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Como se perde dinheiro

Vocês já andaram por Ribeirão Preto à noite, ultima­mente? Se não o fizeram, façam. Em especial, passem pela histórica praça pública central da cidade, a XV de Novem­bro: ostentou o coreto, das saudosas bandinhas, das valsas, serestas e “da retreta, espartilho, bengala e palheta”, sem o bondinho de cem réis, nem varandas e coronéis, lembran­do os bailes da saudade.

Foi também o ponto do “footing” (hoje, “rolezinho”) das paqueras ao redor da fonte luminosa, meio na penum­bra – tudo que a futilidade dos mais jovens permitiu até quase a recente virada do século. Sei de quem, ali, arranjou namorico que virou família, eram “amizades” descompro­missadas das noites de domingo, sem o “fantástico”, palco que já não existe mais. A praça passou por reformas e se ajustou aos novos tempos: ninguém a visita dia algum, muito menos à noite – por razões óbvias…

Como rodeá-la também não é possível porque a rua General Osório se transformou em calçadão, sem tráfego de veículos, basta circundar (só mentalmente) ao passar pela Duque de Caxias e verá que a XV de Novembro agora é a ex-praça dos namorados. Nem os passarinhos per­noitam em suas árvores centenárias. Está completamente abandonada, até pelo policiamento. E isso se deve também ao tanto de iluminação com lâmpadas de led (modernas com luz forte), que produzem o “clarão do meio dia”.

Sua última reforma exagerou na iluminação aérea (grande quantidade de postes) e até pelo solo, sem falar na fonte (ainda funciona?) que era de agradável visual colorido, tinha até som musical. Esse excesso de ilumina­ção atinge a Praça Carlos Gomes (contigua, que foi a do cassino (1919, cabaré das francesas, com “striptease”) do empresário François Cassoulete, depois, do extinto ponto dos ônibus urbanos). Como conservação de um logradou­ro municipal nada a opor, mas o momento é outro.

Não dá pra desconhecer que escasseou a água, instalan­do uma induvidosa crise do hídrico (relativo a água), pela falta das chuvas necessárias e o comprometimento dos ma­nanciais (mina de água, olho-d’água, nascente, fonte que jorra, mana incessantemente) pelo território brasileiro. É hora de economizar.

A economia que se cobra da população deve ser ado­tada por todos, pelos administradores públicos igualmen­te. Até porque o consumo exagerado (e desnecessário) de energia é pago por todos nós, em prejuízo de outros setores (saúde, educação, limpeza da cidade, segurança do patrimônio municipal, conservação dos bens públicos, remuneração dos servidores e outros). É uma questão pe­dagógica, como exigir sem dar exemplo?

Estamos próximos de um racionamento (talvez neste final de ano), porque o valor que pagamos já está acima do suportável. Não se descarta um indesejável apagão.

Na cidade não se fala num plano de revisão do consu­mo por parte do Município, como reduzir a iluminação durante a madrugada e outras medidas pontuais. O plano já passou da hora. Trata-se de postura de cidadania, exigível aos administradores públicos que assessoram, independentemente de um ato isolado do prefeito (ou este é concentrador, não dá liberdade pra agirem? Não acredito). Acorde, gente!

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