querem se livrar do resíduo, se livrar de um problema e nem sabem para onde é destinado”, finaliza.