Tribuna Ribeirão
Economia

Conab prevê alta na safra de grãos

© CNA/Wenderson Araujo/Trilux

Apesar das adversidades climáticas decorrentes do fenô­meno La Niña, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que produ­ção brasileira de grãos na sa­fra 2021/2022 será 5% maior que a do período anterior (2020/2021). Divulgado nesta quinta-feira, 10 de fevereiro, o quinto levantamento relati­vo à atual safra projeta que os produtores devem colher cerca de 268,2 milhões de toneladas de grãos – cerca de 12,79 mi­lhões de toneladas a mais que as 255,41 milhões de toneladas da temporada passada.

Ainda melhor que o resulta­do da temporada 2020/2021, o total esperado representa uma redução das expectativas em comparação ao boletim divulga­do em janeiro, no qual a compa­nhia estatal estimava que a pro­dução nacional de grãos poderia atingir 284,4 milhões de tonela­das. Volume que, se alcançado, representaria um incremento de 12,5% em comparação ao do período anterior.

O presidente da Conab, Gui­lherme Ribeiro, diz que o de­sempenho da atual safra sofre impacto da forte estiagem. Se­gundo ele, a seca afetou os es­tados da Região Sul do país e o centro-sul de Mato Grosso do Sul, o que “justifica as perdas ex­pressivas nas produtividades es­timadas, sobretudo nas lavouras de soja e milho”, explica o presi­dente da companhia.

“Mesmo com índices plu­viométricos mais regulares em comparação ao registrado em dezembro do ano passado, a chuva registrada em janeiro na região Sul não foi suficiente para atingir a média em toda a região”, pondera Guilherme Ribeiro.

Com 16,8% das lavouras já colhidas, a soja deverá registrar uma produção de 125,47 mi­lhões de toneladas, uma queda de cerca de 9% quando com­parada com a safra passada. O plantio da oleaginosa ocorreu dentro da janela ideal na maio­ria das regiões produtoras, o que gerou expectativas positivas.

Porém, a partir de novem­bro, o cenário mudou devido às condições climáticas adversas ocorridas, principalmente por causa do fenômeno La Niña, que interferiu fortemente nas precipitações registradas. Prati­camente toda a Região Sul e par­te do Mato Grosso do Sul sofre­ram restrição hídrica severa em novembro e dezembro, além de altas temperaturas.

Já para o milho, apesar do clima adverso para a primeira safra, a Conab espera uma recu­peração na produção. Segundo a estimativa da estatal, deverão ser colhidos 112,34 milhões de to­neladas, um incremento de 29% em relação a 2020/21.

A primeira safra do grão deve permanecer em 24 milhões de toneladas, volume muito pró­ximo ao colhido na temporada passada. Já para a segunda safra é esperado um aumento de 47% na colheita, podendo chegar a 86 milhões de toneladas.

A produção de feijão deve se manter em torno de três mi­lhões de toneladas.

A primeira safra deve apre­sentar uma queda na colheita de 4,2%, podendo chegar a 935,5 mil toneladas. O resultado refle­te a redução tanto de área culti­vada quanto de produtividade. Mas, a expectativa é que as pró­ximas duas safras da leguminosa apresentem recuperação.

No caso do arroz, a Conab estima uma queda de produ­ção em torno de 10%, e a co­lheita prevista está em 10,57 milhões de toneladas. De acordo com o levantamento, a questão climática no Brasil é apontada como um dos fatores determinantes para as expecta­tivas da safra 2021/22.

Outra importante cultura, o algodão já está semeado em cerca de 79,6% da área destina­da ao cultivo do grão. A expec­tativa é que a produção cresça próximo a 15%, chegando a 6,6 milhões de toneladas. Apenas a pluma da fibra deve registrar uma produção de 2,71 milhões de toneladas.

Em relação aos preços dos produtos nas principais praças observou-se, no mês de janeiro em comparação com dezem­bro, certa estabilidade nas co­tações de arroz no Rio Grande do Sul, com ligeira queda de 0,1%. Preços estáveis também para o trigo no Paraná.

Em contrapartida, o feijão preto no estado paranaense e o feijão cores em São Paulo registraram alta de 20% nas cotações. No Mato Grosso, alta para milho, soja e algodão em 10,5%, 7,6% e 6,7% respectiva­mente. A oleaginosa também apresentou preços mais eleva­dos em 5,5% no PR.

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