Levantamento feio pelo Consórcio PróUrbano – grupo concessionário do transporte coletivo urbano da cidade, formado por Rápido D’Oeste (50%) e Transcorp (50%) – revela que, entre janeiro e agosto deste ano, foram registrados 70 casos de pessoas – a maioria adolescentes – pegando rabeia nos ônibus de Ribeirão Preto, média de quase dez por mês, um a cada três dias.
Na maioria dos casos foram registrados boletins de ocorrência (BOs).Os bairros com mais infrações são o Jardim Cristo Redentor, Jardim Paiva, Jardim Paulo Gomes Romeo, Jardim Wilson Toni e Parque Ribeirão Preto, todos na Zona Oeste da cidade. Na região Norte, são citados o Jardim Presidente Dutra, Antônio Marincek, Geraldo Correia de Carvalho, Jardim Heitor Rigon, Parque dos Pinus e Ipiranga.
Os dois casos mais recentes foram registrados na semana passada, no Cristo Redentor. Os adolescentes danificaram placas traseiras e lanternas de dois ônibus zero quilômetro que fazem parte da nova frota do transporte coletivo. Doze veículos já estão em circulação e a Zona Norte da cidade foi a primeira a receber os novos coletivos.
Adquiridos por R$ 800 mil cada, têm sistema de ar-condicionado, suspensão a ar, wi-fi, acessibilidade para pessoas com deficiência, além de carregadores USB para eletrônicos nas poltronas. Os jovens costumam quebrar placas e lanternas para prender “ganchos”. Para tentar acabar com essa prática, considerada crime, o PróUrbano solicitou medidas ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) e à Polícia Militar (PM).
O consórcio informa que o problema é uma questão de segurança pública e não compete ao serviço de transporte coletivo resolvê-lo. Como os novos ônibus possuem sistema de câmera, as imagens serão fornecidas para que as autoridades possam identificar os infratores.
Quem for flagrado pegando rabeira pode ser indiciado por crime de periclitação. Se for menor de idade, será elaborado auto de infração. Se for maior, será conduzido para a delegacia. A pena por dificultar ou impedir o bom andamento do transporte público varia de um a dois anos. Em caso de acidentes mais graves, chega a quatro anos de reclusão. Por meio de nota, a RP Mobi, empresa municipal que gerencia o setor, lamenta e repudia qualquer ato de violência ou vandalismo ao patrimônio púbico.
“A empresa orienta que quando o usuário ou motorista da rede de transporte coletivo urbano suspeitar ou presenciar qualquer situação de rabeira, denuncie à Polícia Militar pelo telefone 190, ou pela Guarda Civil Metropolitana (153), para tomar as providências cabíveis”, diz o texto. Afirma também que, junto com o Consórcio PróUrbano, solicitou ao MP, à PM e a GCM o apoio necessário para evitar futuras ocorrências.
Morte – Em 18 de outubro de 2018, o adolescente Ronald Gabriel da Silva, de 12 anos, morreu ao ser atropelado enquanto pegava rabeira em um ônibus do transporte coletivo, na rua Vereador Antônio Nogueira de Oliveira, no Parque Ribeirão Preto. Ele foi atingido quando o veículo fez a curva para acessar a rua Comandante Armando Marim. A iluminação precária no local teria dificultado a visão do motorista. Também chovia na região do Parque Ribeirão Preto.