Tribuna Ribeirão
Economia

Compras online – Governo mantém isenção até US$ 50

LULA MARQUES/AG.BR.

O governo federal voltou atrás e decidiu manter a isenção de tributação para encomendas do exterior sem fins comerciais entre pessoas físicas até US$ 50. Segundo o ministro da Fa­zenda, Fernando Haddad, na segunda-feira, 17 de abril, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pediu que se tentasse resolver primei­ro o problema de sonegação com medidas administrativas, aumentando o poder de fiscali­zação da Receita Federal.

“O governo vai manter isen­ção para pessoas físicas. Na verdade, estão usando brecha para burlar a lei. A Receita Fe­deral queria fechar essa brecha. O presidente falou para atuar administrativamente primeiro para não prejudicar quem de boa fé está usando essa regra”, disse Haddad nesta terça-feira (18), em conversa rápida com jornalistas na saída do Ministé­rio da Fazenda.

“Estava gerando confusão de que isso poderia prejudicar pessoas de boa fé que recebem encomendas do exterior até esse patamar e o que está sen­do usado para burlar essa regra, que é o que uma empresa par­ticular está fazendo nesse mo­mento”, completou, sem citar nomes. Haddad afirmou que está estudando como outros países lidam com o tema para adotar novas medidas no Brasil.

Sobre a expectativa de arreca­dação de R$ 8 bilhões com o fim da isenção, Haddad disse que vai depender dessas novas medidas, mas admitiu que vai ficar mais difícil. “Vai ficar mais difícil, mas vamos verificar uma forma de fiscalização administrativa mais eficaz.” Segundo o ministro, Ali Express e a Shopee disseram que concordam com as medidas do governo porque consideram que é prática desleal e não querem se confundir com quem está come­tendo crime tributário.

Já a Shein não entrou em contato, segundo Fernando Ha­ddad. Em carta endereçada a Haddad, o cofundador e diretor global de Operações do Gru­po Sea, controlador da Shopee, Gang Ye, declarou apoio à pro­posta do Ministério da Fazenda de acabar com a isenção de im­postos sobre encomendas inter­nacionais de até US$ 50 entre pessoas físicas.

Gang Ye afirmou na carta que 85% das vendas interme­diadas atualmente pela Shopee são entre vendedores brasilei­ros e consumidores brasileiros. Os outros 15% são importados e, segundo ele, pretendem re­duzir e substituir por ofertas locais competitivas. O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, negou que houve um recuo do governo federal em relação à taxação de importados.

De acordo com ele, a medida anunciada nesta terça-feira não é um recuo, mas “um ajuste”. “Não é um recuo, é um ajuste buscan­do o mesmo resultado com me­didas administrativas sem que haja qualquer reflexo a pessoa física”, disse. Pimenta ressaltou a necessidade de maior fiscali­zação para evitar a sonegação. “A posição do presidente é que a Receita busque mecanismos e medidas administrativas, de fis­calização e ações a qualquer ten­tativa de sonegação”, afirmou.

Na segunda-feira, o secretá­rio da Receita Federal, Robin­son Barreirinhas, havia dito que o governo não pretendia rever­ter, parcialmente ou totalmente, o cerco a empresas estrangeiras que usam brechas para vende­rem produtos sem pagarem im­posto. Ele disse que a alíquota de 60% passaria a incidir sobre o envio de mercadorias de até US$ 50 em todas as circuns­tâncias, inclusive nas remessas entre pessoas físicas.

Reações
Apesar da reação negativa de consumidores nas redes sociais, o secretário da Receita disse ter recebido elogios de empresas de comércio eletrônico nacionais. “Muitas das empresas já vieram a público apoiar a medida”, de­clarou o secretário. Atualmente, varejistas brasileiras e estrangei­ras com filiais no país reclamam de concorrência desleal de sites asiáticos que enviam mercado­rias com remetente de pessoa física e fracionam encomendas para serem isentas.

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