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Como o Governo Municipal trata a educação

Vivemos uma dicotomia na educação básica brasileira. De um lado temos as melhores leis do mundo, do outro o eterno costume vezo, que só existe nas terras brasilis – em que há leis que pegam e as que não pegam, e na educação básica a maioria das leis não pegam. Isso caracteriza um crime de lesa pátria. E em Ribeirão Preto esse costume vem causando pre­juízos incalculáveis para os alunos e as comunidades escola­res, mas para a Secretaria de Educação e o Executivo são fatos de menor importância, pois sempre foi assim.

Como sempre agiram na penumbra, e nunca houve contes­tação, o costume se enraizou e criou uma estrutura solida de descumprimento das leis vigentes. As indevidas alterações feitas no Plano Municipal de Educação tinham como objetivo princi­pal evitar o debate no Legislativo, e aprová-lo a toque de caixa, pois o coronel controlava a seu bel prazer à educação municipal, e não adiantava espernear, mas as coisas começaram a mudar, e os tempos de vaquinhas de presépios terminaram.

Desde o final de 2015 que a Secretaria de Educação, com ordens expressas do Executivo, vem adulterando e desmon­tando o Plano Municipal construído por diversas entidades, inclusive a própria secretaria, que passou por cinco audiên­cias, e teve seu texto final aprovado pelo Conselho Municipal de Educação. As tentativas de fraudes encontraram uma resis­tência aguerrida em defesa da qualidade da educação muni­cipal. Mas os destruidores de sonhos não dormiram de touca, e depois de muitas idas e vindas tomaram coragem, e anco­rados nos velhos usos e costumes apresentaram o Plano coxo para ser discutido em audiências públicas, que na realidade funcionam como um simples comunicado ao público.

Tiveram o descaramento de se ancorar na Lei 13.005, que disciplina o Plano Nacional de Educação para convalidar as suas ilegalidades, mas essas ilegalidades não encontram gua­rida em nenhum artigo, parágrafo ou inciso da referida Lei, ai deu no que deu. Tentaram, na mão grande, fazer a revisão do plano sem que ele estivesse em vigor, pois o mesmo não passou pelo crivo do Legislativo, e nem pela sanção do Execu­tivo – coisa de politicagem. Mas as entidades envolvidas na construção do Plano Municipal fizeram representações junto ao Ministério Público, que acatou as reivindicações ajuizando a demanda, e o juiz emitiu uma liminar cancelando todo o processo ilegal e desonesto que estava em andamento.

Usam o dom de iludir para jogar para debaixo do tapete os problemas crônicos que ocorrem na educação municipal, onde a prática de sofismas para mascarar situações aviltantes por que passam algumas escolas da rede é coisa natural. A Se­cretaria de Educação divulgou com pompas que iria reformar cerca de sessenta escolas municipais, mas tudo não passou de um balão de ensaio, apenas fizeram uma maquiagem em algumas unidades. A interdição judicial em uma EMEF mos­tra o tamanho do descaso com a rede, mas a situação é ainda mais grave, pois existem duas escoas da educação infantil que vão seguir o mesmo caminho por falta de condições estrutu­rais para receber os alunos.

Os argumentos pífios de que o Plano Municipal era inviável financeiramente caíram no descrédito, pois a falta de planeja­mento é que joga no ralo boa parte do dinheiro da educação. Já passou da hora de termos dirigentes comprometidos com a qualidade da educação básica municipal – as nossas crianças e jovens merecem isso. Não podemos mais admitir que em pleno século 21 continuem brincando e comprometendo o futuro da cidade e do País. Tudo esbarra na educação.

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