A China concluiu com sucesso, o lançamento do último satélite do programa BeiDou. A operação marca os passos finais de uma longa jornada do país asiático para instituir o BDS, seu próprio sistema navegação por satélite, e afirmar a independência de tecnologias de terceiros, em especial do GPS, que é administrado pelos Estados Unidos.
Com 35 espaçonaves em órbita, o BDS agora apresenta a configuração prevista para garantir a cobertura global do serviço. Para consolidar essa infraestrutura, o programa percorreu três etapas de execução ao longo de 20 anos.
A China inaugurou a primeira versão experimental do sistema entre os anos 2000 e 2003. Com apenas três satélites, o BDS oferecia cobertura limitada ao território chinês e países vizinhos.
A segunda fase do programa foi iniciada em 2007, com o lançamento do primeiro satélite BeiDou-2, também conhecido como Compass-1. Em 2011, o sistema já contava com 10 equipamentos e passou a operar uma versão aprimorada do serviço de posicionamento. A partir de 2015, o país iniciou um cronograma de lançamentos de 22 satélites de terceira geração, que incluí o lançamento desta terça-feira. Estima-se que o programa consumiu cerca de US$ 10 bilhões (R$ 54,8 bilhões em conversão direta).
De acordo com a BBC News, autoridades chinesas afirmam que mais de 200 países já pediram acesso à tecnologia BDS. O programa promete entregar uma cobertura global mais precisa que seus competidores, incluindo os sistemas Galileo, da União Europeia e GLONASS, da Rússia.
A expectativa é que o BDS seja capaz de oferecer uma precisão de localização de 10 centímetros. O GPS garante, atualmente, uma precisão de 30 centímetros. O sistema ainda deve oferecer serviços de telecomunicações.
Lançamento do último satélite BeiDou contou com um foguete Long March 3B. Imagem: Reuters
A tecnologia deve impactar atividades militares e setores da sociedade civil. O site oficial do BeiDou destaca que atualmente o sistema já é empregado nos âmbitos da agricultura, pesca, segurança pública, prevenção de desastres naturais e apoio a redes de assistência social.
Para especialista ouvidos pela BBC News, no entanto, um dos principais benefícios do sistema para a China é a expansão de sua influência e a segurança econômica.
“A principal vantagem de ter seu próprio sistema é a segurança de acesso, no sentido de que não depende de outro país. Os Estados Unidos poderiam negar acesso a usuários de algumas regiões em tempos de conflito, por exemplo.”, disse Alexandra Stickings, do Instituto Real de Serviços Unidos para Estudos de Defesa e Segurança, à BBC News.
Em entrevista à veículos de imprensa estatal, o chefe de design do BDS, Yang Changfeng, garantiu que a plataforma será compatível com os concorrentes para garantir a liberdade do usuário de escolher o melhor serviço. Ele também destacou que o BeiDou eleva a China para o patamar de uma “verdadeira potência” espacial.
Já para Brian Weeden, diretor da Secure World Foundation, um think tank com sede nos Estados Unidos, o avanço tecnológico do BDS, o BeiDou ainda tem muito o que provar.
“Desenvolver e operar um sistema global de navegação por satélite é muito difícil”, afirmou em entrevista à BBC.
Fonte: BBC