O Serviço Social do Comércio (Sesc) deverá adquirir o imóvel que serve de sede da Sociedade Recreativa e de Esportes de Ribeirão Preto, a popular Recra Cidade, localizado na avenida Nove de Julho nº 299, entre as ruas Visconde de Inhaúma e Bernardino de Campos, no Centro.
O Tribuna apurou junto a um conselheiro do Sesc que a compra foi aprovada em reunião – da qual ele participou – do Conselho Estadual do Serviço Social do Comércio, realizada na noite de terça-feira, 25 de junho. O colegiado é formado por 48 integrantes, sendo 24 titulares e 24 suplentes.
O conselheiro estadual do Sesc pela região e presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp), Paulo Cesar Garcia Lopes, também confirmou ao Tribuna a aprovação da compra pelo Conselho Estadual. Ele, inclusive, encaminhou voto favorável pela aquisição do imóvel da Sociedade Recreativa e de Esportes.
A próxima etapa será a colocação em votação do processo pelo Conselho Nacional do Sesc. Segundo Lopes, a aquisição é importante para a cidade e para a região da avenida Nove de Julho e fundamental no processo e revitalização esta área do centro que faz divisa com o Jardim Sumaré.
“Esclarecemos, ainda, que a aprovação do Conselho de Administração do Sesc SP foi uma primeira etapa. Ainda restam a aprovação pelo Sesc Nacional e a homologação pela justiça, para que esse importante movimento seja 100% concretizado”, diz.
“O primeiro passo foi dado e tudo está caminhando muito bem. Será uma imensa conquista e uma oportunidade ‘única’ para Ribeirão Preto, para a região da avenida Nove de Julho, que tanto vem sofrendo com as obras de mobilidade, para comerciantes e comerciários, e para toda a nossa população”, destaca Paulo César Garcia Lopes, em nota.
A situação dos sócios da Sociedade Recreativa e de Esportes não foi tema da reunião e este assunto será discutido posteriormente com a o próprio clube caso o negócio seja concretizado. O Sesc despertou interesse no imóvel no final do ano passado, quando a sede da Recra Cidade o imóvel foi colocado em leilão pela 9ª Vara da Justiça Federal.
O objetivo era quitar cerca de R$ 4 milhões em dívidas fiscais. O prédio está avaliado em R$ 30 milhões. Na ocasião, a aquisição não foi adiante porque um grupo empresarial da cidade também teria demonstrado interesse em adquirir o local, o que acabou não acontecendo. No dia 17 de abril, o colunista do Tribuna, Amir Calil Dib, publicou com exclusividade na coluna “No radar do Amir” o início das negociações.
No começo do ano, o Sesc iniciou um estudo de viabilidade para adquirir a sede da Recra. Em comunicado distribuído no dia 18 de abril, e assinado pela diretora regional em exercício, Carla Bertucci Barbieri, a entidade informou que estava realizando um estudo sobre o imóvel.
Disse que a partir desse estudo poderia ser avaliada a possibilidade de sua aquisição. “Por ser um recente estudo, neste momento, não faz parte do plano de expansão do Sesc São Paulo, divulgado em maio de 2023”, dizia o texto do Sesc.
Segundo o conselheiro ouvido pela reportagem, a compra será feita com a intermediação da Justiça Federal. O valor, algo em torno de R$ 25 milhões, deverá ser depositado em juízo após todos os trâmites legais. A reportagem também entrou em contato com a Diretoria Estadual do Sesc em São Paulo.
Por meio de nota, informou que o Sesc está avaliando a possibilidade de aquisição do imóvel. “Caso tenhamos novidades sobre o plano de expansão da instituição, informaremos à imprensa”, diz o texto. Com cerca de 17 mil metros quadrados, o imóvel da Recra Cidade é equivalente a doze campos de futebol.
Possui quadras de vôlei, de basquete e de tênis, pista de atletismo, além de uma piscina semiolímpica e um salão de bailes. Entre as décadas de 1970 e 1990, o clube era palco de bailes e shows que movimentavam a sociedade ribeirão-pretana.
No esporte na década de 1980, a Recreativa revelou para o país a levantadora Fernanda Venturini no vôlei com uma equipe que chegou ao título brasileiro no ano de 1993. Foi das piscinas do clube que saiu o primeiro atleta de Ribeirão Preto que disputou uma olimpíada: Otávio Mobiglia foi destaque brasileiro nos Jogos Olímpicos de Helsinque (Finlândia), em 1952, e Melbourne (Austrália), em 1956.
Foto Alfredo Risk